quarta-feira, 29 de maio de 2019

Oração pela unidade cristã


             O ecumenismo é um movimento que procura promover o diálogo entre as Igrejas. A palavra Ecumenismo vem do grego Oikoumene, e quer dizer mesma casa ou casa comum.

          Ser ecumênico é dialogar com as diferentes tradições da mesma religião. No Cristianismo, temos várias tradições e experiências de fé em Jesus Cristo, tais como os católicos, os ortodoxos, os luteranos, os metodistas, os anglicanos, “os evangélicos”, os pentecostais...

 Ser ecumênico é buscar a unidade das Igrejas Cristãs. O diálogo entre muitas religiões, em busca de bens maiores e universais, é chamado de diálogo inter-religioso. Faz parte deste diálogo a luta contra a intolerância religiosa e a garantia da liberdade religiosa em suas várias formas

Ser ecumênico é reconhecer e respeitar, acolher como dom e graça, a diversidade das Igrejas e Comunidades no Cristianismo.
 Ser ecumênico é valorizar o essencial da nossa fé em Jesus de Nazaré, o Cristo, e no que Jesus viveu e anunciou – o Reino de Deus.
 Ser ecumênico é abraçar o sopro do Espírito Santo que sopra onde quer e como quer, em favor dos homens e mulheres, também através das Igrejas.
 Ser ecumênico é trabalhar unidos, cristãos e outras pessoas de boa vontade, na construção permanente de um mundo melhor, mais justo e mais fraterno.
Ser ecumênico é criar laços fraternos, que dialoguem as diferenças e permitam mútuo aprendizado e superação das feridas das separações.
Ser ecumênico é acolher a bênção que é a diversidade de testemunhos de seguimento de Jesus e serviço ao Evangelho.

       Ecumenismo não pode ser confundido com mistura de religião ou a mistura de todos cristãos numa nova Igreja ou num novo cristianismo. Também não é disfarce para uma Igreja dominar a outra ou para afastar a pessoa de sua Igreja e a trazer para a sua. Não é fazer todos concordarem em tudo e nem fingir que as diferenças não existem ou desvalorizar as normas de cada Igreja e nem abandonar o espírito crítico de qualquer grupo cristão.

         Temos boas e muitas razões para sermos ecumênicos. Foi um pedido de Jesus, na sua despedida, durante a oração sacerdotal (Jo 17,21). Também porque Igrejas que se agridem mutuamente prejudicam a pregação do Evangelho aos que não creem, dando um contratestemunho da Fé Cristã. O mundo precisa dessa demonstração concreta de que a paz é sempre possível, em especial entre as Igrejas e religiões. Outra boa razão é que Igrejas unidas têm mãos força para defender a justiça e realizar obras importantes na caridade e na promoção humana. Além disso, ter amigos é melhor e mais bonito do que te competidores ou inimigos. Cristo nos tem por amigo e deseja nossa unidade.

        A Semana de Oração pela Unidade Cristã 2019 nos convida a celebramos a justiça fundamentada na graça de Deus. Essa justiça nos desafia a olharmos para a complexidade dos problemas da humanidade e revermos relações de poder e a compreendermos que os interesses individuais ou de grupos econômicos não podem ser colocados acima dos seres humanos, da integridade da Criação e do bem estar da humanidade.




quinta-feira, 23 de maio de 2019

Muralha Verde


           O Papa Francisco tem insistido na importância e necessidade de cuidarmos da Casa Comum,de praticarmos uma ecologia integral, poi tudo esta interligado. Nestes dias, acompanhamos uma boa notícia. Trata-se do projeto “A Grande Muralha Verde”, que pode ajudar a salvar a vida do nosso planeta. Trata-se de um projeto em que catorze países do continente africano colaboram, plantando milhões de árvores em torno do deserto do Saara

       O investimento inicial foi de mais de 6.000 milhões de euros, e o objetivo da Grande Muralha Verde é dividido em duas partes: Por um lado, procura acabar com o efeito negativo da mudança climática. Por outro lado, tenta evitar a desertificação de terras habitadas por milhões de agricultores.
        O principal objetivo deste projeto é acabar com as mudanças climáticas e estão indo muito bem.        Em 2004, a África sofreu sérias consequências devido a isso e, desde então, mais de 20 países começaram a se projetar para deter as mudanças climáticas.

