quinta-feira, 14 de março de 2019

A Igreja tem que ter amor aos pobres



            A Doutrina Social da Igreja evidencia a necessidade de uma participação ativa e consciente dos cristãos leigos e leigas na vida da sociedade, sendo esse um de seus princípios permanentes. Para Fernando Altemeyer Junior, chefe do Departamento de Ciência da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). A preocupação social da Igreja nasce do exemplo de Jesus Cristo. “Olhar para os pequenos é a maneira de ser da Igreja”, afirma.
            – Precisamos ir ao coração de Jesus para entender que a preocupação com os irmãos é o coração do Evangelho. Está na oração do Pai Nosso. Tudo nasceu da encarnação de Jesus, ao voltar-se para os mais pobres. Ele mesmo era pobre, mas não miserável. Ele era um carpinteiro, um operário qualificado, mas vivia cercado dos mais simples e mais pobres, zelando pela vida dos camponeses, desempregados, de pessoas doentes. Essa preocupação com o simples, o pobre, o último já nasceu da própria experiência de Jesus. A Igreja, no seu início, tem o exemplo de Paulo e os demais apóstolos, como Pedro e Tiago, que ficaram em Jerusalém. Eles andavam pelo mundo e tinham essa preocupação. É só ver as cartas de Paulo aos Gálatas, a preocupação de Tiago numa das cartas apostólicas que fala mais forte na defesa dos pobres. Essa preocupação social nasceu com a Igreja, é uma espécie de pedra de toque da Igreja. Uma boa Igreja tem que ter grande amor aos pobres. Não é somente uma questão moderna, vem lá dos Profetas, da Igreja primitiva. Olhar para os pequenos é a maneira de ser da Igreja. Essa é a nossa maneira de viver a religião!
            – No passado, a Igreja sempre falou em favor dos pobres. Todo mundo se lembra de São Francisco de Assis. Mas voltando no tempo, lembramos de Gregório de Nissa, São Vicente de Paulo. Sempre veremos alguém pregando um ensino social em nome da Igreja, das Dioceses e Congregações. Em 15 de novembro de 1891, o Papa Leão XIII escreveu a Encíclica Rerum Novarum: sobre a condição dos operários”, que se tornou o primeiro documento da Doutrina Social da Igreja (DSI). Os outros Papas seguiram aprofundando os temas, como Pio XI, São João XXIII e agora o Papa Francisco. Isso construiu uma espécie de corpo do ensino da Igreja, como se fosse uma pequena biblioteca, que trata do pensamento social, o que a Igreja pensa sobre política, economia, agricultura, meio ambiente. Ou seja, grandes temas da sociedade. A Doutrina Social é viva, ela começou lá atrás, em 1891, e vai se aprofundando. Alguns preferem até chamar de Ensino Social da Igreja, mas ficou famosa como Doutrina Social da Igreja. Hoje é uma disciplina em todas as faculdades de Teologia. Todos que estudam Teologia
 aprendem sobre isso.


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