quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

É Natal do Senhor

É Natal mais uma vez. Como os tempos passam com tanta rapidez! Celebrar o Natal é dar destaque para uma Festa de um aniversário sempre novo, porque o aniversariante não fica velho, e nem aquele que consegue encontrá-Lo nesse momento privilegiado do ano. É a presença de Deus na história do passado e do presente, realizando um plano de salvação, transformando o egoísmo e a violência em amor e paz.
Deus, ao enviar seu Filho ao mundo, fez uma trajetória humana, contando com a intermediação da jovem Maria de Nazaré, uma mulher autônoma, amorosa, livre e determinada para realizar o projeto pontuado pelos profetas no Antigo Testamento. Ação determinada pela decisão de uma mulher, superando todos os conceitos que privilegiavam o sexo masculino nas decisões.
No contexto do Natal, toda cena, que marcou a história do povo de Deus, envolvendo o recenseamento, a manjedoura e o nascimento de Jesus, foi preconizada por uma esperança messiânica de vida nova. Isso já estava contido no anúncio do Anjo a Maria, dizendo que ela daria a vida a um ser humano, mas também divino, pela ação do Espírito Santo.
Dizer hoje “Feliz Natal” para alguém é desejar que haja comprometimento com a Pessoa de Jesus Cristo. É como abrir espaço no coração, fazendo aí morada digna de Deus. Então, Natal é mais do que uma festa de um nascimento histórico. É uma vida divina que vem ao encontro de uma vida humana, para resgatá-la das amarras da servidão e da escravidão, que sufoca a dignidade das pessoas.
O Evangelho é muito claro quando fala de Jesus Cristo. Mostra a caminhada de José e Maria saindo da Galileia para a Judeia, para cumprir a ordem estabelecida pelo governador, de que todos deveriam ser recenseados. Maria estava nos últimos tempos de gravidez, tendo que enfrentar o desafio da carência de hospedagem na cidade de Belém, onde nasceu Jesus.
Natal é mistério, mesmo que a cultura hodierna não consiga atingir sua total dimensão e sua riqueza como resposta da fidelidade de Deus para com as necessidades do mundo. No meio de tantos desafios como violência, injustiça, desmandos, agressão à vida, Deus conduz a história num projeto totalmente de amor. Ele é o Emanuel, o Deus conosco, que quer de nós um “sim” de responsabilidade.

  

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Natal, tempo de construir a paz

Natal se aproxima, é tempo de amor,
Renasce a esperança de um mundo melhor.
Palavras e gestos promovem a paz,
Que vem do Deus vivo e na terra se faz.

            A época do Natal sempre nos faz mais sensíveis e humanos. Isso porque recordamos a realização das promessas de Deus, que jamais se esquece da humanidade e envia seu próprio Filho, que se faz gente como a gente, menos na fragilidade pecadora.
            Natal é tempo de relembrar a bondade de Deus para conosco. Um Deus misericordioso e bondoso, compassivo e clemente. Um Deus que caminha com seu povo ao longo de sua história, respeitando sua liberdade, mas não o abandonando. Um Deus presente e cuidador, sempre nos dando mais uma oportunidade para a mudança e a conversão.
            Natal é tempo de acolher a proposta divina. E aqui não pode haver indecisão: ou somos a favor, ou somos contra. Não existe meio termo ou o mais ou menos. Nossa opção deve ser pra valer, de corpo e alma, totalmente.
             Natal é tempo de acolher o Príncipe da Paz, como anuncia o Profeta do Advento, Isaías: “Seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai para Sempre, Príncipe da Paz” (Is 9, 5).
            Natal é tempo de renovação. É preciso deixar de lado as diferenças e atritos com aqueles que convivem conosco e recomeçar sempre de novo. Não deixar passar este tempo com ódio e rancor no coração, com inimizades e corações e mentes carregados de sentimentos vingativos. A fé nos ensina – e a psicologia nos confirma – que não devemos cultivar inimizades, que só fazem mal para nós mesmos. É preciso perdoar, recomeçar, renovar-se.
           Natal é tempo de ser solidário. Não por um dia ou por uma semana. A vida toda. Todos os dias, todos os anos. E ser solidário é ser humano, é ser justo, é lutar pela igualdade e fraternidade, partilha e direitos iguais, onde a justiça e a paz se abraçarão.
            Natal é tempo de dizer não à corrupção e à violência.  “Precisamos terminar com as castas que se enquistam no poder público distribuindo benesses e privilégios para os seus comparsas. Quem rouba milhões, mata milhões: não se defendem direitos humanos e sociais deixando impune a corrupção, sem tocar nos tentáculos das máfias do poder. Que o Evangelho do poder-serviço nos leve a construir um Brasil republicano, centrado na justiça, na integridade e no bem comum”, como nos diz o bispo de Campos (RJ), dom Roberto Francisco Ferreira Paz.