        Deve-se destacar que as organizações internacionais também se uniram para criar a Grande Muralha Verde da África. O projeto começou em 2007 após sua aprovação pela União Africana e os resultados impressionaram o mundo.
        Em princípio, eles planejaram fazer uma parede de árvores de quase 8.500 km de comprimento e 15 km de largura entre o Senegal (oeste) e Djibuti (leste). Com isso, eles pretendem impedir o crescimento do Saara ao sul e evitar que se expandisse ainda mais.


      Depois de dez longos anos de trabalho, já é possível ver os bons resultados em países muito colaborativos como o SenegalMilhões de árvores foram plantadas hoje e um grande número é de espécies nativas, como a ameixa indiana, a árvore do deserto ou as acácias. Logicamente, estas árvores foram escolhidas porque se adaptam aos severos climas africanos, especialmente as acácias que resistem às secas e a sua sombra salvam o uso da água em explorações agrícolas.

             Somente na Nigéria, a muralha verde foi responsável por recuperar 5 milhões de hectares de terras. No Senegal foram 12 milhões de hectares; na Etiópia, 15 milhões. Milhares de pessoas tiveram sua vida transformada drasticamente pelo plantio das árvores, que propiciaram a recuperação de poços artesianos, aumentaram a capacidade agrícola de dezenas de cidades e ofereceram oportunidades de trabalho e renda para os habitantes locais.
          Ainda há muito trabalho, já que o projeto não é apenas plantar árvores. Uma represa e um enorme sistema de irrigação também serão construídos para aumentar a agricultura nos países da África.

           A muralha poderia impedir uma catástrofe humanitária no futuro devido à fome. De acordo com relatórios da ONU, estima-se que cerca de 500 milhões de africanos irão testemunhar o agravamento da qualidade de vida devido ao aquecimento global. Eles também mencionaram que cerca de 50 milhões de pessoas ficaram desabrigadas por causa da desertificação do Saara e do Sahel.
           Quem desmata, mata. Quem semeia, planta vida. Deus fez os rios, as florestas, as terras férteis como fontes de alimento e nós as destruímos, matamos e vamos acabar nos matando também.



sexta-feira, 17 de maio de 2019

A novidade do Evangelho

        Qual a grande novidade do cristianismo, que devemos retomar hoje? Qual é o novo mandamento que Jesus veio anunciar? O que é a religião verdadeira? A pergunta também aparece na Bíblia, sinal de que já naquela época havia dúvidas ou concepções diversas e contrastantes da religião. Hoje, na época de mudança em que nos encontramos, a pergunta se torna ainda mais premente. O que é mesmo religião? Estou certo ou estou errado?

       Alguns acham que a religião consiste em amar a Deus e deixar tudo por conta dele. Ele que se vire... É uma espécie de fatalismo. Deus, o todo-poderoso, tem que tomar conta de tudo. Nós só devemos aceitar a vontade de Deus, sem discutir.

        Jesus não fala assim. Ele quer que seus discípulos amem a Deus como ele próprio, Jesus, ama. E para Jesus o amor a Deus, o Pai, nunca está separado do amor aos irmãos e irmãs. Só agindo como Jesus agiu, seremos reconhecidos como seus discípulos, como verdadeiros cristãos, como membros da religião verdadeira.
       A resposta está no discurso de despedida de Jesus, seu testamento, que está no Evangelho de João, capítulos treze ao dezessete.

