O
ser humano não nasce pronto. Aliás, sempre está se gestando, sempre em
crescimento contínua busca da perfeição. Na teologia, dizemos que estamos em
processo de constante busca da santificação.
Esta
capacidade de sempre de novo aprender e reaprender é que torna a vida bonita e prazerosa.
Sem esta tonalidade, a vida perde a graça, se torna monótona. A depressão toma
conta de nós quando perdemos a vontade de lutar, de buscar cada dia de novo o
novo, quando nos reinventamos continuamente. Viver cada dia como se fosse o dia
mais importante. Viver cada dia como se fosse o último de nossa existência.
Isto
vale também para a Igreja: ela não nasceu pronta e nem está e nunca estará
pronta. Ela é o movimento de Jesus, no contínuo esforço de continuar sua obra,
que é de “tornar presente o Reino de Deus no mundo” (Papa Francisco, Evangelii Gaudium 176). Portanto, ela
está continuamente se “originando”, criando diferentes formas de ser e de fazer
sua missão, segundo os desafios de cada época. Por isso, a sucessão de modelos
de pastoral e, subjacentes a eles, concepções e Igreja que vão se ampliando.
Na
América Latina, a partir da renovação do Concílio Vaticano II (1962-1965), a
Igreja gestou um modelo de pastoral frente ao que havia no momento, que nas
palavras do Documento de Puebla (1979) podemos denominar de “pastoral de
comunhão e participação”.
Isso
significa uma Igreja “de comunhão, na convivência fraterna da comunidade dos
fieis”, no dizer do teólogo e pastoralista Pe. Agenor Brighenti. Esta comunhão
deve ser interna, entre os membros, e externa, junto da sociedade. É um desafio
que é colocado e que sempre de novo deve ser buscado. Ainda mais numa época em
que o ser humano, apesar de vivermos numa era da comunicação, se isola cada vez
mais, tornando-se individualista e autossuficiente.
A
comunhão, tanto no seio da Igreja como na sociedade, se dá pela “participação”
efetiva de cada batizado, seja como cristão na comunidade eclesial, seja como
cidadão na sociedade. Não há bom cristão se ele não for também um bom cidadão.
A promoção do bem comum é parte integrante da missão da Igreja. Para o Concílio
Vaticano II, “a esperança de uma nova terra, longe de atenuar, antes deve
impulsionar a solicitude pelo aperfeiçoamento desta terra” (Gaudium et Spes
39).
Para
a Igreja na América Latina, o “aperfeiçoamento desta terra” se dá pela
transformação da sociedade atual em uma nova sociedade, por uma ação na ótica
da opção preferencial pelos pobres contra a pobreza (Medellin 14.7-10), em
vista da transformação das estruturas, condição para a erradicação do pecado
social, no dizer do Papa João Paulo II.
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