quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Advento, a espera vigilante


Iniciamos neste domingo o novo ano litúrgico, com o tempo do advento. Para os cristãos, ele possui duas características: é tempo de preparação para o Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus, e é também um tempo em que se voltam os corações para a expectativa da segunda vinda de Cristo, no fim dos tempos.

Advento é tempo da espera vigilante do Senhor. O verdadeiro discípulo deve estar sempre vigilante, não esquecendo que toda vida cristã é uma caminhada rumo ao encontro final com Cristo Salvador e Juiz; que vigiar é a atitude de quem se sente responsável pelo mundo, casa de Deus; significa vier sempre empenhado e comprometido na construção de um mundo de vida, de amor e de paz; cumprir os compromissos assumidos no dia do batismo e ser um sinal vivo do amor e da bondade de Deus no mundo; cumprir a missão recebida, dando testemunho de Jesus e do seu Evangelho; não viver como se a vida se reduzisse à duração terrena, mas viver sempre na expectativa da revelação plena do senhorio de Jesus.

              A Árvore de Natal -  é um dos símbolos deste tempo. Simboliza a vida. Sua origem está no Hemisfério Norte, onde agora é inverno e todas as árvores perdem as folhas, com exceção do pinheiro. Por isso, a árvore se tornou símbolo de vida, celebrada no Natal com o nascimento do menino Jesus.
          A árvore deve começar a ser montada com o advento, não antes.
          O Presépio a montagem do presépio deve seguir a mesma linha de preparação. Pode-se começar a montar a gruta, colocar os animais e os pastores, mas Maria e José devem fazer parte do presépio apenas mais próximo do Natal. E o menino Jesus somente na véspera.
         O presépio foi uma criação de São Francisco de Assis para lembrar a simplicidade e as dificuldades enfrentadas por Maria e José no nascimento de Jesus. A orientação para quem pretende seguir a tradição católica é não sofisticar os presépios com luzes e enfeites.
           É muito importante envolver as crianças na montagem dos presépios. O ideal seria que eles fossem feitos nas próprias casas, pelas crianças, para que percebam o real sentido do Natal. E valorizar mais o sentido cristão, deixando de lado os “papais noéis” e outros símbolos que levem ao consumismo, ao luxo ou às extravagâncias.

           Advento a coroa do advento é um dos grandes símbolos desta preparação ao Natal. Formada com ramos verdes e em formato de círculo, a coroa simboliza a unidade e perfeição, sem começo e sem fim. Representa o nascimento do rei. E m cada um dos quatro domingos do advento uma vela é acesa. Com a proximidade do nascimento de Jesus, a luz se torna mais intensa e é o Natal enquanto festa da luz que celebramos.

           Hora de desmontar tradicionalmente o dia de desmontar a árvore de Natal, o presépio e toda a decoração natalina é seis de janeiro, o Dia dos Reis. É nesse dia que três magos, pessoas sábias, encontram o menino Jesus e ele é então revelado a todas as nações. Termina então o tempo de Natal, o tempo de expectativa, e começa o tempo comum para a Igreja.


quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Celebrar a beleza da vida

            Estamos encerrando o Ano Litúrgico, que não se encerra, mas começa sempre de novo, como o ano civil, que é cíclico. E o círculo não tem começo nem fim, embora seja dinâmico.

           A liturgia no ajuda a colocar a centralidade de nossa vida em Jesus Cristo e celebrar, sempre de novo, os momentos importantes da sua vida, da nossa vida e da vida do mundo.
                
          A liturgia nos ajuda a termos um olhar de fé para os acontecimentos, celebrá-los com intensidade e vivenciá-los com maturidade.

         Estamos sempre andando, sempre caminhando. Como diz o cantador das comunidades argentinas e uruguaias, “é preciso seguir andando no más”. Viver cada momento importante, celebrar estes momentos.

          Na liturgia, celebramos a semana, com o Domingo, que é o Dia do Senhor, que deve ter o seu ritual, a sua liturgia própria, até no vestir, pois é um dia de Festa.

          Celebramos os ciclos da Natal e da Páscoa, com suas cores, com seus cânticos, com seus símbolos, com suas leituras especiais, com seus ritmos e suas espiritualidades. Uma completa a outra, uma depende da outra, uma continua a outra.

