Um
Olhar de Fé:
............“Precisamos de pontes, não de
muros!”, assim se expressou o Papa Francisco no dia nove de novembro, na Oração
do Angelus. Francisco recorda que há 25 anos, em nove de novembro de 1989, caía o Muro de Berlim, que por tanto tempo
separou a cidade em duas partes e foi símbolo da divisão ideológica da Europa e
do mundo. A queda aconteceu de forma improvisa, mas isso só foi possível graças
a um longo, intenso e árduo trabalho de muitos que lutaram, rezaram e sofreram,
alguns até mesmo com o sacrifício da vida. Dentre eles, um papel de
protagonista desempenhou o Santo Papa João Paulo II.
............Mas
ainda existem muitos muros. Quem chega à Terra Santa, para visitar Belém, fica
chocado ao ver um muro quilométrico, maior e mais alto que o de Berlim, que
cerca toda cidade, separando e segregando os palestinos, chamado também de
“muro da vergonha”.
............Na
fronteira do México com os Estados Unidos, mais muros. Na Faixa de Gaza, outros
muros. Muros sempre dividem. Separam. Segregam. Escancaram privilégios e
preconceitos, medos e orgulhos.
............Mas,
os muros caíram de fato nas últimas décadas? Ou, quais muros mais precisam cair
urgentemente?
............Muros de preconceito, discriminação, falta de diálogo,
racismo, homofobia, violência têm sido erguidos à farta em muitos ambientes e
no conjunto da sociedade. Muros cercam cada vez mais casas, jardins, mansões e
condomínios, onde ninguém consegue entrar. São ilhas sem acesso, a não ser para
seus privilegiados moradores ou os trabalhadores a seu serviço.
............Muitos muros têm sido felizmente derrubados nos últimos
tempos. O muro da extrema pobreza, por exemplo. O muro da falta de acesso a
direitos humanos básicos como a educação e o alimento. Está diminuindo o muro
da desigualdade. Os muros da exclusão social histórica são cada vez menores.
Mas é urgente construir pontes hoje, além de derrubar os muros.
............“Muros separam. Pontes unem. Muros discriminam. Pontes
tornam iguais. Muros são barreiras. Pontes são passeios. Muros afastam. Pontes
atraem. Muros não deixam ver o outro lado. Pontes apontam o horizonte. Muros
são pedras duras. Pontes, mesmo que pinguelas, são leves aos passos.
. ...........Muros
entristecem o viver. Pontes são alegres passagens. Muros machucam a cabeça
arremessada contra eles. Pontes visualizam a água que escorre abaixo e o banho
refrescante. Muros impedem o carinho. Pontes são bosques de convívio. Muros
abafam o grito. Pontes estimulam a palavra. Muros são castelos fechados. Pontes
são portas abertas. Muros são morte. Pontes são vida”, escreve meu amigo e
colega dos tempos da teologia na PUCRS, Selvino Heck.
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