quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Viver, morrer, ressuscitar!


                Nascemos, existimos, morremos!
                Morremos? Ou continuamos a nossa vida?
                Nascemos para morrer ou vivemos para ressuscitar?

      As respostas a essas perguntas dependem da visão que temos da vida, de Deus, qual nossa crença, onde colocamos nossa confiança...
    A comemoração de finados, lembrando os falecidos, é uma ótima oportunidade para refletirmos sobre a vida. Atrevo-me a afirmar que vivemos como cremos: se não cremos numa vida após a morte e não cultivamos uma fé, nossa vida pode ser levada de qualquer jeito. Afinal, viver para que, se tudo termina no caixão ou no cemitério?
   Uma pessoa que crê – e que crê na vida após a morte -, ela vive diferente. Vive não só “para esse mundo”, mas se prepara para a eternidade. Ela é uma pessoa mais dedicada à família, ao próximo, à solidariedade, ao perdão. Para quem não crê, viver para que? Um personagem de Shakeaspeare disse certa vez que “que se não existe vida depois dessa vida, melhor seria cravar-me um punhal no meu peito e acabar com tudo, pois a vida não tem sentido”.
     O que dá sentido à vida é a morte! Não se assuste: o que dá sentido a nossa existência é a preparação para a passagem para a vida eterna.
       Para nós, cristãos, o “último inimigo” já foi vencido. Cristo ressuscitou! Venceu a morte.
     Precisamos nos preparar para esse momento tão importante. E preparar nossos familiares, para evitar surpresas e desesperos.
     E no dia de finados, agradeçamos a Deus a existência de nossos entes queridos que partiram. Rezemos por eles. E lembremos: a melhor homenagem que podemos fazer para quem partiu é lembrar as coisas boas que eles nos ensinaram e imitar os bons exemplos que nos deram.

Exéquias

Padre Zezinho
Como nuvem passageira é nossa  vida                                                                                                    
e quem nos leva quem nos leva é o sopro do Senhor,
e não importa, não importa nem dinheiro nem poder
feliz daquele que ao chegar aquela hora
está sereno e preparado para morrer.
não importa quantos anos viveremos.
Ao chegar a nossa hora derradeira
o Senhor perguntará o que fizemos.
os que amaram como Deus mandou amar
quem lutou pra ver feliz outras pessoas
eternamente lá no céu irá morar.
acreditamos que ao Senhor pertence tudo
o que Ele fez, Ele fez foi por amor.
Como nuvem passageira é nossa vida
Somos todos como nuvem passageira,
Lá no céu só vão entrar os amorosos





quinta-feira, 24 de outubro de 2019

O pacto das catacumbas


       Ao final do Concílio Vaticano II, no dia 16 de novembro de 1965, um grupo de 40 participantes se comprometeram a viver uma vida de pobreza e sem privilégios. Entre os mais conhecidos estava Dom Hélder Câmara, na época arcebispo de Olinda e Recife – cujo processo de beatificação está em andamento no Vaticano.
           Durante o Sínodo para a Pan-Amazônia, que está sendo realizado em Roma desde o dia seis de outubro, o gesto foi repetido. Um grupo de duzentos participantes, se reuniram, no dia 20 de outubro, nas catacumbas de Domitila (catacumbas são os locais que recordam os primeiros cristãos de Roma).
       Liderados pelo Cardeal D. Cláudio Hummes, assumiram o compromisso de defender os pobres, os territórios e a "floresta em pé" na Amazônia. O novo compromisso tem quinze pontos "por uma Igreja com rosto amazônico, pobre e servidora, profética e samaritana". Em resumo, o texto diz que os signatários se comprometem a:

  • ·                  Assumir a defesa dos nossos territórios e com nossas atitudes a selva amazônica em pé;
  •                    Denunciar o aquecimento global e o esgotamento dos recursos naturais, mantendo um estilo de vida sóbrio, simples e solidário, reduzindo o desperdício e usando o transporte público;
  •                    Reconhecer que não somos donos da mãe terra, mas seus filhos e filhas;
  •                    Promover uma ecologia integral, na qual tudo está interligado;
  •                    Acolher e renovar a cada dia a aliança de Deus com todo o criado;
  •                   Renovar em nossas igrejas a opção preferencial pelos pobres, especialmente pelos povos originários, e junto com eles garantir o direito de serem protagonistas na sociedade e na Igreja;
  •                   Ajudar a preservar terras, culturas, línguas, histórias, identidades e espiritualidades dos povos indígenas e denunciar todas as formas de violência contra eles e outras injustiças nos direitos dos pequenos;  
  •                  Abandonar, em nossas paróquias, dioceses e grupos toda espécie de mentalidade e postura colonialista, acolhendo e valorizando a diversidade cultural, étnica e linguística;
  •                  Anunciar a novidade libertadora do Evangelho de Jesus Cristo, na acolhida ao outro e ao diferente;
  •                        Caminhar ecumenicamente com outras comunidades cristãs no anúncio inculturado e libertador do evangelho, e com as outras religiões e pessoas de boa vontade, na solidariedade com os povos originários, com os pobres e pequenos, na defesa dos seus direitos e na preservação da Casa Comum;
              Instaurar em nossas igrejas particulares um estilo de vida sinodal;

