Ele é um de nós

Um Olhar de Fé:

“Deus amou tanto o mundo que nos deu o seu próprio Filho, para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).

............O Menino nascido no estábulo é quem nos explica como é o Deus invisível. Ele é a fala de Deus. A fala eterna, anterior à criação e a fala que agora se manifesta. Ele nos fala ainda hoje, basta prestar atenção, estar alertas.

............Ele é a fala e é o Filho. Se Deus havia falado por meio dos profetas, agora nos fala diretamente no Filho, que é a sua fala. Ele é o Filho que nos faz filhos, nascidos de Deus, livres de qualquer escravidão. Ele é o Filho que realiza o que a Lei manda, mas não faz. Ele é o Filho reclinado à direita do Pai que nos faz a exegese de Deus que ninguém jamais viu.

............É preciso vencer a tentação de ver Deus no poder como os poderes podres deste mundo, de ver Deus nas grandezas monumentais de pés de barro deste mundo, de ver Deus nos espetáculos fúteis e enganadores deste mundo. É preciso aprender a ver Deus em Jesus. Só Ele, nenhum imperador deste mundo, nos revela quem é Deus.

............Que belos são os pés daquele que vem ligeiro trazendo a Boa-nova! O que ele anuncia é que agora Deus reina. O reinado de Deus se manifesta quando os cativos deste mundo adquirem liberdade, os desalojados voltam para casa, os expatriados voltam à sua cidade. A Boa-nova, o Evangelho, é que Deus liberta os cativos e repatria os exilados, deixa a todos livres e em casa.

............Natal é a festa da ternura de Deus pela humanidade. “O Verbo, a Palavra eterna, a Sabedoria, o Filho amado do Pai se faz pequenina e frágil criança, filho de um casal de pobres, provindo de um recanto do mundo, de onde ninguém esperava nada de bom!” (Jo 1,40).

............Natal é a celebração da realização da promessa de Deus de fazer uma aliança eterna de amor com toda a humanidade e de estabelecer o seu Reino no mundo.

Ele vem... E vemos seus sinais

Um Olhar de Fé:

“Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais
Tu vens, tu vens
Eu já escuto os teus sinais”.

............Assim canta Alceu Valença, em “Anunciação”. De que sinais o poeta está falando? Quais são os sinais que mostram os sinais do Reino de Deus no meio de nós?

............Nos tempos de João Batista, ele manda perguntar a Jesus se Ele era o Messias ou deveriam esperar um outro. E Jesus manda dizer aos enviados de João que voltassem e contassem “o que estavam ouvindo e vendo” (Mt 11, 4). E quais eram esses sinais? “Os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e uma boa nova chega aos pobres” (v. 5).

............Costuma-se dizer que “pelo andar da carruagem, já se sabe quem vem dentro”. E não é verdade? Identificamos pessoas, propostas, grupos, por certos sinais concretos que nos indicam parta que lado pendem as intenções de quem nos fala. Se nos falam de humildade com atitudes arrogantes ficamos logo desconfiados de que a conversa não é sincera.

............O mesmo fazem os demais a nossa respeito. Uma boa revisão de vida, neste Advento, como preparação ao Natal, poderia partir das perguntas:

............- Minha vida apresenta sinais concretos daquilo que rezo e celebro na Igreja?

............– Que imagem de cristianismo as pessoas podem ter a partir do que eu faço?

............– Pelo andar da minha carruagem, que tipo de pessoas parece vir dentro de mim?

............É o projeto de Deus – e não outro – que deve alimentar nossa esperança de vida plena, mesmo quando os grandes problemas da sociedade parecem apontar noutra direção.

............Precisamos gritar o Evangelho com nossa vida, com nossas opções e nosso jeito de ser. A carruagem de nossa vida deve se encaminhar para um futuro melhor, onde sejamos capazes de criar ânimo e vencer todo medo e toda fraqueza.

............Que as luzes, festas, ceias, encontros, presentes não tirem o foco do verdadeiro sinal da presença de Deus em nosso meio. Que na nossa carruagem tenha lugar para o Menino Deus e seu projeto de vida e de amor.

Vivendo o Natal

Um Olhar de Fé:

............“Tudo seria bem melhor se o Natal não fosse um dia, e se as mães fossem Maria, e se os pais fossem José e se a gente parecesse com Jesus de Nazaré”.

............A vida não é estanque, mas dinâmica. Devemos viver cada dia como se fosse o último. Ou melhor: como se fosse o primeiro. Cada dia deve ser vivido e celebrado intensamente. Não vivemos em função de datas ou de comemorações.

............Na dinamicidade da vida, nos damos conta que todos os dias é nosso dia: dia das mães, dia dos pais, dia das crianças, dia da família, dia da caridade e da solidariedade. Vivemos não em parcelas ou como se tivéssemos gavetas. Mas viver no todo, no conjunto de nossa existência. Não separar fé e vida, lazer e responsabilidade, diversão e obrigação, embora cada momento tenha seu momento.

............Viver o Natal exige de cada cristão e de cada cristã uma adesão continuada e perseverante ao projeto de vida do Menino nascido em Belém, que é o Messias, o Cristo, o Salvador. Ele deve se tornar, de fato, Caminho, Verdade e Vida. Todos os dias.

............Seu ensinamento não é apenas uma luz, uma energia ou uma bela mensagem positiva. Seu ensinamento é o caminho do Amor: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. E o caminho do desapego: “Quem quiser me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me”.

............Viver o Natal é viver, todos os dias e os dias todos, no compromisso de ser um verdadeiro discípulo missionário do Deus-conosco, Emanuel!