Em comunidade, juntos na missão, criamos raízes! Este o tema do décimo oitavo encontro diocesano das comunidades eclesiais de base da Diocese de Bagé, que acontece em Santa Margarida do Sul, no dia dezesseis de junho, festa da Santíssima Trindade, a melhor comunidade.
Estamos lembrando e celebrando os quarenta anos do primeiro encontro estadual de comunidades, que aconteceu em São Gabriel, nos dias sete a nove de setembro de 1979, no então Ginásio São Gabriel, dos Irmãos Maristas. São Gabriel tinha sido o berço das primeiras romarias em homenagem aos mártires, em 1978, e a Sepé Tiaraju, nos anos de 1979 e 1980. Que deram origem às romarias da terra no Brasil. O tema deste primeiro encontro foi: “A árvore do sistema: causas e consequências dos problemas”. Não éramos muitos, em torno de cento e setenta pessoas.
Durante o encontro, era como se os representantes das comunidades cuidassem de uma grande árvore. Na árvore tem partes que se enxergam logo que se olha: são os galhos e o tronco. Tem galhos que são podres. Outros são cheios de carunchos. E ainda se enxergam galhos estragados, onde estão brotando pequenos galhinhos novos e verdes. Os galhos estragados só atrapalham a vida do jardineiro. Só dão incomodação e dor de cabeça.
Mas a árvore tem uma parte que não aparece! É preciso cavocar para ver melhor. É a raiz.
Tem várias raízes, umas menores, outras maiores. Mas tem uma raiz que é a principal, a que está no meio e que via bem fundo. Ela que faz com que os galhos ou o tronco sejam do jeito que são. Por isso, se o jardineiro tiver boa ideia, ele deve olhar bem a raiz principal.
Esta árvore é o nosso mundo, com seus sistemas, que produzem tantos frutos podres. Mas podemos também compará-la com nossas comunidades. “É preciso focar na comunidade”, escrevem os bispos na última Assembleia Geral da CNBB, nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019-2023. “Pequenas ou grandes, no campo ou na cidade, a partir de paróquias ou de grupos reconhecidos pela autoridade eclesial”.
Vivemos numa sociedade volátil, Sygmund Bauman falava em sociedade líquida: “É o conjunto de relações e instituições, além de sua lógica de operações, que se impõe e que dá base para a contemporaneidade. É uma época de liquidez, de fluidez, de volatilidade, de incerteza e insegurança. É nesta época em que toda a fixidez e todos os referenciais morais da época anterior, denominada pelo autor como modernidade sólida, são retirados de palco para dar espaço à lógica do agora, do consumo, do gozo e da artificialidade.”
E isso tem reflexo na religiosidade, que acaba também sendo líquida, com muita flexibilidade e portabilidade.
Os antigos diziam que “pedra que muito rola não cria raiz”. Precisamos resgatar o sentido de pertença à comunidade onde estamos inseridos e onde nos abastecemos. Precisamos criar raízes, fortalecer a nossa fé, abraçar a causa de Jesus Cristo.
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