terça-feira, 30 de maio de 2017

Que todos sejamos um!

Um Olhar de Fé:

............A semana que vai da Ascensão do Senhor até o Pentecostes é Semana de Oração pela Unidade Cristã, que tem como tema neste ano de 2017: “Reconciliação – é o amor de Cristo que nos move” (2 Cor 5,14-20). Ela traz como mensagem central a afirmação de que é a graça de Deus que nos reconcilia. A relação entre graça e reconciliação é motivada pela celebração dos 500 anos da Reforma, ocorrida em 1517, na Alemanha.
............Na introdução do subsídio elaborado pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), afirma-se que “a Reforma não é um evento histórico isolado. Ela ocorreu em contexto de muita efervescência social, política e religiosa. Antes de Martim Lutero, outras pessoas falaram sobre a importância de uma reflexão crítica sobre os diferentes papéis desempenhados pela Igreja na sociedade europeia da Idade Média. Recuperar o testemunho cristão como uma expressão da graça de Deus era uma das reivindicações desses diferentes movimentos.”
............As Igrejas Cristãs reconhecem que “o movimento da Reforma não foi isento de conflitos e extremismos religiosos, causados por todos os lados envolvidos.” É por isso que o tema deste ano, na Semana de Oração, é a reconciliação.
............Ainda hoje vivemos em tempos de conflitos e intolerâncias. Alguns deles legitimados em nome de religiões. “A ideia de disputa por um mercado religioso tende a colocar igrejas em oposição. Não raras vezes, nos vemos como ameaças uns aos outros. |Não podemos cair na tentação de nos sentirmos uns melhores do que os outros. As pessoas batizadas, independentemente da confessionalidade, professam a fé em Jesus Cristo. O testemunho de Jesus Cristo foi o de reconhecer o próximo naquela pessoa que está distante e com quem, muitas vezes, temos dificuldades de nos relacionar em função dos preconceitos e das desigualdades sociais.”
............O amor de Cristo nos move para a reconciliação. “Ele não divide e nem constrói muros. Nossas diferentes formas de expressar a fé em Jesus Cristo são riquezas e preciosidades. Por isso, em um mundo, que tem se caracterizado por diferentes formas de intolerâncias, reafirmarmos que o amor de Cristo nos reconcilia é uma forma de mostrar concretamente de que as divisões, as brigas, as violências, as desigualdades econômicas, os racismos e preconceitos nos distanciam de Deus. O       que nos aproxima de Deus é a possibilidade de nos reconhecermos como irmãos e irmãs e a capacidade de reconhecermos os limites humanos, além de revermos nossos preconceitos.”
............Que nestes dias, todos nós, oremos ao menos um Pai Nosso – a oração que Jesus nos ensinou – pela unidade de todos os cristãos.

terça-feira, 23 de maio de 2017

E agora, Brasil?

Um Olhar de Fé:
            Estamos tristes. O Brasil está doente. Uma doença que nos faz refletir e buscar a cura. Que país nós queremos? Que progresso precisamos? Que tipo de política e de políticos que nós necessitamos?
Vivemos uma profunda crise ética, política, econômica e institucional. “A superação da grave crise vivida no Brasil exige o resgate da ética na política que desempenha papel fundamental na sociedade democrática. Urge um novo modo de fazer política, alicerçado nos valores da honestidade e da justiça social. Lembramos a afirmação da Assembleia Geral da CNBB: ‘O desprezo da ética leva a uma relação promíscua entre os interesses públicos e privados, razão primeira dos escândalos da corrupção’”. (Nota Oficial da Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – Pela Ética na Política, de 19 de maio).
Recordamos também as palavras do Papa Francisco: “Na vida pública, na política, se não houver a ética, uma ética de referimento, tudo é possível e tudo se pode fazer” (Roma, maio de 2013). Além disso, é necessário que saídas para a atual crise respeitem e fortaleçam o Estado democrático de direito.
Na última Assembleia Geral, os bispos brasileiros divulgaram uma nota sobre o grave momento nacional: “neste momento, mais uma vez, o Brasil se defronta com uma conjuntura desafiadora. à tona escândalos de corrupção sem precedentes na história do país. É verdade que escândalos dessa natureza não tiveram início agora; entretanto, o que se revela no quadro atual tem conotações próprias e impacto devastador. São cifras que fogem à compreensão da maioria da população. Empresários, políticos, agentes públicos estão envolvidos num esquema que, além de imoral e criminoso, cobra seu preço. 
Quem paga pela corrupção? Certamente são os pobres, “os mártires da corrupção” (Papa Francisco). Como pastores, solidarizamo-nos com os sofrimentos do povo. As suspeitas de corrupção devem continuar sendo rigorosamente apuradas. Os acusados sejam julgados pelas instâncias competentes, respeitado o seu direito de defesa; os culpados, punidos e os danos, devidamente reparados, a fim de que sejam garantidas a transparência, a recuperação da credibilidade das instituições e restabelecida a justiça. 
A forma como se realizam as campanhas eleitorais favorece um fisiologismo que contribui fortemente para crises como a que o país está enfrentando neste momento.”

