O
poeta canta que “faz escuro, mas vai amanhecer”. Falo nisso, porque vivemos em
tempos de “crises”, em muitos lugares e países e em muitas instituições e
grupos. Existe uma insatisfação muito grande em relação de como o mundo
(política, economia) está sendo conduzido. Existe um clamor por mudanças, que
agora ficou explícito no movimento dos caminhoneiros.
O
ser humano tem uma enorme capacidade de sair das crises e de superá-las. Aliás,
a história nos ensina que foi nos tempos das piores crises que surgiram as
maiores criatividades e soluções. O grande perigo é querer que a salvação venha
por um “salvador da pátria” ou por
soluções não democráticas e participativas
Papa Francisco, no Encontro Mundial
de Famílias, em Filadélfia, Estados Unidos, dizia que “a
família é uma fábrica de esperança, de esperança e ressurreição. Deus abriu
este caminho”. Ele nos dá sabedoria e força para também buscar as soluções.
Para Dom Walmor
Oliveira de Azevedo, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, “a reflexão sobre as muitas
crises que pesam, hoje, sobre os ombros da sociedade contemporânea, não pode
deixar de considerar, seriamente, as crises institucionais, que têm um peso
relevante no conjunto da história da humanidade, das sociedades e no interno
das próprias instituições. Um peso que se calcula pelo passivo de atrasos, de
desvirtuamentos na identidade, manipulação de finalidades, nos comprometimentos
de propósitos e na condução das instituições para atender interesses pessoais e
partidários. O desafio é enorme ao se ter em conta a importância capital de
cada instituição, compondo o tecido dos segmentos da sociedade, na tarefa de se
atingir metas e cumprir os compromissos prometidos – dever ético e moral.”
E continua: “Atravancadas
e mal conduzidas, as instituições entram em crise, tornam-se pesadas, caras e
se restringem a prestar um serviço medíocre. A sociedade é que paga o preço.
Por isso é urgente corrigir os rumos e procedimentos, alinhar
fidelização a princípios, fazer escolhas de pessoas adequadas – superar
protecionismos e apadrinhamentos – para tirar as instituições de suas crises.”
Estamos
em crise. Mas a crise maior não é a econômica, financeira, política... Esta é
consequência da crise de valores e de opções, de escolhas e definições. Para
onde caminha a humanidade? Que tipo de mundo nós queremos? Que família nós
queremos construir e edificar? Que tipo de economia, de política, de nação, de
cidadania, de educação, de Igrejas nós queremos?
Estamos,
sim, em crise, Mas não por causa do dólar, euro ou real. Por causa das pessoas,
que não sabem para onde vão, por isso não conhecem o caminho. E se alguém não
sabe para onde vai, qualquer caminho serve. A saída das crises depende das
escolhas que fizermos. As crises oferecem possibilidades de mudanças que levam
a novas formas de adaptação. Por isso, bem resolvidas, são positivas e
necessárias. Sem ilusões e nem voltas ao passado. A saída da crise nos faz
sempre olhar para frente.