       O Mestre não exige muito dos seus seguidores, apenas que se amem uns aos outros. Na verdade, o mandamento do amor já existia no Antigo Testamento, mas Jesus o transforma no novo mandamento. Nada tira, só acrescenta. A novidade está na extensão, no motivo e na medida: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Em outras palavras: ao ponto de doar a própria vida de forma gratuita. Este“como” é a novidade: como o Pai me amou, como o Pai me enviou. Significa que devemos amar como Deus ama, com a grandeza do coração de Deus, à semelhança Dele. Assim realizaremos a nossa vocação de filhos, criados à semelhança do Pai. Amar como Deus ama! É a nosso desafio, é a nossa vocação.
   É justamente amando gratuitamente até as últimas consequências, se for preciso, que demostraremos que somos seus discípulos.

       O amor autêntico e verdadeiro é a marca e a característica de quem se propõe seguir os passos do homem de Nazaré. “Assim todos reconhecerão que sois meus discípulos”.
     O Mestre não pede amor para si, mas aos irmãos e às irmãs. Este será também o caminho da propagação eficaz da mensagem.    

      Não basta aderir a Jesus individualmente. É necessário demonstrar isso no compromisso amoroso com o próximo. A adesão a Jesus necessita ser expressa no cumprimento solidário com os sofredores. Essa é a prova mais cabal de que amamos a Deus. Se não amamos as pessoas não temos como provar que amamos a Deus. “Quem diz que ama a Deus e não ama seu irmão é mentiroso”, conforme diz a Primeira Carta de João.

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Pilares

            As novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil para o próximo quadriênio (2019 a 2023), foram aprovadas pelos participantes da 57ª Assembleia Geral, em Aparecida.
           O central nas Novas Diretrizes é um novo chamado de retorno às fontes para olhar a experiência das comunidades primitivas e, inspirados por elas, formar, no hoje da história e na realidade urbana, comunidades eclesiais missionárias. “Que essas comunidades eclesiais missionárias tenham jeito de casa, de acolhida, não uma coisa estática, de paredes simplesmente, ou da estrutura física. Mas, acima de tudo, as diretrizes falam de um jeito de ser, de uma postura que lembre, evoque a ideia da casa que acolhe, que é espaço de ternura e misericórdia”, disse padre Manoel de Oliveira Filho, membro da Comissão do Texto Central.

            O texto das diretrizes contempla os quatro pilares essenciais na fé cristã e na evangelização: PALAVRA, PÃO, CARIDADE e MISSÃO. Na proposta das diretrizes, a casa é sustentada por esses quatro pilares essenciais.
a) Palavra: é a Palavra de Deus e a iniciação à vida cristã;
b) Pão: é a liturgia e a espiritualidade;
c) Caridade: é o acolhimento fraterno e o cuidado com as pessoas, especialmente os mais frágeis e excluídos e invisíveis;
d) Missão: é impossível fazer uma experiência profunda com Deus na comunidade eclesial que não leve à vida missionária.

       A realidade urbana fragmentada, carregada de luzes e sombras, mas também cheia de potencialidades, é definida muito mais do que um lugar social geográfico mas como uma mentalidade e cultura. “Nesta realidade a Igreja é convidada a ser presença. Como casa. Como comunidade eclesial missionária”, reafirmou.
        A diretrizes apontam para um rumo muito bonito, porque partem de uma perspectiva de encontro com Deus e com os irmãos, numa dinâmica de acolhida, de portas abertas, de ir ao encontro, de espera e acolhida ativa para formar as comunidades.
          As Igrejas e comunidades são convidadas a serem luzeiros no meio do mundo. As comunidades podem estar em qualquer lugar: no condomínio, numa praça, no trabalho. “Mas também nas paróquias, comunidades, nos colégios católicos, nas obras sociais”, disse.
As novas diretrizes apontam para rumos e horizontes de avanço, de comprometimento apostólico e de comprometimento profético-transformador”, destacou.
        A profecia não se dá apenas pela denúncia, embora seja fundamental, hoje mais do que nunca, mas também pelo anúncio de um jeito novo de ser e de viver.
        A partir de agora, todas as instâncias, as pastorais e organismos, as dioceses, toda vida eclesial precisam entrar neste rumo, na direção apontadas pelas Diretrizes. “Seguir este caminho, acreditar no projeto e proposta. Vamos todos precisar, como Igreja, fazer um caminho de conversão, ler, estudar, colocar na mente e descer para o coração para transformar em realidade”, disse.
       A CNBB apresenta diretrizes mais gerais, não apresenta um plano. Após a assembleia, segundo padre Manoel, o plano deve ser feito por cada instância da Igreja nas diferentes realidades. “Se a gente acredita no projeto vamos encontrar um caminho para que ele se torne real”, concluiu.