           Natal é tempo de construir a paz, nos convidam os encontros em preparação ao Natal em nosso Rio Grande do Sul. É tempo de superar violências e propor saídas para um mundo melhor. É tempo de anúncio: é possível um mundo melhor. Deus acreditou em nós e nos enviou o que tinha de mais precioso: o seu próprio Filho. É preciso que também nós acreditemos em nós.


quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Advento: tempo de esperançar

Um Olhar de Fé:

............A vida é dinâmica e começa sempre de novo. São Gregório de Nissa afirma que “na vida cristã vamos de começo em começo, através de começos sem fim”. Re-começar contínuo, no qual nos colocamos sempre de novo em sintonia com Aquele que plenifica nossa existência, dando sentido e inspiração ao nosso modo de ser e viver.

............Estamos re-começando mais um tempo litúrgico, sempre original e instigante: trata-se do Advento. É tempo de preparação, de recomeço e de continuidade.

............É tempo de olhar para a frente, para o futuro. É tempo de conjugar o verbo esperançar. Para isso, é tempo de vigilância, de estar acordados e sempre alertas.

............Esta vigilância evangélica é diferente de medo. Não temos medo do futuro nem da nova vinda do Senhor Jesus, mas sabemos da responsabilidade que temos, ou seja, viver como filhos e filhas de Deus, no amor, na fé e na esperança.

............Por que essa insistência em viver despertos, atentos e lúcidos, como nos pede o tempo do Advento? Porque, como dizia Antony de Mello, a grande tragédia da vida não é tanto aquilo que sofremos, mas aquilo que perdemos. Perdemos muitas oportunidades porque a dispersão e a distração nos acompanham sempre. E isso é justamente o que pretende a espiritualidade do Advento: despertar.

............De vez em quando, deveríamos ter a coragem de deixar ressoar em nós esta pergunta: “Você vive ou simplesmente sobrevive?”; pois o perigo de viver adormecidos ou de maneira superficial nos espreita continuamente. Aqui podemos recordar um texto de Henry Thoreau que se fez famoso graças ao filme “A sociedade dos poetas mortos”: “Fui aos bosques porque queria viver em plena consciência, queria viver a fundo e extrair toda a essência da vida; eliminar tudo o que não fosse a vida, para que, quando a minha morte chegasse, eu não descobrisse que não tinha vivido”. 

............Advento é tempo de darmo-nos conta de que somos finitos e transitórios. Não temos morada definida nesta terra e nem somos donos de nossa vida. O evangelho – o evangelista da vez – nos conta parábola de um homem que foi viajar e deixar os empregados responsáveis para cuidar de sua casa, dizendo que não saberia quando iria voltar. Assim acontece conosco. Somos apenas “caseiros”, não donos de nossa vida. Sempre devemos cuidar para que tudo esteja em dia.

............Advento não é, em primeiro lugar, preparar o natal de vinte e cinco de dezembro, mas o nosso natal, a nossa vida e o nosso encontro definitivo com o Messias.

............E qual é a melhor maneira de se preparar? Viver bem, com alegria e responsabilidade, com humildade e esperança.

............Que este tempo de advento e natal nos ajude a conjugar o verbo esperançar, para que o nosso viver seja cada vez mais um grande hino à vida, à fé e ao amor. 


terça-feira, 28 de novembro de 2017

Sal na terra e luz no mundo

            Na festa de Cristo Rei, a Igreja Católica no Brasil abriu o Ano Nacional do Laicato, lembrando os cristãos leigos e leigas. Todos os que pertencem ao Clero ou à Vida Religiosa Consagrada foram, a partir do batismo, primeiro leigos e leigas. Todos os cristãos temos, pois como identidade primeira, como nossa inclusão eclesial, o sacramento do Batismo.
No Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, encontramos duas definições para a palavra leigo:
·         Que pertence ao povo cristão como tal e não à hierarquia eclesiástica;
·         Que é estranho ou alheio a um assunto; desconhecedor.
Leigo é uma palavra que em sua origem grega deriva de "laós" ou "laikós" e significava "POVO", multidão, agregado social, mas no grego clássico tinha um sentido pejorativo de "povo inferior" ou multidão inferior ou iletrado. Assim distinguia o povo das elites sociais, letradas, cultas ou da hierarquia do poder político.
Também a Igreja começou a usar o termo "leigo" para quem não fosse da hierarquia e mesmo no sentido pejorativo em muitos casos de incultos. Até hoje em dia costuma-se dizer que alguém é "leigo" em determinado assunto, quando não conhece o tema, quando não domina certo assunto ou ciência.
A Igreja Católica, no Concilio Vaticano II usou a palavra leigo na Constituição Dogmática "Lumen Gentium" e lhe deu um significado positivo. Definiu, no nº 3, por leigos "o povo de Deus".
Ainda no mesmo documento conciliar, no nº 31, define que "pelo nome leigos são compreendidos todos os cristãos, exceto os membros de ordem sacra e do estado religioso aprovado na Igreja".
"Assim, embora o leigo não faça parte da hierarquia, ele é membro da Igreja Católica, em virtude de haver recebido o sacramento do batismo. Assim, na Igreja não se faz distinção entre clérigo e leigo": todos são igualmente membros da única Igreja iniciada por Jesus Cristo, embora com funções e serviços distintos.
Clero, religiosos e religiosas e leigos somos todos membros do único corpo místico de Jesus Cristo e cabe a todos o dever de anunciar o evangelho até os confins da terra, conforme a ordem de Jesus em Mateus 28, 16-20.
O tema escolhido para animar a mística do Ano do Laicato, que irá até a Festa de Cristo Rei de 2018, é: “Cristãos leigos e leigas, sujeitos na ‘Igreja em saída’, a serviço do Reino” e o lema: “Sal da Terra e Luz do Mundo” (Mt 5,13-14).                                                                                                         Segundo o bispo de Caçador, SC, D. Severino Clasen, Presidente da Comissão Episcopal Pastoral do Laicato da CNBB e da Comissão Especial para o Ano do Laicato, "a mística do apaixonamento e seguimento a Jesus Cristo é a tônica a ser trabalhada em todas as comunidades e dioceses do país, o que leva o cristão leigo a tornar-se, de fato, um missionário na família e no trabalho e onde estiver vivendo".


quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Agradecer

Um Olhar de Fé:

............Estamos chegando ao final de mais um ano e é o momento de agradecer. A virtude da gratidão está em toda a Bíblia. É próprio das almas nobres agradecer sempre e por todas  as coisas. O salmista exclama: “Bom é render graças ao Senhor...” E outra vez: "Entrai por suas portas com ações de graças..." (Sl 92.1 e 100.4). Assim, o render graças a Deus, é tão antigo quanto a humanidade. Vem dos tempos bíblicos e reflete-se ao longo da história.
............Deve-se aproveitar o Dia de Ação de Graças para se refletir sobre como se tem agido, como cristão, no ano que se finda: como me comportei diante da Palavra de Deus? Como agi em relação a meu próximo? Movidos pela Fé, qual foi o testemunho que dei sobre Nosso Senhor Jesus Cristo? Fiz alguma boa ação?
............O Dia de Ação de Graças evoca ainda algo mais: o momento em que se deve, sobretudo, agradecer a Deus por tudo que Ele proporciona à vida de cada um de nós, pois ela é um Dom de Deus que d’Ele se emprestou e, por ela, se deve agradecer. Agradecer a Deus, de modo especial pela vida e por tudo que concede ao ser humano, é reconhecer que Ele é o Senhor de tudo e de todos e, para tanto, é preciso estar revestido do espírito de humildade.
............Estamos vivendo uma “mudança de época”. O mundo está em polvorosa, porque, de modo inesperado, se desenha a instabilidade econômica em muitas partes do mundo. A realidade de violência assusta a todos e desestabiliza a sociedade.
............O rápido desenvolvimento das comunicações conduz a um processo de globalização cultural, que exerce um significativo impacto sobre a nossa sociedade. Alguns efeitos são positivos, outros, porém, são, sem dúvida, negativos.
............Temos muito que agradecer nesse dia. A nossa vida, a nossa saúde, a solidariedade e a amizade das pessoas, a nossa fé, a capacidade que Deus nos dá em sempre começar de novo.

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Dia Mundial do Pobre


O Dia Mundial dos Pobres foi instituído pelo Papa Francisco na carta apostólica Misericórdia e mísera’ e é assinalado em cada ano no 33º Domingo do Tempo Comum, que este ano cai em 19 de novembro.
O Dia Mundial dos Pobres quer ajudar as comunidades e cada batizado a “refletir como a pobreza está no âmago do Evangelho”, referiu o Papa. Ele inicia sua Mensagem, com a citação evangélica do tema central: “Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a boca, mas com obras e com verdade” (1 Jo 3,18). Estas palavras do apóstolo São João são um imperativo do qual nenhum cristão pode prescindir.
O amor não admite álibis: quem pretende amar como Jesus amou, deve assumir o seu exemplo, sobretudo quando somos chamados a amar os pobres. Aliás, é bem conhecida a forma de amar do Filho de Deus: “Ele nos amou primeiro, a ponto de dar a sua vida por nós”.
Deste modo, a misericórdia, que brota do coração da Trindade, se concretiza e gera compaixão e obras de misericórdia pelos irmãos e irmãs mais necessitados.
Neste sentido, o Papa fez diversas referências da vida de Jesus, que ecoou, desde o início, na primeira comunidade, que assumiu a assistência e o serviço aos pobres, com base no ensinamento do Mestre, que proclamou os pobres “bem-aventurados e herdeiros do Reino dos Céus”.
Contudo, aconteceu que alguns cristãos não deram a devida atenção a este apelo, deixando-se contagiar pela mentalidade mundana. Mas, o Espírito Santo soprou sobre muitos homens e mulheres que, de várias formas, dedicaram toda a sua vida ao serviço dos pobres.
O Papa recordou que, nestes dois mil anos, numerosas páginas da história foram escritas por cristãos que, com simplicidade e humildade, se colocaram a serviço dos seus irmãos mais pobres. Ele citou alguns nomes que mais se destacaram na caridade, como São Francisco de Assis, testemunha viva de uma pobreza genuína.
Francisco lembra que, para os cristãos, discípulos de Cristo, a pobreza é, antes de tudo, uma vocação: é seguir Jesus pobre. A pobreza “é o metro que permite avaliar o uso correto dos bens materiais e viver de modo não egoísta nem possessivo os laços e os afetos”.
O nosso mundo, muitas vezes, não consegue identificar a pobreza dos nossos dias, com seus diversos rostos: sofrimento, marginalização, opressão, violência, torturas, prisão, guerra, privação da liberdade e da dignidade, ignorância, analfabetismo, enfermidades, desemprego, tráfico de pessoas, escravidão, exílio e miséria. A pobreza é fruto da injustiça social, da miséria moral, da avidez de poucos e da indiferença generalizada!
Diante deste cenário, não se pode permanecer inertes e resignados, afirmou Francisco. Todos estes pobres – como dizia o Beato Paulo VI – pertencem à Igreja por “direito evangélico” e a obriga à sua opção fundamental.
Por isso, o Papa conclui sua Mensagem para o Dia Mundial dos Pobres convidando toda a Igreja a fixar seu olhar a todos os estendem suas mãos invocando ajuda e solidariedade.
Que este Dia sirva de estímulo para reagir à cultura do descarte, do desperdício e da exclusão e a assumir a cultura do encontro, com gestos concretos de oração e de caridade, para uma maior evangelização no mundo. Os pobres – diz por fim Francisco - não são um problema, mas “um recurso para acolher e viver a essência do Evangelho”.






