O
que vimos e ouvimos
O mês de setembro se tornou
referência para o estudo e a contemplação da Palavra de Deus, tornando-se em
todo o Brasil, desde 1971, na Igreja Católica, o Mês da Bíblia. Desde o
Concílio Vaticano II, a Bíblia ocupou espaço privilegiado na família, nos
círculos bíblicos, na catequese, nos grupos de reflexão, nas comunidades
eclesiais.
Este ano, 2019, será o 48º em que a
Igreja no Brasil comemora o Mês da Bíblia. Neste sentido, a Comissão Episcopal
Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB), dando continuidade ao ciclo do tema “Para que n’Ele nossos
povos tenham vida” propôs para o Mês da Bíblia o estudo da Primeira Carta de
João, com destaque para o lema “Nós
amamos porque Deus primeiro nos amou” (1Jo 4,19). O verbo amar é uma palavra chave da
Primeira Carta de João. O lema recorda que o amor provém de Deus e chega a
todas as criaturas. O amor é convite que pede uma resposta que é amar. Assim a
resposta ao amor de Deus é o amor aos irmãos.
As primeiras comunidades cristãs, no meio de
muitas perseguições e violências, divisões internas, inclusive, sob a
influência do discípulo amado, tiveram a sabedoria, a coragem e o discernimento
para manterem a unidade e a perseverança na caminhada cultivando a utopia de
serem fieis ao verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo e não se perderem na
caminhada.
“Vivemos um tempo perigoso no Brasil e no mundo. Tempo de
fake news (falsas notícias) fomentando ódio e discriminações. Tempo de poder da
mídia trombeteando aos quatro ventos a ideologia dominante, estamos em tempos
de fundamentalismos, de céus povoados de anjos e entidades, de “demônios” por
todos os lados, de gritaria de deuses – idolatria do capital. Tempo de
promessas, de busca insaciável de bênçãos, de procissões, de peregrinações, de
necessidade de expiação. Tempo de moralismo, de religiões sem Deus, de salvação
sem escatologia, de cristianismo light, de libertações que não vão muito além
da autoestima. Tempo de teologia da prosperidade em igrejas eletrônicas. Enfim,
tempos de neopentecostalismo tanto dentro da Igreja Católica como em uma
infinidade de outras igrejas. E tudo isso levando a graves retrocessos com
relação a políticas públicas que beneficiariam a maioria do povo: corte de
direitos sociais, amputação de direitos trabalhistas e previdenciários, etc.”
nos diz frei Gilvander Moreira, carmelita.
Nesse contexto, será muito bom lermos e compreendermos
bem na Bíblia a Primeira
carta de João (1 Jo), pois um dos graves obstáculos que as
comunidades cristãs do discípulo amado – autor da 1 Jo – estavam atravessando
era as investidas de grupos espiritualistas que estavam desencarnando a fé
cristã e amputando a dimensão social da fé em/de Jesus Cristo e no seu
Evangelho.
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