Pedimos às nossas comunidades que participem responsável e pacificamente da vida política, contribuam para a realização da justiça e da paz e rezem pelo Brasil.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Atualidade da mensagem de Fátima

Um Olhar de Fé:

No dia treze de maio passado, o Papa Francisco reconheceu a santidade dos videntes de Fátima, as crianças Jacinta e Francisco Marto, que agora estão na lista dos santos da Igreja Católica. A cerimônia emocionou a todos, ajudando-nos a rfefletir sobre a atualidade da mensagem de Fátima, revelada há cem anos.
 Como todos os eventos que dizem respeito a nossa relação com Deus, a mensagem de Fátima também precisa ser atualizada. Não basta simplesmente repetir o que os videntes disseram. É necessário se perguntar: o que essa mensagem tem a nos dizer nos dias de hoje? Porque em cem anos o mundo mudou muito.
Para o irmão marista Afonso Murad, doutor em teologia, de Belo Horizonte, os elementos essenciais da mensagem de Fátima são a bondade, a misericórdia e o amor de Deus, manifestados, especialmente, em Maria. “Não é à toa que o Papa Francisco proclamou em 2016 o Ano da Misericórdia. Cada vez mais os cristãos precisam ser para o mundo um sinal desse amor de Deus, que recria, que perdoa, que reconstrói. E, ao olharmos para Maria, percebemos esse amor em forma viva e atuante”.
Para o Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, é preciso hoje nas famílias despertar e cultivar uma verdadeira, profunda e sadia devoção à Maria, a partir do fato “Fátima”, dizendo que a mensagem de Nossa Senhora é sempre atual. “Quando as famílias têm em conta Nossa Senhora, que seja Fátima ou qualquer outro título dela, é sempre a mesma Nossa Senhora, a mãe de Jesus, que nos foi dada como mãe e também foi esposa. Portanto, a devoção à Nossa Senhora de Fátima pode ser de grande utilidade para as famílias: a oração do Terço é muito incentivada na devoção a Nossa Senhora de Fátima. E nós temos um ditado que ainda é muito verdadeiro: a família que reza unida permanece unida”.


terça-feira, 9 de maio de 2017

Cem anos de Fátima

Um Olhar de Fé:

............A devoção à Nossa Senhora de Fátima está completando cem anos. Foi no dia treze de maio, na Cova de Iria, em Fátima, Portugal, que uma Senhora cheia de luz apareceu a três crianças que cuidavam das ovelhas: Lúcia, de dez anos, e os seus primos, Francisco, de nove anos, e Jacinta de sete, que eram irmãos.
............Basicamente a mensagem que a Senhora transmitiu e pediu aos três pastorezinhos foi muito simples: rezar todos os dias. E rezar pela paz no mundo (estava ocorrendo a Primeira Grande Guerra Mundial, que só foi terminar um ano depois) e pela conversão dos pecadores. E a oração mais simples, que todas as pessoas podem fazer, é o rosário, que também era chamado de terço.
............Olhando hoje, percebemos que o pedido feito em Fátima continua muito atual. Continuamos num mundo marcado por tantas pequenas guerras, fragmentadas e distribuídas em todo o mundo, que provocam tantas violências e tantas destruições, ódios, vinganças e intolerâncias.
............Vivemos numa época onde tantos vivem sem religião e sem uma espiritualidade ou usam a religião para roubar, matar e destruir. Outros têm religião só de aparência ou de conveniência, mas ainda não passaram por uma verdadeira experiência do Cristo crucificado-ressuscitado. Em todos nós, o processo da conversão sempre se faz necessário, pois somos eternos aprendizes. Somos caminheiros e jamais podemos dizer que estamos prontos ou não precisamos mais da graça divina.
............Olhando estes cem anos de Fátima, podemos até questionar alguns excessos, Algumas neuroses em torno do “terceiro segredo”, algumas pieguices exageradas, mas com certeza podemos afirmar que Fátima é uma grande bênção para a Igreja e para a humanidade. Quantas bênçãos alcançadas e quantas bênçãos derramadas. Quantas curas e quantas conversões e reconciliações. Quantas famílias ficaram firmes ou voltaram à fé.
A treze de maio na cova da Iria

No céu aparece a Virgem Maria
Ave, ave, ave Maria
Ave, ave, ave Maria

Há três pastorinhos cercada de luz
Visita a Maria, mãe de Jesus

A mãe vem pedir constante oração
Pois só de Jesus nos vem a salvação
Da agreste azinheira a Virgem falou

