terça-feira, 26 de junho de 2018

Viva São Pedro e São Paulo!


     A celebração de São Pedro e São Paulo é antiquíssima. Ela ajuda a nos achegarmos à fonte da vida cristã, ou seja, à Palavra de Deus e à Eucaristia que eles viveram intensamente.
            Diferentes no temperamento e na formação religiosa, exercendo atividades diversas e em campos distintos, chegaram várias vezes, a desentender-se. Mas o amor a Cristo, a paixão pelo seu projeto, a força da fidelidade e a coragem do testemunho os uniram na vida e no martírio, acontecido em Roma sob o imperador Nero (54-68 D.C). Pedro foi crucificado e Paulo, decapitado.
            Ao celebrar a Páscoa dos dois grandes apóstolos, a Igreja lembra que em todas as comunidades estão presentes os fundamentos da missão evangelizadora: a vida eclesial, com sua dinâmica de comunhão e participação, e sua ação transformadora no mundo.
            No testemunho de Pedro e Paulo, temos duas dimensões diferentes e complementares da missão, como seguidores de Jesus. Apesar de divergirem em pontos de vista e na visão do mundo, o amor de Cristo e a força do testemunho os uniram na vida e no martírio. Neles, quer na vida, quer no martírio, prolongam-se a vida, paixão, morte e ressurreição de Cristo. Conheceram e experimentaram Jesus de formas diferentes, mas é único e idêntico o testemunho que, corajosos, deram dele.
            Por isso, são figuras típicas da vida cristã, com suas fraquezas e forças. As contínuas prisões de Pedro fazem-no prolongar a paixão de Jesus. Não só aceita um Messias que dá a vida, mas morre por Ele e com Ele. Convertido, Paulo se torna propagador do Evangelho de Cristo, sofrendo como Ele sofreu, encarando a morte como Jesus a encarou.
            A comunidade, alicerçada no testemunho de Pedro e Paulo, nasce do reconhecimento de quem é Jesus. Esse reconhecimento não é fruto de especulação ou de teorias, e sim de vivência do seu projeto que passa pela rejeição, crucifixão, morte e ressurreição.
            Quando o testemunho cristão é pleno, o próprio Jesus age na comunidade, permitindo-lhe “ligar e desligar”. O poder que Jesus tem, as chaves do Reino, é entregue a nós, seus seguidores. A comunidade não é dona, apenas administra esse poder pelo testemunho e pelo serviço em favor da vida. Organiza-se como continuadora do projeto de Deus, a partir da prática do mestre, promove a vida e rejeita tudo o que provoca a morte.
            Jesus de Nazaré é para nós o mártir supremo, a testemunha fiel... Os mártires da caminhada resistiram ao poder da morte e ao aparato repressor: “A memória subversiva de tantos mártires será o alimento forte da nossa espiritualidade, da vitalidade de nossas comunidades, da dinâmica do movimento popular”.
            Animados pelo testemunho de Pedro e Paulo, vamos ao encontro do Senhor que dá razão e sentido à nossa vida. Acolhendo sua Palavra, renovamos nossa adesão a Cristo e ao seu projeto.
(Inspirado no artigo do Pe. Gilberto Kasper)

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