terça-feira, 7 de novembro de 2017

Senhora do Patrocínio


“Senhora do Patrocínio, como filhos pedimos a Vós: que sois no céu rainha, Mãe bendita rogai por nós.”

A devoção à Nossa Senhora do Patrocínio chegou junto com os primeiros moradores, depois de Pedro de Ansuateguy = Dom Pedrito – que trouxeram com eles sua fé e suas devoções.
O mesmo aconteceu com os imigrantes europeus que vieram para a América e com os migrantes que vão para outras regiões. Os usos, costumes, tradições e devoções são continuação de sua pátria e de sua família.
A devoção à Nossa Senhora do Patrocínio foi trazida ao Brasil pela família imperial de Dom João VI, em 1808, que veio ao Brasil com toda sua corte. Em 1755, no grande terremoto de Lisboa, os portugueses pediram o patrocínio de Nossa Senhora, que livrou muita gente da morte. A partir desta data a sua divulgação se espalhou e chegou ao Brasil. Hoje, em Portugal, é praticamente ausente a sua devoção.
Ela é bastante presente em São Paulo, Minas Gerais e Nordeste. No Rio Grande do Sul, só temos conhecimento em Dom Pedrito. Em nenhum outro local conseguimos visualizar a sua presença.
Pesquisando na internet, descobrimos que “as origens da devoção a Nossa Senhora do Patrocínio, remontam ao século 16. Nessa época a Espanha havia sido tomada pelos mouros - árabes muçulmanos – que habitavam a Mauritânia.
Os espanhóis, em números reduzido para enfrentar a multidão inimiga, confiaram no patrocínio (proteção, amparo, auxílio) de Maria. A vitória dos cristãos foi atribuída à intercessão da Virgem.
A crença na proteção de Maria se difundiu tanto entre os espanhóis que o rei Fernando III recomendava a suas tropas a colocação de uma imagem de Maria à frente dos cavalos. Quando reconquistou Sevilha, ordenou que a imagem de Maria entrasse em carro triunfal na cidade, para que lhe fossem atribuídas as vitórias e abençoasse a terra, antes ocupada pelos bárbaros.
Mais tarde, o rei Felipe IV pediu ao Papa Alexandre VII que expedisse uma bula, pela qual estabelecesse na Espanha para sempre uma festa dedicada ao Patrocínio de Maria. Em 28 de julho de 1656, o Papa publicou a bula Plaeclara Christianissimi, com essa finalidade.
A devoção espalhou-se por outros países e, em 3 de agosto de 1725, o Papa Bento XIII determinou que sua festa fosse celebrada nos Estados Pontifícios no segundo domingo de novembro.
Outro fato que fortaleceu a devoção a Nossa Senhora do Patrocínio foi um terremoto ocorrido em Lisboa no dia 1º de novembro de 1755. Depois da tragédia, o rei de Portugal – Dom José – pediu ao Papa Bento XIV que instituísse duas novas festividades para o Reino e as Colônias: São Francisco de Borja, que seria invocado contra os tremores de terra, e Nossa Senhora do Patrocínio, pelo especial cuidado que teve com a pessoa do rei e sua família, preservando os reinos da ruína total.” (Mariéle Prévidi – Revista Campo & Cidade).

