domingo, 20 de setembro de 2020

 

A Bíblia e o chimarrão 

          Setembro é lembrado por muitas comemorações e celebrações. Quero destacar duas neste nosso olhar de fé de hoje: mês da Bíblia (para os católicos) e a Semana Farroupilha.

            O que ambos têm em comum? A tradição. A hospitalidade. A busca e o cultivo da fraternidade. O criar laços e construir pontes.

          Tomar chimarrão é um hábito e uma tradição, herdada dos índios e cultivada por todos os gaúchos, sejam brasileiros ou não. Conhecemos toda a mística do tomar o mate.

            É bom tomar mate sozinho. Principalmente quando queremos estar sós, meditando, estudando, rezando... Nas madrugadas da vida ou nas solidões dos estudos. Mas é muito bom também sorver o chimarrão com a família, com os amigos, no lazer ou no trabalho, nas visitas ou nas reuniões.

            O mate aproxima, não afasta ninguém. Todo mundo, conhecido ou estranho, recebe a cuia, que irmana, cria amizade e cumplicidade.

 Para quem nunca tomou, faz cara estranha, fala que é “quente, amargo, ruim, horrível...” Mas na medida que vai se habituando, nunca mais deixa de tê-lo como companhia.

Tudo o que falei acima, vale igualmente para a Bíblia Sagrada. E ela é a Palavra de Deus.

Para quem nunca ou pouco lê a Bíblia, diz “que é muito difícil, insossa, não consigo entender o que leio, não tem graça”, etc... Mas na medida em que a vamos tornando próxima de nós e vamos criando o hábito da leitura diária e seu, nunca mais a deixamos.

É bom ler a Bíblia sozinho, no silêncio do quarto ou do escritório, na cozinha ou embaixo de uma árvore ou em outro local. Até acompanhado de um bom mate. Precisamos dela. Mas melhor ainda é lê-la com os outros: na família, no grupo de oração ou de estudo, na comunidade, na Igreja. Para quem não está habituado, vai estranhar nas primeiras vezes. Mas depois que criar o gosto, nunca mais vai largar. E vai sentir falta quando não puder participar.

Existem muitos jeitos de se fazer o chimarrão. Cada um descobre o seu. Não existe uma receita só. Assim também com a Bíblia. Quero apresentar um jeito. Cada um deve descobrir o seu.

Como ler a Bíblia

        É preciso dedicar um tempo diário para estudar e meditar a Bíblia: pode ser pela manhã, logo após o acordar; ou, depois do almoço ou da janta; ou, Antes de dormir; ou, ainda, qualquer outro horário que se adapte ao seu tempo livre. A quantidade de tempo também pode ser livremente estabelecida: dez, quinze, trinta minutos ou mais. Quanto mais tempo você tiver, melhor!

          É necessário dividir o tempo: um terço de leitura e dois terços de estudo e oração.   Assim se você resolver dedicar quinze minutos diários, use cinco minutos para leitura e dez minutos para o estudo. Após estabelecer o horário que melhor o satisfaça, cumpra-o rigorosamente, não esquecendo nem adiando nenhum dia, mesmo que se sinta cansado. Lembre-se: devemos amar a Deus sobre todas as coisas!

            Com a Bíblia na mão e o caderno de anotações, inicie o seu estudo com uma oração ao Espírito Santo, pedindo que o ilumine. Selecione a leitura. Você poderá seguir a sugestão da Igreja e ler as leituras programadas para o tempo litúrgico ou ler a Bíblia na forma sequencial, particularmente sugiro que se comece pelo Novo Testamento (este ano estamos sugerindo o livro do Deuteronômio). Após a leitura, inicie o estudo, tomando nota das passagens que mais o tocam e as coloque em prática.

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

                                  Abre a tua mão para o teu irmão 

“Veja bem! Não deixará de haver pobres no meio da terra. 

É por isso que eu lhe ordeno:  abra a mão em favor do teu irmão, do seu pobre e do seu necessitado, na terra onde você está” Dt 15,11). 


 

         Em tempos especiais, mais do que nunca é preciso ter gestos e atitudes especiais. Este ano estamos mergulhando do tema do cuidado com a vida, ainda motivados pela Campanha da Fraternidade, mas sobretudo pela pandemia que atingiu a humanidade.  


         As leis sempre devem proteger os mais fracos e vulneráveis, os fracos e indefesos. Os fortes sabem se defender e os que têm igualmente. Uma lei que privilegia os ricos, os poderosos, os fortes, é uma lei injusta e discriminatória. 


        Três categorias são consideradas como as mais vulneráveis na Bíblia, especialmente no Antigo Testamento: os órfãos, as viúvas e os estrangeiros. E Jesus, na Parábola do Juízo Final, em Mateus 25, 31-46, se identifica com eles, nas obras de misericórdia.  


      O Livro do Deuteronômio foi escrito para ajudar a organizar a sociedade pós exílio. É como se hoje o Papa Francisco está escrevendo uma encíclica para os tempos pós pandemia, recordando que somos todos irmãos. 


          É um livro que propõe que devemos usar a lei do amor. Se Deus nos ama, nós devemos amar a Deus. E amar a Deus é ser fiel à sua Aliança e colocar em prática os seus mandamentos, “que são gravados no coração” (Dt 6,6).

 

     O amor é gratuidade e exigência. Deus não escolheu Israel pela importância ou qualidades que ele não possui. Deus o ama e pede-lhe que retribua esse amor. “Foi por amor a vocês e para cumprir a promessa. É por isso que Javé os tirou com mão forte e os resgatou da casa da escravidão, da mão do faraó, rei do Egito” (Dt 7,8).  


         Deus é fiel à Aliança e quer que o seu povo também seja fiel. E todo o conjunto de leis, normas, decretos e prescrições do Livro do Deuteronômio são para ajudar neste caminho. E para quem observa estas leis “tudo correrá bem. Assim você vai prolongar sua seus dias” (Dt 4,40). 


          Vale a pena ler e estudar o Livro do Deuteronômio, sugerido como estudo para este ano.