“A paz como caminho de esperança: diálogo, reconciliação e conversão
ecológica” é o título da mensagem do Papa Francisco para o Dia
Mundial da Paz de 2020, celebrado em 1º de janeiro. “A esperança é a virtude
que nos coloca a caminho, dá asas para continuar, mesmo quando os obstáculos
parecem intransponíveis”, escreve o Pontífice.
Entre esses obstáculos, o Papa cita as
guerras e os conflitos que continuam ocorrendo, que marcam a humanidade na
alma. Toda guerra, reforça, é um fratricídio.
“Há nações inteiras que não
conseguem libertar-se das
cadeias de exploração e corrupção
que alimentam ódios e violências.”
Francisco citou um trecho do
seu discurso pronunciado em Nagasaki sobre as armas nucleares, recordando que
“a paz e a estabilidade internacional são incompatíveis com qualquer tentativa
de as construir sobre o medo de mútua destruição ou sobre uma ameaça de
aniquilação total”. (...) “Neste sentido, a própria dissuasão nuclear só pode
criar uma segurança ilusória.”
Como então romper esta lógica do
medo? Para Francisco, não há outro caminho senão na busca de uma fraternidade
real, baseada na origem comum de Deus e vivida no diálogo e na confiança mútua.
O Papa mencionou os
sobreviventes dos bombardeios atômicos em Hiroshima e Nagasaki, que “mantêm
viva a chama da consciência coletiva, testemunhando às sucessivas gerações o
horror daquilo que aconteceu em agosto de 1945 e os sofrimentos indescritíveis
que se seguiram até aos dias de hoje”. A memória, portanto, é um dos aspectos
ressaltados pelo Papa como elemento fundamental da construção da paz,
definindo-a “horizonte da esperança”.
“O mundo não precisa de palavras vazias,
mas de testemunhas convictas,
artesãos da paz abertos ao diálogo
sem exclusões nem manipulações.”
Neste diálogo, é preciso buscar a paz para
além das ideologias. “O processo de paz é um empenho que se prolonga no tempo.
É um trabalho paciente de busca da verdade e da justiça, que honra a memória
das vítimas e abre, passo a passo, para uma esperança comum, mais forte que a
vingança.” Em outras palavras, se trata de abandonar o desejo de dominar os
outros e aprender a olhar-se como pessoas, como filhos de Deus, como irmãos.
Trata-se de superar as desigualdades sociais, construindo um sistema econômico
mais justo.
Para Francisco, a paz implica também a
conversão ecológica, pois hoje vemos as consequências da hostilidade contra os
outros, da falta de respeito pela casa comum e da exploração abusiva dos
recursos naturais.
A conversão ecológica, portanto, traz a uma
nova perspectiva sobre a vida, levando em consideração a generosidade do
Criador e a necessidade de partilha. Esta conversão, explica o Papa, deve ser
entendida de maneira integral, como uma transformação das relações que mantemos
com os irmãos.
Para os cristãos, a paz requer um
esforço ainda maior, porque engloba a dimensão do perdão seguindo o exemplo do
Mestre. “Aprender a viver no perdão aumenta a nossa capacidade de nos tornarmos
mulheres e homens de paz.”
O Santo Padre então conclui: “Dia
após dia, o Espírito Santo sugere-nos atitudes e palavras para nos tornarmos
artesãos de justiça e de paz. Que o Deus da paz nos abençoe e venha em nossa
ajuda.”
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