“Senhora do Patrocínio  
Terna Mãe do Senhor                                                                                                        
Aqui Também vossos filhos
Vem ofertar seu amor”.





quarta-feira, 1 de novembro de 2017

500 anos de Reforma

No dia 31 de outubro completou=se os 500 anos da Reforma Luterana. Em 10 de fevereiro de 2014, a Igreja Católica e a Igreja Luterana, através do presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e do Secretário Geral da Federação Luterana Mundial, publicaram uma carta conjunta, apresentando o informe ecumênico “Do conflito à Comunhão – comemoração conjunta Luterano-Católica-Romana da Reforma em 2017”. Diz a carta: “É a primeira tentativa histórica no âmbito internacional de descrever a história da Reforma conjuntamente, de analisar os argumentos teológicos que estavam em jogo, de traçar os desenvolvimentos ecumênicos entre nossas comunhões, de identificar a convergência alcançada e as diferenças ainda persistentes”.
A data de 31 de outubro de 1517 tornou-se um símbolo da Reforma Protestante do século XVI. Neste ano, completam-se 500 deste acontecimento e a comemoração tem o seu contexto. Vivemos numa era ecumênica, por isso, a comemoração comum é uma ocasião para aprofundar a comunhão. Marca também os 50 anos de diálogo luterano-católico que produziu vários estudos, celebrações e ações conjuntas. Merece destaque a “Declaração conjunta sobre a Doutrina da Justificação”, publicada em 1999, que afirmou um consenso nas verdades fundamentais da doutrina da justificação. Em segundo lugar, a comemoração acontece numa era globalizada e por isso não envolve apenas alguns lugares. O terceiro contexto é de uma nova evangelização, num tempo marcado com o surgimento de novos movimentos religiosos e o crescimento da secularização.
“O ecumenismo não pode basear-se no esquecimento da tradição. Não pode ser ignorado o que aconteceu nestes 500 anos, nem os frutos doces e nem os azedos. O que aconteceu no passado não pode ser mudado, mas o que e como é lembrado, com o passar do tempo, de fato muda. Lembrar torna o passado presente. Enquanto o passado em si é inalterável, a presença do passado no presente é alterável” lembra Dom Rodolfo Luís Weber, Arcebispo de Passo Fundo.
Nós, católicos, nos unimos aos irmãos luteranos numa comemoração conjunta. Não se trata de festejar, mas de fazer memória conjuntamente, para continuarmos e aprofundarmos o caminho da unidade do Corpo de Cristo, segundo o desejo de Jesus: “Para que sejam um, como nós somos um” (Jo 17,23). A divisão dos cristãos é contrária à vontade de Deus. Sabemos que o passado, que deixou chagas, é inalterável, mas nossa postura diante do passado pode e deve ser diferente. Esta comemoração comum é ocasião para aprofundar a comunhão entre católicos e luteranos.  
“Luteranos e católicos hoje se alegram com o crescimento da compreensão, da cooperação e do respeito mútuos. Reconhecem o fato de que o que une é mais do que o que separa: sobretudo, a fé comum no Deus Trino e a revelação em Jesus Cristo, assim como o reconhecimento das verdades básicas da doutrina da Justificação” (Comissão Luterano – Católico-Romana sobre a unidade, Do Conflito à Comunhão: Comemoração conjunta Católico-Luterana da Reforma em 2017, n. 1).

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Não estamos prontos


            O ser humano não nasce pronto. Aliás, sempre está se gestando, sempre em crescimento contínua busca da perfeição. Na teologia, dizemos que estamos em processo de constante busca da santificação.
            Esta capacidade de sempre de novo aprender e reaprender é que torna a vida bonita e prazerosa. Sem esta tonalidade, a vida perde a graça, se torna monótona. A depressão toma conta de nós quando perdemos a vontade de lutar, de buscar cada dia de novo o novo, quando nos reinventamos continuamente. Viver cada dia como se fosse o dia mais importante. Viver cada dia como se fosse o último de nossa existência.
            Isto vale também para a Igreja: ela não nasceu pronta e nem está e nunca estará pronta. Ela é o movimento de Jesus, no contínuo esforço de continuar sua obra, que é de “tornar presente o Reino de Deus no mundo” (Papa Francisco, Evangelii Gaudium 176). Portanto, ela está continuamente se “originando”, criando diferentes formas de ser e de fazer sua missão, segundo os desafios de cada época. Por isso, a sucessão de modelos de pastoral e, subjacentes a eles, concepções e Igreja que vão se ampliando.
            Na América Latina, a partir da renovação do Concílio Vaticano II (1962-1965), a Igreja gestou um modelo de pastoral frente ao que havia no momento, que nas palavras do Documento de Puebla (1979) podemos denominar de “pastoral de comunhão e participação”.
            Isso significa uma Igreja “de comunhão, na convivência fraterna da comunidade dos fieis”, no dizer do teólogo e pastoralista Pe. Agenor Brighenti. Esta comunhão deve ser interna, entre os membros, e externa, junto da sociedade. É um desafio que é colocado e que sempre de novo deve ser buscado. Ainda mais numa época em que o ser humano, apesar de vivermos numa era da comunicação, se isola cada vez mais, tornando-se individualista e autossuficiente.
            A comunhão, tanto no seio da Igreja como na sociedade, se dá pela “participação” efetiva de cada batizado, seja como cristão na comunidade eclesial, seja como cidadão na sociedade. Não há bom cristão se ele não for também um bom cidadão. A promoção do bem comum é parte integrante da missão da Igreja. Para o Concílio Vaticano II, “a esperança de uma nova terra, longe de atenuar, antes deve impulsionar a solicitude pelo aperfeiçoamento desta terra” (Gaudium et Spes 39).
            Para a Igreja na América Latina, o “aperfeiçoamento desta terra” se dá pela transformação da sociedade atual em uma nova sociedade, por uma ação na ótica da opção preferencial pelos pobres contra a pobreza (Medellin 14.7-10), em vista da transformação das estruturas, condição para a erradicação do pecado social, no dizer do Papa João Paulo II.
           

