Os padres André de Soveral e Ambrósio Francisco
Ferro, Mateus Moreira e 27 companheiros leigos foram beatificados pelo papa
João Paulo II, no dia 5 de março de 2000. E nesta semana especial para os brasileiros - os 300 anos do
encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida nas águas do Rio Paraíba do Sul,
SP - o papa Francisco canonizou os mártires de Cunhaú e Uruaçu, neste domingo,
dia 15 de outubro.
Confesso que até pouco tempo não conhecia a
existência e a história dos Protomártires brasileiros e o seu martírio.
A evangelização no Rio Grande
do Norte foi iniciada em 1597 por missionários jesuítas e sacerdotes
diocesanos, originários do reino católico de Portugal. Nas décadas seguintes, a
chegada dos holandeses, de religião calvinista, provocou a restrição da
liberdade de culto para os católicos que, a partir daquele momento, foram
perseguidos. É neste contexto que se verifica o martírio dos Beatos, em dois
episódios distintos.
O primeiro acontece em 16 de
julho de 1645, na Capela de Nossa Senhora das Candeias, em Cunhaú, no município
de Canguaretama, na zona agreste do Rio Grande do Norte. Decorria a Missa
dominical celebrada pelo pároco, padre André de Soveral, com cerca de 70 fieis,
quando um grupo de soldados holandeses, com índios ao seu séquito, fez irrupção
no lugar sagrado e massacrou os féis inermes.
O segundo episódio remonta a
3 de outubro do mesmo ano, onde 80 pessoas foram mortas. Terrorizados pelo
sucedido, os católicos de Natal procuraram pôr-se a salvo em abrigos
improvisados, mas em vão. Feitos prisioneiros, juntamente com o seu pároco, o
padre Ambrósio Francisco Ferro, foram levados para perto de Uruaçu, onde os
esperavam soldados holandeses e cerca de duzentos índios, cheios de aversão contra
os católicos. Os féis e o seu pároco foram horrivelmente torturados e deixados
morrer entre bárbaras mutilações. Uma das vítimas foi o camponês Mateus
Moreira, que teve o coração arrancado pelas costas, enquanto repetia a frase:
“Louvado seja o Santíssimo Sacramento”. Ele foi declarado pela Igreja Católica
do Brasil como Patrono dos Ministros da Sagrada Comunhão.
Do numeroso grupo de féis
assassinados, conseguiu-se identificar com certeza apenas trinta. São eles: P.
André de Soveral e Domingos Carvalho, mortos em Cunhaú; P. Ambrósio Francisco
Ferro, Mateus Moreira, Antônio Vilela, o jovem, e sua filha, José do Porto,
Francisco de Bastos, Diogo Pereira, João Lostão Navarro, Antônio Vilela Cid,
Estêvão Machado de Miranda e duas filhas, Vicente de Souza Pereira, Francisco
Mendes Pereira, João da Silveira, Simão Correia, Antônio Baracho, João Martins
e sete companheiros, Manuel Rodrigues Moura e sua esposa, uma filha de
Francisco Dias, o jovem, mortos em Uruaçu.
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