quinta-feira, 2 de maio de 2019

Educar é conscientizar


       É praticamente unanimidade que a grande revolução, que muda um país, é a educação. E educação em todos os níveis e setores, em investimentos e prioridades.
          Aprendemos que, mais do que um simples repasse de conhecimentos, a educação deve ajudar a pessoa a pensar, a tomar consciência de sua dignidade e responsabilidade. Paulo Freire ensinava que a educação deve englobar todo ser humano, em todas as suas atividades. Acima de tudo, educação é conscientização.
          Fomos surpreendidos com a declaração do ministro da educação, corroborada pelo presidente da república, que a educação é “para ensinar leitura, escrita e a fazer conta, 'e depois um ofício que gere renda para a pessoa e bem-estar para a família, que melhore a sociedade em sua volta'”. E sugeriram acabar com os cursos humanísticos, como filosofia e sociologia.
          "As declarações do ministro e do presidente revelam ignorância sobre os estudos na área, sobre sua relevância, seus custos, seu público e ainda sobre a natureza da universidade. Esta ignorância, relevável no público em geral, é inadmissível em pessoas que ocupam por um tempo determinado funções públicas tão importantes para a formação escolar e universitária, para a pesquisa acadêmica em geral e para o futuro de nosso país." (Declaração da Associação Nacional de Pós-graduação em Filosofia)
Por que se tem medo de filosofia e sociologia? Por que estas ciências incomodam?
                No Google, encontrei que “a filosofia nos faz sair da escuridão do comodismo e ir encontrar a luz da sabedoria das soluções. Ela nos faz entender o que é tido como inútil e perceber com clareza o que é útil. A filosofia serve para entendermos com clareza os conceitos usados no dia a dia, na ciência, nas artes, na religião, etc.” Em resumo, a filosofia nos faz pensar, nos faz ter amor e ser amigos da sabedoria.
         Também fui “googlar” sobre sociologia: “Sociologia tem por objeto a análise dos fenômenos sociais através de seus próprios métodos e teorias. A Sociologia como ciência, tem a necessidade de um estudo mais objetivo, em vista disso, existe uma diversificação teórica em relação ao objeto de seu estudo.”
       Ambas – filosofia e sociologia -, bem como as demais ciências humanas, nos ajudam a ver o mundo mais humanamente, mais eticamente, com um olhar amoroso, terno, porém crítico, sobre a realidade, em todas as suas dimensões: religiosa, econômica, política, ambiental, cultural, etc...
         Em 2015 também o Japão anunciou o término destes cursos. Todas as Universidades do País se levantaram, contrárias à concretização deste projeto. E o governo teve que voltar atrás, o ministro se demitiu e a educação integral continuou.
       Não podemos ver a educação como gasto, que gera lucros financeiros e econômicos. Aí entramos num pragmatismo muito perigoso. A utilidade da educação não se mede em diplomas gerados para gerar lucros ou para crescimento do PIB.
        A educação se mede pelo crescimento da cidadania, da participação de todos no bem comum, no crescimento da consciência humana, fraterna e solidária de uma sociedade.
         Nenhuma povo, nenhum país, nenhum governo deve ter medo do ensino da filosofia e da sociologia.