            

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Santos brasileiros

  Os padres André de Soveral e Ambrósio Francisco Ferro, Mateus Moreira e 27 companheiros leigos foram beatificados pelo papa João Paulo II, no dia 5 de março de 2000. E nesta semana especial para os brasileiros - os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida nas águas do Rio Paraíba do Sul, SP - o papa Francisco canonizou os mártires de Cunhaú e Uruaçu, neste domingo, dia 15 de outubro.
 Confesso que até pouco tempo não conhecia a existência e a história dos Protomártires brasileiros e o seu martírio. 
 A evangelização no Rio Grande do Norte foi iniciada em 1597 por missionários jesuítas e sacerdotes diocesanos, originários do reino católico de Portugal. Nas décadas seguintes, a chegada dos holandeses, de religião calvinista, provocou a restrição da liberdade de culto para os católicos que, a partir daquele momento, foram perseguidos. É neste contexto que se verifica o martírio dos Beatos, em dois episódios distintos.

O primeiro acontece em 16 de julho de 1645, na Capela de Nossa Senhora das Candeias, em Cunhaú, no município de Canguaretama, na zona agreste do Rio Grande do Norte. Decorria a Missa dominical celebrada pelo pároco, padre André de Soveral, com cerca de 70 fieis, quando um grupo de soldados holandeses, com índios ao seu séquito, fez irrupção no lugar sagrado e massacrou os féis inermes.
O segundo episódio remonta a 3 de outubro do mesmo ano, onde 80 pessoas foram mortas. Terrorizados pelo sucedido, os católicos de Natal procuraram pôr-se a salvo em abrigos improvisados, mas em vão. Feitos prisioneiros, juntamente com o seu pároco, o padre Ambrósio Francisco Ferro, foram levados para perto de Uruaçu, onde os esperavam soldados holandeses e cerca de duzentos índios, cheios de aversão contra os católicos. Os féis e o seu pároco foram horrivelmente torturados e deixados morrer entre bárbaras mutilações. Uma das vítimas foi o camponês Mateus Moreira, que teve o coração arrancado pelas costas, enquanto repetia a frase: “Louvado seja o Santíssimo Sacramento”. Ele foi declarado pela Igreja Católica do Brasil como Patrono dos Ministros da Sagrada Comunhão.
Do numeroso grupo de féis assassinados, conseguiu-se identificar com certeza apenas trinta. São eles: P. André de Soveral e Domingos Carvalho, mortos em Cunhaú; P. Ambrósio Francisco Ferro, Mateus Moreira, Antônio Vilela, o jovem, e sua filha, José do Porto, Francisco de Bastos, Diogo Pereira, João Lostão Navarro, Antônio Vilela Cid, Estêvão Machado de Miranda e duas filhas, Vicente de Souza Pereira, Francisco Mendes Pereira, João da Silveira, Simão Correia, Antônio Baracho, João Martins e sete companheiros, Manuel Rodrigues Moura e sua esposa, uma filha de Francisco Dias, o jovem, mortos em Uruaçu.

            

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Fátima e Aparecida


            Com a celebração da festa de Nossa Senhora Aparecida encerrou-se o Ano Nacional Mariano, vivenciado durante as comemorações dos 300 anos do seu encontro nas águas do Rio Paraíba do Sul.
            Sem dúvida foi um ano de muitas bênçãos e graças. “Trezentos anos de Aparecida, trezentos anos de devoção. Nossa Senhora das águas surgida, aponta o caminho de um Brasil irmão.” Este refrão, composição do padre Ezequiel Dal Pozzo, da Diocese de Caxias do Sul, encantou a todos nós.
“És a senhora de nossas famílias
Intercessora sustento na dor
Nossa Senhora das mãos que partilham
A vida, os sonhos, a paz e o amor.
És a senhora dos mais pequeninos
Dos corações machucados sem luz
És a estrela a guiar os caminhos
Dar rumo certo apontando Jesus
És a senhora Morena das cores
As diferenças em ti encontram paz
A nossa pátria de tantos amores
A ti venera e o respeito refaz.
És mãe que ensina a ficarmos em pé
Lançar sementes mesmo em meio à dor
Tua confiança nos mostra que a fé
É a maior força se unida ao amor.”
            Como faz bem para a nossa fé e para nossa religiosidade esta devoção mariana. São muitos nomes para a mesma Mãe. São muitas devoções para Aquela que jamais nos abandona. Ela está sempre presente. Em Fátima, com as crianças. Em Lourdes, com os enfermos de todo mundo. Em Guadalupe, com os povos indígenas. Em Aparecida, com os pobres, negros e esquecidos. Como Rainha da Paz, como Consoladora dos aflitos, como Medianeira de Todas as Graças. Como a Mãe do Patrocínio, que sempre nos ampara e protege. Como a Mãe do Horto, presente nas coisas simples da vida familiar.
            Que estas bênçãos e graças se multipliquem em nós e nos ajudem a fazer, de fato, um Brasil irmão!

