quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Santos brasileiros

  Os padres André de Soveral e Ambrósio Francisco Ferro, Mateus Moreira e 27 companheiros leigos foram beatificados pelo papa João Paulo II, no dia 5 de março de 2000. E nesta semana especial para os brasileiros - os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida nas águas do Rio Paraíba do Sul, SP - o papa Francisco canonizou os mártires de Cunhaú e Uruaçu, neste domingo, dia 15 de outubro.
 Confesso que até pouco tempo não conhecia a existência e a história dos Protomártires brasileiros e o seu martírio. 
 A evangelização no Rio Grande do Norte foi iniciada em 1597 por missionários jesuítas e sacerdotes diocesanos, originários do reino católico de Portugal. Nas décadas seguintes, a chegada dos holandeses, de religião calvinista, provocou a restrição da liberdade de culto para os católicos que, a partir daquele momento, foram perseguidos. É neste contexto que se verifica o martírio dos Beatos, em dois episódios distintos.

O primeiro acontece em 16 de julho de 1645, na Capela de Nossa Senhora das Candeias, em Cunhaú, no município de Canguaretama, na zona agreste do Rio Grande do Norte. Decorria a Missa dominical celebrada pelo pároco, padre André de Soveral, com cerca de 70 fieis, quando um grupo de soldados holandeses, com índios ao seu séquito, fez irrupção no lugar sagrado e massacrou os féis inermes.
O segundo episódio remonta a 3 de outubro do mesmo ano, onde 80 pessoas foram mortas. Terrorizados pelo sucedido, os católicos de Natal procuraram pôr-se a salvo em abrigos improvisados, mas em vão. Feitos prisioneiros, juntamente com o seu pároco, o padre Ambrósio Francisco Ferro, foram levados para perto de Uruaçu, onde os esperavam soldados holandeses e cerca de duzentos índios, cheios de aversão contra os católicos. Os féis e o seu pároco foram horrivelmente torturados e deixados morrer entre bárbaras mutilações. Uma das vítimas foi o camponês Mateus Moreira, que teve o coração arrancado pelas costas, enquanto repetia a frase: “Louvado seja o Santíssimo Sacramento”. Ele foi declarado pela Igreja Católica do Brasil como Patrono dos Ministros da Sagrada Comunhão.
Do numeroso grupo de féis assassinados, conseguiu-se identificar com certeza apenas trinta. São eles: P. André de Soveral e Domingos Carvalho, mortos em Cunhaú; P. Ambrósio Francisco Ferro, Mateus Moreira, Antônio Vilela, o jovem, e sua filha, José do Porto, Francisco de Bastos, Diogo Pereira, João Lostão Navarro, Antônio Vilela Cid, Estêvão Machado de Miranda e duas filhas, Vicente de Souza Pereira, Francisco Mendes Pereira, João da Silveira, Simão Correia, Antônio Baracho, João Martins e sete companheiros, Manuel Rodrigues Moura e sua esposa, uma filha de Francisco Dias, o jovem, mortos em Uruaçu.

            

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