A semana que segue o Dia dos Pais é, no Brasil, a Semana
Nacional da Família, evento organizado pela Igreja Católica, através da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Cada ano é escolhido um tema e um lema, Em 2017, “Família, uma luz para a sociedade” e
“Vós sois a luz do mundo”,
respectivamente.
O tema, inspirado no Papa Francisco, nos lembra que um
dos males do nosso tempo é que não sabemos mais escutar. Só queremos falar, dar
nossa opinião, e não atendemos ao que outros nos dizem ou partilham. Ser
família é saber escutar, partilhar, dialogar, ter tempo para o outro, a outra,
os filhos, os pais.
Vivemos numa sociedade que herdou, do liberalismo
econômico, a expressão do “laissez faire,
laissez aller, laissez passer”, que significa literalmente “deixai
fazer, deixai ir, deixai passar”. Esta versão mais pura do Capitalismo diz
que o mercado deve funcionar livremente, sem interferência. Transformou-se no
provérbio fisiocrata: Laissez faire, laissez passer, le monde va de lui
même [“Deixe fazer, deixe passar, o mundo vai por si mesmo.”]. É
similar ao provérbio popular de origem francesa: “Louvo todos os deuses,
bebo meu bom vinho, e deixo o mundo ser mundo!” No popular
brasileiro: “Deixa a vida me levar; vida, leva eu!”
Esta mentalidade entrou também nas
relações entre as pessoas, principalmente no seio das famílias. É a mentalidade
em que a vontade de cada um deve prevalecer sobre o todo, ou seja, a parte é
mais importante que o todo. É uma mentalidade que corrói as estruturas
familiares e os valores, pois o que importa agora é o “eu”, a minha vontade, a
minha liberdade, o meu prazer. Bom é aquilo que me dá prazer, é o slogan.
Isso
leva a uma confusão entre liberdade e
libertinagem. Entre o que é certo e o
que errado. Entre o que é valor e o que o que não é valor. São Paulo, na
Primeira Carta aos Coríntios, já falava a respeito: “Tudo me é permitido, mas nem
tudo me convém” (1 Cor 6,12).
Outro dia recebi uma
charge pelas redes sociais, que mostrava um casal celebrando sessenta anos de
casamento e a netinha, meio incrédula, perguntado para a vó como ela aguentou
tanto tempo. E a vó respondeu: - Eu sou do tempo em que, quando alguma coisa
quebrava, a gente não jogava fora, mas consertava!
Precisamos rever
nossas atitudes e mentalidades. Precisamos voltar aos valores mais permanentes
e deixar o descartável de lado. Sob pena de sermos também nós e todos os
valores construídos serem descartados. E apostar na família, nas relações
duradouras, nas opções maduras, nas renúncias e fidelidades.
Liberdade sim,
libertinagem não! Vida sim, violência não!
Que as famílias sejam
uma luz para a vida em sociedade, como nos pede o Papa Francisco. E que
redescubramos a beleza da família e a alegria do amor.
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