            

terça-feira, 3 de outubro de 2017

300 anos de bênçãos e graças


            “Quero lembrar os fatos que aconteceram naquele dia, quando por entre as redes, aquela imagem aparecia. Vendo surgir das águas a tosca imagem de negra cor, agradeceram todos à mãe de cristo por tanto amor.” (Padre Zezinho)
            Com a festa dos 300 anos de Aparecida, está encerrando o Ano Nacional Mariano. Ano que nos fez ver mais de perto e cantar juntos as graças que foram alcançadas e as bênçãos derramadas sobre seus devotos e sobre a nação brasileira.
          Torno a lembrar os fatos que agora tocam a tanta gente; esta senhora humilde, de cor morena, se fez presente uma nação, aonde imperava a mancha da escravidão. Nossa Senhora escura nos diz que o cristo nos quer irmãos.”
             A manifestação simbólica e real de Maria ao longo da história vem confirmar a predileção da mãe pelos seus filhos pequenos e mais sofridos. No México, quando os colonizadores espanhóis estavam dizimando os povos daquela região, ele aparece morena, da cor do povo indígena que habitava aquela terra, como sendo a Senhora de Guadalupe, a mãe que vem em socorro dos pequenos e fracos.
            No Brasil do século dezoito, quando a escravidão africana era mais cruel e intensa, ela surge das águas, qual a pesca milagrosa do evangelho, negra, assumindo a negritude e se colocando ao lado dos excluídos e machucados de toda dignidade. Veio trazer vida e dignidade, colocando-se silenciosamente ao lado dos pequenos. Sua imagem fala e foi um grito de liberdade contra todas as escravidões e opressões.
         “Hoje, que eu vejo gente voltar contente de Aparecida, penso na minha Igreja com os pequenos comprometida. Penso nas diferenças que ainda ferem o meu país, peço que a mãe do Cristo conduza o povo ao final feliz.”

             O cântico do Magnificat resume toda a atuação de Deus na história da humanidade. E coloca a “bendita entre as mulheres” como sendo a porta-voz do Deus que olha para “a pequenez de sua serva” e para o sofrimento do seu povo, de ontem e de hoje também. E renova a esperança dos pequenos, que “derruba dos tronos os poderosos e eleva os humildes, sacia de bens os famintos e despede os ricos sem nada”.



quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Bíblia é Luz

  "O livro mais importante não é a bíblia, mas a vida” (Santo Agostinho).

"Cada pessoa é uma palavra ambulante de Deus para os outros. A bíblia não foi feita para substituir a vida, mas para ajudar a entender a vida", segundo o biblista frei Carlos Mesters.
            O maior salmo da bíblia, o 119, traz no versículo 105, que “a Palavra de Deus é lâmpada para os nossos pés e luz para os nossos caminhos”. A bíblia é meio, e não fim. Serve para indicar o caminho, não para substituir o caminho.
            São Paulo, na segunda carta a Timóteo, escreve que “toda Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para argumentar, para corrigir, para educar conforme a justiça. Assim, a pessoa que é de Deus estará capacitada e bem preparada para toda boa obra” (3,16-17).
          Tenho dito nos cursos populares sobre o estudo da bíblia, que precisamos algumas coisas para nos aprofundarmos e conhecermos melhor esta palavra.
          Primeiramente precisamos de uma boa tradução da bíblia. E conhecer o livro que temos nas mãos. De nada adianta termos um bom aparelho eletrônico, como um celular, e não sabermos usá-lo e não sabermos os recursos que ele tem.
          Assim, precisamos ter uma boa edição e boa tradução. Antes de ler um texto ou estudar um livro, devemos ler as introduções dos livros, introdução ao Antigo e ao Novo Testamento, procurarmos ver os recursos que a edição que temos na mão nos dá. Olhar os mapas, a linha do tempo, os índices. Cada tradução tem uma proposta. E depois que começou a ler um texto, não deixe de conferir as explicações que estão no rodapé. Elas nos ajudam e muito. Foram escritas por especialistas para nos orientar.
          Mas então algumas bíblias são melhores que as outras? A resposta é: depende. Todas elas trazem a Palavra de Deus. O que muda é tradução – algumas são com palavras muito difíceis, outras estão muito desatualizadas, e ainda outras não trazem os recursos necessários. Pessoalmente, para o nosso dia a dia, na catequese, na liturgia, nos grupos de oração, na leitura orante e diária, prefiro textos acessíveis e práticos, como são as traduções da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e as duas edições da Paulus: Bíblia Pastoral e a Nova Bíblia Pastoral.
         Para quem quiser um texto de estudo, é indicada a Bíblia de Jerusalém e a Bíblia do Peregrino. São edições mais caras, pois contêm muitos textos para estudo. Mas são um ótimo instrumento para todos.
        Outro passo é criarmos o hábito da leitura, Frequentarmos, assiduamente, a bíblia. E lembrar que ela é uma Palavra escrita para a comunidade, e não algo individual. Não fazermos uma leitura intimista ou fundamentalista. Somos o povo de Deus e a bíblia é a palavra, a história e a caminhada deste povo.


