Advento
é uma palavra que na cultura antiga tinha o significado de visita solene de um
personagem importante. Para os cristãos lembra a vinda gloriosa do Cristo no
fim dos tempos.
De acordo com as Normas do Ano
Litúrgico, “o tempo do Advento possui dupla característica: sendo um tempo de
preparação para as solenidades de Natal, em que se comemora a primeira vinda do
Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta
lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo
no fim dos tempos. Por este duplo motivo, o Tempo do Advento se apresenta como
um tempo de piedosa e alegre expectativa” (NALC 39).
Segundo a tradição da liturgia, esta
piedosa e alegre expectativa se desenvolve durante quatro semanas. Seu suporte,
como em todos os tempos litúrgicos, são os domingos.
Entre a celebração da primeira vinda
e a expectativa da segunda acontece uma vinda intermediária. Cristo vem até nós
de forma misteriosa, principalmente, através de sua Palavra, dos Sacramentos e
dos irmãos e das irmãs, especialmente daqueles mais empobrecidos e excluídos.
Este dado da fé tem sua explicitação bem clara no II Prefácio do Advento:
“Agora e em todos os tempos, ele vem ao nosso encontro, presente em cada pessoa
humana, para que o acolhamos na fé e o testemunhemos na caridade, enquanto
esperamos a feliz realização do seu Reino”. Mais que a vinda de Cristo, nós
esperamos a chegada de seu Reino. João Batista, tentando preparar o povo judeu
para a vinda do Messias, pregava a proximidade do Reino: “Arrependam-se, porque
o Reino dos Céus está próximo” (Mt 3,2).
As leituras feitas nas celebrações
durante o Advento apresentam Cristo como aquele que prometeu voltar,
orientando-nos para que vigiemos e esperemos a sua volta. A vida cristã, por
isso, se caracteriza pela esperança
e pela vigilância, já que não
sabemos nem o dia nem a hora em que o Senhor vai chegar.
A cor litúrgica é o roxo porque o
Advento é o tempo em que se misturam alegria e renúncia. Enquanto nos alegramos
com a vinda do Senhor, somos chamados à conversão, que exige penitência.
O Advento se divide em duas grandes
partes. A primeira compreende as duas primeiras semanas que acentuam a
expectativa escatológica. Pedimos para que “caminhando entre as coisas que
passam, abracemos as que não passam”; para que “coloquemos nossas esperanças
nos bens eternos” e para que “ nenhuma atividade terrena nos impeça de correr ao encontro do Senhor que vem”. A segunda parte, que compreende as duas
últimas semanas, se volta mais para o
nascimento do Senhor. Começa com um canto de alegria: “Alegrai-vos sempre no
Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto”.
Aproveitemos bem este tempo que a
Igreja, através de sua liturgia, nos coloca à disposição, pois como nos lembra
o grande liturgista Romano Guardini: “O Senhor veio uma vez para todos, mas ele
deve vir sempre de novo para cada um de nós”.
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