          Celebramos aqueles e aquelas que são importantes na caminhada, como Maria, a Mãe de Redentor e nossa Mãe. E fazemos isso de muitas formas, de muitas cores, com muitos nomes, na diversidade dos tempos e das culturas, nas suas expressões variadas e inculturadas.

             Juntamente com Maria, celebramos na liturgia tantos irmãos e irmãs nossos que são modelos e exemplos, intercessores e auxiliadores, que são os santos e santas, muitos já reconhecidos e nos altares, outros canonizados pelo povo e sua religiosidade.

            Na liturgia somos capazes de celebrar o nascimento e a morte, a vida e a ressurreição. A liturgia é acompanhada de tanta beleza e tanta profundidade, que explica-la pode enfeiá-la, como me disse uma pessoa amante da mesma.

              É preciso que cada cristão, cada batizado possa descobrir esta grandiosidade. Tudo começa por valorizar a espiritualidade cristã, descobrir a força e a necessidade da mesma, colocar a centralidade de sua vida em Jesus Cristo. A vida é um círculo, mas o círculo tem um centro.
Celebrar significa se alegrar e dar graças por tudo.

           Celebrar significa colocar nossa confiança em Deus, “na alegria e na tristeza, na saúde e da doença, em todos os dias de nossas vidas”.

       Celebrar é sair de nós mesmos, irmos com os irmãos e irmãs ao encontro da Comunidade, e ali juntos cantar, louvar, pedir perdão, ouvir o que Deus nos fala pela sua Palavra, comungar o projeto de Jesus Cristo, no Pão e na Palavra, comprometer-se a viver e testemunhar o que se celebrou.
É preciso descobrir – sempre de novo – a beleza da fé, da esperança, do amor, da liturgia, de participar da comunidade e da Eucaristia./

Que o novo Ano Litúrgico nos renove e nos faça redescobrir que sem Deus, nada somos e nada podemos.

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

A esperança dos pobres jamais se frustrará


             

         No próximo 17 de novembro, a Igreja celebra o Dia Mundial dos Pobres. O Papa Francisco publicou uma mensagem, que aqui queremos comentar nos seus dez pontos mais marcantes.

         1. O primeiro ponto é o título da mensagem: "A esperança dos pobres jamais se frustrará” (Sl 9, 19)Estas palavras do salmista são de incrível atualidade.
            E como esquecer os milhões de migrantes? E tantas pessoas sem abrigo e marginalizadas que vagueiam pelas cidades?

      2. O Papa diz que hoje temos muitas formas de novas escravidões a que estão submetidos milhões de homens, mulheres, jovens e crianças, como, por exemplo: famílias obrigadas a deixar a sua terra à procura de formas de subsistência; órfãos que perderam os pais ou foram violentamente separados deles para uma exploração brutal; jovens em busca de realização profissional, cujo acesso lhes é impedido por míopes políticas econômicas; a prostituição; as drogas.
         3. O contexto descrito pelo Salmo tinge-se de tristeza devido à injustiça, ao sofrimento e à amargura que fere os pobres. Apesar disso, dá uma bela definição do pobreé aquele que “confia no Senhor” (cf. 9, 11), pois tem a certeza de que nunca será abandonado.
        4. Constitui um refrão permanente da Sagrada Escritura a descrição da ação de Deus em favor dos pobres. É Aquele que escuta, intervém, protege, defende, resgata, salva… Em suma, um pobre não poderá jamais encontrar Deus indiferente ou silencioso perante a sua oração.
         5. A Palavra de Deus indica que os pobres são todos aqueles que, não tendo o necessário para viver, dependem dos outros. São os oprimidos, os humildes, aqueles que estão prostrados por terra. Mas, perante esta multidão inumerável de indigentes, Jesus não teve medo de Se identificar com cada um deles: “Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes” (Mt 25, 40).
        6. Ao aproximar-se dos pobres, a Igreja descobre que é um povo, espalhado entre muitas nações, que tem a vocação de fazer com que ninguém se sinta estrangeiro nem excluído, porque a todos envolve num caminho comum de salvação. A condição dos pobres obriga a não se afastar do Corpo do Senhor que sofre neles.
           7. É nos pobres que a caridade cristã encontra a sua prova real, porque quem partilha os seus sofrimentos com o amor de Cristo, recebe força e dá vigor ao anúncio do Evangelho.
            8. A tantos voluntários, a quem muitas vezes é devido o mérito de terem sido os primeiros a intuir a importância desta atenção aos pobres, o Papa pede para crescerem na sua dedicação e faz o seu reconhecimento.
           9. Basta pouco para restabelecer a esperança: basta parar, sorrir, escutar. Durante um dia, deixemos de parte as estatísticas; os pobres não são números, que invocamos para nos vangloriar de obras e projetos. Os pobres são pessoas a quem devemos encontrar. Os pobres salvam-nos, porque nos permitem encontrar o rosto de Jesus Cristo.
       10. O Senhor não abandona a quem o procura e a quantos o invocam; “não esquece o clamor dos pobres” (Sal 9, 13), porque os seus ouvidos estão atentos à sua voz. A esperança do pobre desafia as várias condições de morte, porque sabe que é particularmente amado por Deus e, assim, triunfa sobre o sofrimento e a exclusão.