E aos três a senhora tranquilos deixou

Então da Senhora o nome indagaram
Do céu a mãe terna bem claro escutaram

Se o mundo quiserdes da guerra livrar
Fazei penitência de tanto pecar

A Virgem lhes manda o terço rezar
A fim de alcançarem da guerra o findar

Com estes cuidados a mãe amorosa
Do céu vem os filhos salvar carinhosa  




   





quarta-feira, 3 de maio de 2017

Atitudes de Maria, atitudes do discípulo

Um Olhar de Fé:

Maio é considerado o mês de Maria e o mês das mães. É o mês de Nossa Senhora de Fátima, cujo centenário de sua devoção estamos celebrando. Lucas é o evangelista que apresenta o mais belo e diversificado perfil de Maria na Bíblia. Para o evangelista, o discípulo de Jesus é aquele(a) que ouve seu apelo, segue-o e aprende com ele no caminho (Lc 5,10s; 13,22).
          Ser aprendiz de Jesus significa fazer parte de sua comunidade, peregrinar na fé e participar da causa de Jesus, que é o Reino de Deus. O seguidor de Jesus é aquele que “ouve a Palavra de Deus num coração generoso, conserva no coração e frutifica na perseverança” (Lc 8,15: explicação da parábola da semente e dos tipos de terra). Ora, a grande novidade de Lucas é apresentar Maria como a imagem viva do discípulo(a) de Jesus.
        Para o especialista em Mariologia, o irmão Marista Afonso Murad, podemos resumir as características de Maria em quatro momentos:
         1. Seguidora de Jesus: Maria realiza as três qualidades básicas do discípulo fiel. Ela acolhe a palavra de Deus com fé, conserva a palavra no coração e a medita, confrontando-a com os fatos e frutifica esta palavra viva; sendo uma pessoa de intensa fé (“feliz de você que acreditou”: Lc 1,40) e a mãe do messias (“bendito é o fruto do teu ventre” em Lc 1,42).
         2. Peregrina na fé: Somente Lucas relata as palavras de Simeão a Maria: “Quanto a ti, uma espada transpassará tua alma” (Lc 2,25). Não se trata de uma alusão ao sofrimento de Maria na hora da cruz, pois nos evangelhos sinóticos Jesus morre sozinho e Maria não está incluída entre as mulheres que o observam, de longe. A espada tem um sentido metafórico. Alude a Jesus, que é a palavra-gesto do Pai, conforme Hb 4,12s: "A Palavra de Deus é viva, eficaz e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes. Julga as disposições e as intenções do coração. E não há criatura oculta à sua presença". Maria, como os outros aprendizes de Jesus, não sabia tudo. Foi fazendo descobertas no correr de seu caminho espiritual.
         3. Sinal da opção de Deus pelos pobres: Lucas é o evangelista que mais desenvolve a dimensão social da Boa Nova de Jesus. Coerente com esta orientação, Maria é apresentada por ele como uma mulher pobre. Jesus nasce num lugar sem recursos e é envolvido em faixas (Lc 2,12). Como são pobres, os pais de Jesus oferecem pássaros no templo, em vez do cordeiro (Lc 2,24). O cântico de Maria, chamado “Magnificat” resume, de forma poética, a proposta de Jesus nas Bem-Aventuranças. Sinaliza, com clareza, que a Boa Nova de Jesus propõe uma mudança nas atitudes das pessoas e nas estruturas sociais.
        4. Mulher contemplada pelo Espírito Santo: Em Lucas, Jesus começa a missão recordando a profecia de Isaías: “O Espírito de Deus está sobre mim” (Lc 4,14). É o Espírito que age em Jesus e nos seus seguidores, após pentecostes. Maria é apresentada como a mulher sobre a qual “a sombra do altíssimo” se estende, para possibilitar a concepção de Jesus. Ela também participa da comunidade que prepara a vinda do Espírito (At 1,14). Portanto, Maria é “contemplada” duplamente pelo Espírito Santo: no nascimento de Jesus e no nascimento da comunidade cristã, após a ressurreição de Jesus.
       Essas características marianas inspiram atitudes de vida de cada cristão e da Igreja-comunidade. Sentimo-nos chamados a sermos discípulos fiéis de Jesus, ouvindo, acolhendo, guardando no coração e praticando sua Palavra. Renovamos o nosso “sim”, mesmo no meio das crises, pois sabemos que somos “bem-amados de Deus” (Ef 1,6). Alimentamos, como Maria, um coração agradecido a Deus, que O louva por todo o bem que Ele realiza em nosso meio e através de nós. E nos empenhamos pela solidariedade e pela cidadania planetária, construindo uma sociedade mais próxima do projeto de Deus.