É
praticamente unanimidade que a grande revolução, que muda um país, é a
educação. E educação em todos os níveis e setores, em investimentos e
prioridades.
Aprendemos que, mais do que um
simples repasse de conhecimentos, a educação deve ajudar a pessoa a pensar, a
tomar consciência de sua dignidade e responsabilidade. Paulo Freire ensinava
que a educação deve englobar todo ser humano, em todas as suas atividades.
Acima de tudo, educação é conscientização.
Fomos surpreendidos com a declaração
do ministro da educação, corroborada pelo presidente da república, que a
educação é “para ensinar leitura, escrita e a fazer conta, 'e depois um ofício que
gere renda para a pessoa e bem-estar para a família, que melhore a sociedade em
sua volta'”. E sugeriram acabar com os cursos humanísticos, como filosofia e
sociologia.
"As declarações do
ministro e do presidente revelam ignorância sobre os estudos na área, sobre sua
relevância, seus custos, seu público e ainda sobre a natureza da universidade.
Esta ignorância, relevável no público em geral, é inadmissível em pessoas que
ocupam por um tempo determinado funções públicas tão importantes para a
formação escolar e universitária, para a pesquisa acadêmica em geral e para o futuro
de nosso país." (Declaração da
Associação Nacional de Pós-graduação em Filosofia)
Por que se tem medo de filosofia
e sociologia? Por que estas ciências incomodam?
No Google, encontrei que “a filosofia nos
faz sair da escuridão do comodismo e ir encontrar a luz da sabedoria das
soluções. Ela nos faz entender o que é tido como inútil e perceber com clareza
o que é útil. A filosofia serve para entendermos com clareza
os conceitos usados no dia a dia, na ciência, nas artes, na religião, etc.” Em
resumo, a filosofia nos faz pensar, nos faz ter amor e ser amigos da sabedoria.
Também fui “googlar” sobre sociologia: “A Sociologia tem por objeto
a análise dos fenômenos sociais através de seus próprios métodos e teorias.
A Sociologia como ciência, tem a necessidade de um estudo
mais objetivo, em vista disso, existe uma diversificação teórica em
relação ao objeto de seu estudo.”
Ambas
– filosofia e sociologia -, bem como as demais ciências humanas, nos ajudam a
ver o mundo mais humanamente, mais eticamente, com um olhar amoroso, terno,
porém crítico, sobre a realidade, em todas as suas dimensões: religiosa,
econômica, política, ambiental, cultural, etc...
Em 2015 também o Japão anunciou o
término destes cursos. Todas as Universidades do País se levantaram, contrárias
à concretização deste projeto. E o governo teve que voltar atrás, o ministro se
demitiu e a educação integral continuou.
Não podemos ver a educação como
gasto, que gera lucros financeiros e econômicos. Aí entramos num pragmatismo
muito perigoso. A utilidade da educação não se mede em diplomas gerados para
gerar lucros ou para crescimento do PIB.
A
educação se mede pelo crescimento da cidadania, da participação de todos no bem
comum, no crescimento da consciência humana, fraterna e solidária de uma
sociedade.
Nenhuma povo, nenhum país, nenhum
governo deve ter medo do ensino da filosofia e da sociologia.
Povo que pense, é perigo para quem só quer dominar.
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