quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Semana da Família

        A semana que segue o Dia dos Pais é, no Brasil, a Semana Nacional da Família, evento organizado pela Igreja Católica, através da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
            Cada ano é escolhido um tema e um lema, Em 2017, “Família, uma luz para a sociedade” e “Vós sois a luz do mundo”, respectivamente.
            O tema, inspirado no Papa Francisco, nos lembra que um dos males do nosso tempo é que não sabemos mais escutar. Só queremos falar, dar nossa opinião, e não atendemos ao que outros nos dizem ou partilham. Ser família é saber escutar, partilhar, dialogar, ter tempo para o outro, a outra, os filhos, os pais.
          Vivemos numa sociedade que herdou, do liberalismo econômico, a expressão do “laissez faire, laissez aller, laissez passer”, que significa literalmente “deixai fazer, deixai ir, deixai passar”. Esta versão mais pura do Capitalismo diz que o mercado deve funcionar livremente, sem interferência. Transformou-se no provérbio fisiocrata: Laissez faire, laissez passer, le monde va de lui même [“Deixe fazer, deixe passar, o mundo vai por si mesmo.”]. É similar ao provérbio popular de origem francesa: “Louvo todos os deuses, bebo meu bom vinho, e deixo o mundo ser mundo!” No popular brasileiro: “Deixa a vida me levar; vida, leva eu!
        Esta mentalidade entrou também nas relações entre as pessoas, principalmente no seio das famílias. É a mentalidade em que a vontade de cada um deve prevalecer sobre o todo, ou seja, a parte é mais importante que o todo. É uma mentalidade que corrói as estruturas familiares e os valores, pois o que importa agora é o “eu”, a minha vontade, a minha liberdade, o meu prazer. Bom é aquilo que me dá prazer, é o slogan.
         Isso leva a uma confusão entre liberdade e libertinagem. Entre o que é certo e o que errado. Entre o que é valor e o que o que não é valor. São Paulo, na Primeira Carta aos Coríntios, já falava a respeito: “Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém” (1 Cor 6,12).
        Outro dia recebi uma charge pelas redes sociais, que mostrava um casal celebrando sessenta anos de casamento e a netinha, meio incrédula, perguntado para a vó como ela aguentou tanto tempo. E a vó respondeu: - Eu sou do tempo em que, quando alguma coisa quebrava, a gente não jogava fora, mas consertava!
           Precisamos rever nossas atitudes e mentalidades. Precisamos voltar aos valores mais permanentes e deixar o descartável de lado. Sob pena de sermos também nós e todos os valores construídos serem descartados. E apostar na família, nas relações duradouras, nas opções maduras, nas renúncias e fidelidades.
            Liberdade sim, libertinagem não! Vida sim, violência não!
           Que as famílias sejam uma luz para a vida em sociedade, como nos pede o Papa Francisco. E que redescubramos a beleza da família e a alegria do amor.




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