No dia 31 de outubro completou=se os 500 anos da
Reforma Luterana. Em 10 de fevereiro de 2014, a Igreja Católica e a Igreja
Luterana, através do presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da
Unidade dos Cristãos e do Secretário Geral da Federação Luterana Mundial,
publicaram uma carta conjunta, apresentando o informe ecumênico “Do conflito à
Comunhão – comemoração conjunta Luterano-Católica-Romana da Reforma em 2017”.
Diz a carta: “É a primeira tentativa histórica no âmbito internacional de
descrever a história da Reforma conjuntamente, de analisar os argumentos
teológicos que estavam em jogo, de traçar os desenvolvimentos ecumênicos entre
nossas comunhões, de identificar a convergência alcançada e as diferenças ainda
persistentes”.
A data de 31 de outubro de 1517 tornou-se um
símbolo da Reforma Protestante do século XVI. Neste ano, completam-se 500 deste
acontecimento e a comemoração tem o seu contexto. Vivemos numa era ecumênica,
por isso, a comemoração comum é uma ocasião para aprofundar a comunhão. Marca
também os 50 anos de diálogo luterano-católico que produziu vários estudos,
celebrações e ações conjuntas. Merece destaque a “Declaração conjunta sobre a
Doutrina da Justificação”, publicada em 1999, que afirmou um consenso nas
verdades fundamentais da doutrina da justificação. Em segundo lugar, a
comemoração acontece numa era globalizada e por isso não envolve apenas alguns
lugares. O terceiro contexto é de uma nova evangelização, num tempo marcado com
o surgimento de novos movimentos religiosos e o crescimento da secularização.
“O ecumenismo não pode basear-se no esquecimento da
tradição. Não pode ser ignorado o que aconteceu nestes 500 anos, nem os frutos
doces e nem os azedos. O que aconteceu no passado não pode ser mudado, mas o
que e como é lembrado, com o passar do tempo, de fato muda. Lembrar torna o
passado presente. Enquanto o passado em si é inalterável, a presença do passado
no presente é alterável” lembra Dom Rodolfo Luís Weber, Arcebispo de Passo Fundo.
Nós, católicos, nos unimos aos irmãos luteranos
numa comemoração conjunta. Não se trata de festejar, mas de fazer memória
conjuntamente, para continuarmos e aprofundarmos o caminho da unidade do Corpo
de Cristo, segundo o desejo de Jesus: “Para que sejam um, como nós somos um”
(Jo 17,23). A divisão dos cristãos é contrária à vontade de Deus. Sabemos que o
passado, que deixou chagas, é inalterável, mas nossa postura diante do passado
pode e deve ser diferente. Esta comemoração comum é ocasião para aprofundar a
comunhão entre católicos e luteranos.
“Luteranos e católicos hoje se alegram com o crescimento da compreensão,
da cooperação e do respeito mútuos. Reconhecem o fato de que o que une é mais
do que o que separa: sobretudo, a fé comum no Deus Trino e a revelação em Jesus
Cristo, assim como o reconhecimento das verdades básicas da doutrina da
Justificação” (Comissão Luterano – Católico-Romana sobre a unidade, Do Conflito à Comunhão: Comemoração conjunta
Católico-Luterana da Reforma em 2017, n. 1).
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