quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Advento: tempo de esperançar

Um Olhar de Fé:

............A vida é dinâmica e começa sempre de novo. São Gregório de Nissa afirma que “na vida cristã vamos de começo em começo, através de começos sem fim”. Re-começar contínuo, no qual nos colocamos sempre de novo em sintonia com Aquele que plenifica nossa existência, dando sentido e inspiração ao nosso modo de ser e viver.

............Estamos re-começando mais um tempo litúrgico, sempre original e instigante: trata-se do Advento. É tempo de preparação, de recomeço e de continuidade.

............É tempo de olhar para a frente, para o futuro. É tempo de conjugar o verbo esperançar. Para isso, é tempo de vigilância, de estar acordados e sempre alertas.

............Esta vigilância evangélica é diferente de medo. Não temos medo do futuro nem da nova vinda do Senhor Jesus, mas sabemos da responsabilidade que temos, ou seja, viver como filhos e filhas de Deus, no amor, na fé e na esperança.

............Por que essa insistência em viver despertos, atentos e lúcidos, como nos pede o tempo do Advento? Porque, como dizia Antony de Mello, a grande tragédia da vida não é tanto aquilo que sofremos, mas aquilo que perdemos. Perdemos muitas oportunidades porque a dispersão e a distração nos acompanham sempre. E isso é justamente o que pretende a espiritualidade do Advento: despertar.

............De vez em quando, deveríamos ter a coragem de deixar ressoar em nós esta pergunta: “Você vive ou simplesmente sobrevive?”; pois o perigo de viver adormecidos ou de maneira superficial nos espreita continuamente. Aqui podemos recordar um texto de Henry Thoreau que se fez famoso graças ao filme “A sociedade dos poetas mortos”: “Fui aos bosques porque queria viver em plena consciência, queria viver a fundo e extrair toda a essência da vida; eliminar tudo o que não fosse a vida, para que, quando a minha morte chegasse, eu não descobrisse que não tinha vivido”. 

............Advento é tempo de darmo-nos conta de que somos finitos e transitórios. Não temos morada definida nesta terra e nem somos donos de nossa vida. O evangelho – o evangelista da vez – nos conta parábola de um homem que foi viajar e deixar os empregados responsáveis para cuidar de sua casa, dizendo que não saberia quando iria voltar. Assim acontece conosco. Somos apenas “caseiros”, não donos de nossa vida. Sempre devemos cuidar para que tudo esteja em dia.

............Advento não é, em primeiro lugar, preparar o natal de vinte e cinco de dezembro, mas o nosso natal, a nossa vida e o nosso encontro definitivo com o Messias.

............E qual é a melhor maneira de se preparar? Viver bem, com alegria e responsabilidade, com humildade e esperança.

............Que este tempo de advento e natal nos ajude a conjugar o verbo esperançar, para que o nosso viver seja cada vez mais um grande hino à vida, à fé e ao amor. 


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