·           Empenhar-nos no urgente reconhecimento dos ministérios eclesiais já existentes nas comunidades, exercidos por agentes de pastoral, catequistas indígenas, ministras e ministros e da Palavra;

·             Tornar efetiva nas comunidades a nós confiadas a passagem de uma pastoral de visita a uma pastoral de presença, assegurando que o direito à Mesa da Palavra e à Mesa de Eucaristia se torne efetivo em todas as comunidades;

·                   Reconhecer os serviços e a real diaconia do grande número de mulheres que hoje dirigem comunidades na Amazônia e procurar consolidá-los com um ministério adequado de mulheres dirigentes de comunidade;

·               Buscar novos caminhos de ação pastoral nas cidades onde atuamos, com protagonismo de leigos e jovens, com atenção às suas periferias e aos migrantes, aos trabalhadores e aos desempregados, aos estudantes, educadores, pesquisadores e ao mundo da cultura e da comunicação;

·               Assumir um estilo de vida alegremente sóbrio, simples e solidário com os que pouco ou nada tem; reduzir a produção de lixo e o uso de plásticos, favorecer a produção e comercialização de produtos agroecológicos, utilizar sempre que possível o transporte público;

·                Colocar-nos ao lado dos que são perseguidos pelo profético serviço de denúncia e reparação de injustiças, de defesa da terra e dos direitos dos pequenos, de acolhida e apoio a migrantes e refugiados. Cultivar amizades verdadeiras com os pobres, visitar as pessoas mais simples e os enfermos, exercitando o ministério da escuta, da consolação e do apoio que trazem alento e renovam a esperança.


quarta-feira, 16 de outubro de 2019

A espiritualidade em nossa vida

         Um dia, durante um retiro, o assessor disse para nós: “Quem não reza, vira bicho! Pode ser jovem ou adulto, padre ou religiosa, leigo ou consagrado!” Nunca mais me esqueci disso. E sempre repito esta frase quando quero falar de oração e de espiritualidade.

          Na vida e na correria da mesma, existe o perigo do ativismo, do corre-corre, às vezes até porque a necessidade nos obriga a isso. E como ninguém pode dar o que não tem, é preciso sempre buscar de novo, reabastecer-se de novo. É preciso fortalecer o que se enfraqueceu, encher o que se esvaziou.

            Nossas atividades, mesmo intensas, não podem prejudicar ou negar a nossa vida espiritual. O que prejudica é o comodismo, ou um dos sete pecados capitais = a preguiça. Nossa vida deve ser organizada de maneira tal que tenhamos tempo para tudo. Também para nos abastecer.

            Um dos graves problemas de nossa vida, também da espiritualidade, é a superficialidade, o ficar só na casa, na superfície e não mergulhar, “de corpo e alma”, na vida. As atividades, a família, até mesmo o lazer, não nos devem empobrecer ou prejudicar espiritualmente, mas animar e revigorar.

           Na literatura mística se diz que é preciso ver o Senhor tanto no trabalho e na profissão quanto na oração e no recolhimento. E isso nos dá um rumo na vida, nos faz ver com outros olhos (os olhos da fé), nos faz encarar a vida e as situações que ela nos apresenta de outro modo.

            Uma pessoa que reza e que abastece sua fé é uma pessoa bem espiritualizada e bem resolvida, que transpira Deus, e não só fala de Deus. Rezar e trabalhar pode ser sempre a mesma repetição de atos, fatos, palavras e ritos. Mas ser fizermos isso com o objetivo de servir o Senhor, doarmo-nos ao Senhor, então será sempre prazeroso de novo.

           É preciso refazer, diuturnamente, nossa vida e nossas opções. Só assim serviremos com alegria e viveremos felizes. E dar tempo para o silêncio. No Sínodo que está acontecendo em Roma, sobre a Pan-Amazônia, depois de quatro intervenções, os participantes permanecem quatro minutos em silêncio, para escutar o Espírito Santo, escutar o que Deus fala.

            Que aprendamos o valor, a importância e a necessidade da oração em nossa vida. Como nos ensinam tantos místicos do cristianismo e fora dele, igualmente.

