Um Olhar
de Fé:
Maio é
considerado o mês de Maria e o mês das mães. É o mês de Nossa Senhora de
Fátima, cujo centenário de sua devoção estamos celebrando. Lucas é o
evangelista que apresenta o mais belo e diversificado perfil de Maria na
Bíblia. Para o evangelista, o discípulo de Jesus é aquele(a) que ouve seu
apelo, segue-o e aprende com ele no caminho (Lc 5,10s; 13,22).
Ser aprendiz de Jesus significa fazer
parte de sua comunidade, peregrinar na fé e participar da causa de Jesus, que é
o Reino de Deus. O seguidor de Jesus é aquele que “ouve a Palavra de Deus num
coração generoso, conserva no coração e frutifica na perseverança” (Lc 8,15:
explicação da parábola da semente e dos tipos de terra). Ora, a grande novidade
de Lucas é apresentar Maria como a imagem viva do discípulo(a) de Jesus.
Para o especialista em Mariologia, o irmão Marista Afonso Murad, podemos resumir as características de Maria em quatro momentos:
Para o especialista em Mariologia, o irmão Marista Afonso Murad, podemos resumir as características de Maria em quatro momentos:
1.
Seguidora de Jesus: Maria realiza as três qualidades básicas do discípulo
fiel. Ela acolhe a palavra de Deus com fé, conserva a palavra no coração e a
medita, confrontando-a com os fatos e frutifica esta palavra viva; sendo uma
pessoa de intensa fé (“feliz de você que acreditou”: Lc 1,40) e a mãe do
messias (“bendito é o fruto do teu ventre” em Lc 1,42).
2. Peregrina na fé: Somente
Lucas relata as palavras de Simeão a Maria: “Quanto a ti, uma espada
transpassará tua alma” (Lc 2,25). Não se trata de uma alusão ao sofrimento de
Maria na hora da cruz, pois nos evangelhos sinóticos Jesus morre sozinho e
Maria não está incluída entre as mulheres que o observam, de longe. A espada
tem um sentido metafórico. Alude a Jesus, que é a palavra-gesto do Pai,
conforme Hb 4,12s: "A Palavra de Deus é viva, eficaz e mais penetrante do que
qualquer espada de dois gumes. Julga as disposições e as intenções do coração.
E não há criatura oculta à sua presença". Maria, como os outros aprendizes
de Jesus, não sabia tudo. Foi fazendo descobertas no correr de seu caminho
espiritual.
3. Sinal da opção de Deus pelos
pobres: Lucas é o evangelista que mais desenvolve a dimensão social
da Boa Nova de Jesus. Coerente com esta orientação, Maria é apresentada por ele
como uma mulher pobre. Jesus nasce num lugar sem recursos e é envolvido em
faixas (Lc 2,12). Como são pobres, os pais de Jesus oferecem pássaros no
templo, em vez do cordeiro (Lc 2,24). O cântico de Maria, chamado “Magnificat”
resume, de forma poética, a proposta de Jesus nas Bem-Aventuranças. Sinaliza,
com clareza, que a Boa Nova de Jesus propõe uma mudança nas atitudes das
pessoas e nas estruturas sociais.
4. Mulher contemplada pelo Espírito
Santo: Em Lucas, Jesus começa a missão recordando a profecia de
Isaías: “O Espírito de Deus está sobre mim” (Lc 4,14). É o Espírito que age em
Jesus e nos seus seguidores, após pentecostes. Maria é apresentada como a
mulher sobre a qual “a sombra do altíssimo” se estende, para possibilitar a
concepção de Jesus. Ela também participa da comunidade que prepara a vinda do
Espírito (At 1,14). Portanto, Maria é “contemplada” duplamente pelo Espírito
Santo: no nascimento de Jesus e no nascimento da comunidade cristã, após a
ressurreição de Jesus.
Essas características marianas inspiram atitudes de vida de cada cristão e da Igreja-comunidade. Sentimo-nos chamados a sermos discípulos fiéis de Jesus, ouvindo, acolhendo, guardando no coração e praticando sua Palavra. Renovamos o nosso “sim”, mesmo no meio das crises, pois sabemos que somos “bem-amados de Deus” (Ef 1,6). Alimentamos, como Maria, um coração agradecido a Deus, que O louva por todo o bem que Ele realiza em nosso meio e através de nós. E nos empenhamos pela solidariedade e pela cidadania planetária, construindo uma sociedade mais próxima do projeto de Deus.
Essas características marianas inspiram atitudes de vida de cada cristão e da Igreja-comunidade. Sentimo-nos chamados a sermos discípulos fiéis de Jesus, ouvindo, acolhendo, guardando no coração e praticando sua Palavra. Renovamos o nosso “sim”, mesmo no meio das crises, pois sabemos que somos “bem-amados de Deus” (Ef 1,6). Alimentamos, como Maria, um coração agradecido a Deus, que O louva por todo o bem que Ele realiza em nosso meio e através de nós. E nos empenhamos pela solidariedade e pela cidadania planetária, construindo uma sociedade mais próxima do projeto de Deus.
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