quinta-feira, 5 de setembro de 2019


O que vimos e ouvimos

          O mês de setembro se tornou referência para o estudo e a contemplação da Palavra de Deus, tornando-se em todo o Brasil, desde 1971, na Igreja Católica, o Mês da Bíblia. Desde o Concílio Vaticano II, a Bíblia ocupou espaço privilegiado na família, nos círculos bíblicos, na catequese, nos grupos de reflexão, nas comunidades eclesiais.
           Este ano, 2019, será o 48º em que a Igreja no Brasil comemora o Mês da Bíblia. Neste sentido, a Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dando continuidade ao ciclo do tema “Para que n’Ele nossos povos tenham vida” propôs para o Mês da Bíblia o estudo da Primeira Carta de João, com destaque para o lema “Nós amamos porque Deus primeiro nos amou (1Jo 4,19). O verbo amar é uma palavra chave da Primeira Carta de João. O lema recorda que o amor provém de Deus e chega a todas as criaturas. O amor é convite que pede uma resposta que é amar. Assim a resposta ao amor de Deus é o amor aos irmãos.
          
        O objetivo deste mês é justamente fazer com que os fiéis tenham mais familiaridade com o texto da Palavra de Deus, o leiam, conheçam, estudem, rezem e o coloquem em prática. 
       As primeiras comunidades cristãs, no meio de muitas perseguições e violências, divisões internas, inclusive, sob a influência do discípulo amado, tiveram a sabedoria, a coragem e o discernimento para manterem a unidade e a perseverança na caminhada cultivando a utopia de serem fieis ao verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo e não se perderem na caminhada.
      “Vivemos um tempo perigoso no Brasil e no mundo. Tempo de fake news (falsas notícias) fomentando ódio e discriminações. Tempo de poder da mídia trombeteando aos quatro ventos a ideologia dominante, estamos em tempos de fundamentalismos, de céus povoados de anjos e entidades, de “demônios” por todos os lados, de gritaria de deuses – idolatria do capital. Tempo de promessas, de busca insaciável de bênçãos, de procissões, de peregrinações, de necessidade de expiação. Tempo de moralismo, de religiões sem Deus, de salvação sem escatologia, de cristianismo light, de libertações que não vão muito além da autoestima. Tempo de teologia da prosperidade em igrejas eletrônicas. Enfim, tempos de neopentecostalismo tanto dentro da Igreja Católica como em uma infinidade de outras igrejas. E tudo isso levando a graves retrocessos com relação a políticas públicas que beneficiariam a maioria do povo: corte de direitos sociais, amputação de direitos trabalhistas e previdenciários, etc.” nos diz frei Gilvander Moreira, carmelita.
            Nesse contexto, será muito bom lermos e compreendermos bem na Bíblia a Primeira carta de João (1 Jo), pois um dos graves obstáculos que as comunidades cristãs do discípulo amado – autor da 1 Jo – estavam atravessando era as investidas de grupos espiritualistas que estavam desencarnando a fé cristã e amputando a dimensão social da fé em/de Jesus Cristo e no seu Evangelho.

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