quarta-feira, 9 de outubro de 2019


Aparecida e Sínodo

        
      Na semana da novena em honra à Padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, começou o Sínodo para a Pan-Amazônia.
         Os temas caminham juntos: Com Maria, escolhidos e enviados em missão! O tema da Novena e Festa e todo o material de divulgação quer motivar os devotos a refletirem sobre a missionariedade e os desafios do povo da Amazônia, inspirados no Sínodo e traz as discussões sobre Amazônia – novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral.
        Sínodo é uma palavra que quer dizer caminhar juntos. No discurso de abertura, o Papa Francisco falou que este sínodo tem quatro dimensões: pastoral, cultural, social e ecológica.  “A primeira é essencial porque abarca tudo e vemos a realidade da Amazônia com olhos dos discípulos, porque não existem hermenêuticas neutras, assépticas, sempre estão condicionadas a uma opção prévia, e a nossa opção prévia é a dos discípulos. Mas também com olhos missionários, porque o amor que o Espírito Santo colocou em nós nos impulsiona ao anúncio de Jesus Cristo."
         Novos caminhos diante dos desafios. Este é o grande tema, que serve para todos nós, não só na Igreja. Diante dos muitos desafios e diante de novos problemas, não podemos usar o mesmo remédio de sempre. Os tempos são outros. Os desafios são muitos. As soluções devem sempre acompanhar a realidade. Não podemos usar remédio velho para doença nova.
         Fazer sínodo é caminhar juntos.
        A Igreja deve ter esta dimensão da sinodalidade e a dimensão da missionariedade. A Igreja precisa definir novos caminhos. “Ela (a Igreja) não pode ficar sentada em casa, cuidando de si mesma, cercada de muros de proteção. Muito menos ficar olhando para trás com certa nostalgia de tempos passados. Precisa abrir as portas, derrubar muros que a cercam e construir pontes, sair e pôr-se a caminho na história”, disse o Cardeal Cláudio Hummes, brasileiro, relator do Sínodo.
         “A Amazônia é uma terra de missão, com características próprias, que exigem de nós adequadas propostas para dar uma resposta à necessidade de evangelizar. Por outro lado, o Sínodo deverá enfrentar a provocação causada pela questão ambiental, respondendo com uma ecologia integral”, falou o Cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário geral do sínodo.
          É esta a proposta do Sínodo para a Amazônia: encontrar caminhos novos para a missão da Igreja e para uma ecologia integral. Caminhos novos para a Igreja, para que passemos de uma Igreja que visita para uma Igreja que permanece, que acompanha e se faz presente na vida do povo, especialmente nas comunidades mais distantes dos centros urbanos, as comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas, pequenos agricultores. Para isto se faz necessário rever os critérios para os ministérios ordenados e inspirados pelas primeiras comunidades, conforme nos apresenta os Atos dos Apóstolos (6, 1-7), criar novos ministérios para responder às necessidades da comunidade.
         Caminhos novos para uma ecologia integral para que possamos assumir, como parte de nossa missão evangelizadora, a defesa da vida, a vida do território amazônico, de seus povos, da igreja e do planeta.



quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Outubro missionário



           Chegou outubro: da primavera, dos idosos, das crianças, da Mãe Aparecida, de Santa Teresinha das rosas, da prevenção contra o câncer, com sua cor rósea, da Feira do Livro em Dom Pedrito, debutando na sua décima quinta edição, do aniversário de Dom Pedrito, das semeaduras, esquilas e brotações.

         Outubro missionário, no seu mês extraordinário, nos convidando a criar uma cultura missionária em nossa Igreja. A missão de testemunhar Jesus Cristo tem sua raiz na Fonte do Sacramento do Batismo. Em sintonia com isto, o tema do Mês Missionário, proposto pelo Papa, é “Batizados e enviados: A Igreja de Cristo em missão no mundo”. Na mente do Santo Padre está a necessidade de renovação dos compromissos missionários, com um destaque especial de atuação, no contexto do mundo moderno.
        A fé em Deus é a base para o trabalho missionário. Para realizar essa tarefa, o cristão deve testemunhar Jesus Cristo na normalidade de sua vida. O Papa Francisco diz que é realizar o “ordinário de forma extraordinária”. Para São Francisco de Assis, anunciar o Evangelho se faz com a vida e, “se for necessário, use palavras”, pois exemplos arrastam e palavras apenas comovem.
        Ao anunciar oficialmente o Mês Missionário Extraordinário, o Papa Francisco ressalta que a vida divina, que vem do Batismo, não pode ser vendida e nem descartada. É uma mensagem de salvação, proclamada pelos Evangelhos, recebida de graça e deve ser também comunicada de forma graciosa, no espaço e no tempo. Ela é um verdadeiro dom destinado a todas as pessoas de boa vontade.
       O Mês temático de outubro, que exige uma conversão missionária dos cristãos, reforça a urgência de uma Igreja em saída, que está em missão no mundo, com os olhos e o coração de Deus. Nessa tarefa ninguém é inútil e nem insuficiente, principalmente para aqueles que amam a Deus e procuram vivenciar os compromissos de seu batismo, na paternidade de Deus e na maternidade da Igreja.
       Como cristãos não podemos ficar afogados, fechados e isolados no próprio mundo, convivendo com um secularismo difuso dos dias de hoje. É preciso ter consciência de que sem a presença divina de Jesus Cristo na vida diária da comunidade, a fraternidade fica ameaçada, impossibilitando a ação missionária. Que Maria, a grande missionária da Igreja primitiva anime nossos missionários.