terça-feira, 5 de novembro de 2019

Gratidão = 160 anos

            A paróquia de Nossa Senhora do Patrocínio foi criada em 1859, no dia três de dezembro, por lei provincial de número 437, como era costume nos tempos do Império. Duas semanas mais tarde, foi criada a Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, de Rosário do Sul, que também está completando seus 160 anos de criação.
            Antes disso, já em 1852, foi criada a capela curada, também por decreto provincial de 18 de novembro, que possibilitou a vinda do primeiro padre a fixar moradia em nosso município, que era o Padre José Tavares Rios Bastos, que aqui chegou em 1853, permanecendo em Dom Pedrito até a sua morte, ocorrida em 14 de outubro de 1887.

            Algumas atitudes nos movem nesta comemoração, unidos ao jubileu dos sessenta anos da Diocese de Bagé: gratidão, memória, santidade, compromisso, esperança.

“Gratidão pelos seus feitos / Neste pampa, neste chão
 Na coragem e bravura / Realizando sua missão.”

            Gratidão pelo caminho andado, mesmo antes da criação da Paróquia, com a devoção à Nossa Padroeira, a Mãe do Patrocínio, trazida pelos primeiros moradores, que lhe deram o nome de Nossa Senhora do Patrocínio de Dom Pedrito.

            Gratidão por tantos homens e mulheres que aqui cultivaram a sua fé e a sua religiosidade. Por tantos padres, religiosas e religiosos que assumiram este chão como sua terra.

            Gratidão pela evangelização, perseverança, por terem semeado tantos valores e plantados tantos testemunhos.
             Memória de tantas personagens que por aqui passaram, criaram raízes, deixaram marcas.

            Santidade que nos faz caminhar sempre, vivendo a fidelidade ao nosso Batismo, alimentados na Eucaristia, iluminados pela Palavra de Deus, fortificados na comunidade, na busca de sermos “santos como Deus é santo”.

“Compromisso deste povo/ No passado e no presente
Projetando seu futuro / São os elos da corrente.”

            Compromisso com o futuro, com a continuidade, com uma Igreja cada vez mais comunhão e participação, samaritana, misericordiosa, em profunda comunhão com o Papa Francisco, com o Bispo Diocesano, com a CNBB e suas Diretrizes de Ação Evangelizadora.

“Esperança, eis a meta / Na união buscando a Luz
De uma Igreja em saída / Seguidores de Jesus.”

                 A esperança é que nos move, nos anima, é nossa utopia, não nos deixa desanimar, nos faz acreditar que estamos construindo, juntos, o Reino de Deus. A esperança não nos deixa parados, nos faz caminhar sempre, desistir nunca.

                 Queremos fazer um grande canto de ação de graças à Maria, nossa Mãe, que deu o nome ao rio que alimenta nossa cidade e nossos campos, lavouras e rebanhos. Cantar nossa Mãe, que amparou e ampara seus filhos e filhas, como Mãe do Patrocínio, Mãe do Puro amor.
                
 Nossa Senhora do Patrocínio, rogai por nós.