         E não forçar a bíblia, querendo que ela diga o que nós queremos que ela diga. Deixar que Deus fale, que Ele nos conduza e oriente. Como diz Jesus: “Quem tem ouvidos, que ouça!”      
   


terça-feira, 19 de setembro de 2017

Inversão de valores


         “Aprendemos como é que os pássaros voam, como é que os peixes nadam, mas esquecemos a simples arte de como vivem os irmãos” (Martin Luther King).

         Existe um princípio chamado da solidariedade que exprime a dimensão social da pessoa, que é um direito natural: ninguém pode viver apenas para si. Somos sempre dependentes dos outros, não apenas para um ajuda prática, mas também para ter um interlocutor e poder crescer e desenvolver plenamente a sua personalidade através do debate de ideias, de argumentos, de necessidades e de desejos.
          Vivemos numa sociedade que deve se nortear por valores ligados à dignidade da pessoa, como valor original. Ha três valores que são fundamentais: verdade, liberdade e justiça. Todavia, para que a vida humana em sociedade seja realmente bem sucedida, é preciso acrescentar a caridade e a misericórdia. “Justiça sem misericórdia é crueldade; misericórdia sem justiça é a mãe da dissolução”, dizia Santo Tomás de Aquino.
           O ensino social da Igreja nos ensina que sem um tratamento honesto das pessoas entre si, decai toda a sociedade. “Onde o discurso e a ação já não podem concordar e onde a honestidade não pode ser pressuposta, o que determina a comum convivência humana são a desconfiança, o frio e a dissimulação.” (DoCat n. 107).
        É na família o espaço onde é assegurada a sobrevivência da sociedade e onde os valores são incutidos em seus membros. É na família que são transmitidos virtudes, valores e tradições culturais, éticas, sociais, espirituais e religiosas que são fundamentais para cada pessoa consciente de que é livre e responsável.  Munidos com esta armadura da educação familiar, as pessoas podem assumir toda a espécie de tarefas nas sociedade.
          Hoje temos um conceito que entrou nas relações das humanas que se chama de Fair Play. Fair Play é uma expressão do inglês que significa modo leal de agir: jogo limpo, jogo justo. O conceito de fair play está vinculado à ética no meio esportivo, onde os praticantes devem procurar jogar de maneira que não prejudiquem o adversário de forma proposital. Vários atletas já foram punidos por falta de fair play.
          Este conceito muitas vezes é invertido. E os que o transgridem, sempre querem justifica-lo, em causa própria, com o famoso jeitinho, como aconteceu no campeonato brasileiro, em relação a um jogador, que marcou visivelmente o gol com a mão mas negou tê-lo feito, para que o seu time fosse vencedor. O time venceu, mas perdeu o esporte, foi derrotado o atleta e os valores se inverteram.
         Isso vale também para o uso de violência para impor “suas razões”, como aconteceu aqui em nossa cidade na semana passada, quando dois profissionais foram agredidos fisicamente por “clientes” que não gostaram do serviço realizado pelos mesmos.
       São os valores que devem dar rumo às relações entre os povos e pessoas. Quando eles se invertem, parte-se para uma convivência perigosa. Quando um indivíduo ou um grupo de pessoas faz os seus valores, conforme seus interesses, a coisa descamba para a desorganização e violência.

           Que o fair play seja praticado em nossas relações, com respeito aos valores e à ética.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Peregrino de esperança e de paz


  “Venho como peregrino de esperança e de paz”: assim o Papa Francisco saúda os colombianos na sua 20ª viagem apostólica internacional que aconteceu de 6 a 10 de setembro. “Venho como peregrino de esperança e de paz para celebrar com vocês a fé no nosso Senhor e também para aprender com sua caridade e perseverança na busca da paz e da harmonia.”
              A Colômbia passou e ainda passa por um grande conflito interno. A reconciliação nacional está prestes a acontecer. “A paz é o que a Colômbia busca e para qual trabalha há muito tempo. Uma paz estável, duradoura, para que possamos nos ver e nos tratar como irmãos, não como inimigos. A paz nos recorda que somos todos filhos do mesmo Pai que nos ama e nos conforta.”
   A Colômbia é terra rica de história, cultura, fé, homens e mulheres que trabalharam com determinação e perseverança para torná-la um local em que reine a harmonia e a fraternidade, em que o Evangelho é conhecido e amado. Muitos passo estão sendo dados pela paz. No encontro que o Papa Francisco teve no encontro de oração pela reconstrução nacional, ele falou: a violência gera mais violência, o ódio mais ódio, e a morte mais morte. Temos de quebrar esta corrente que aparece como inelutável, e isto é possível apenas com o perdão e a reconciliação. Sim, com a ajuda de Cristo vivo no meio da comunidade, é possível vencer o ódio, é possível vencer a morte, é possível começar de novo e dar vida a uma Colômbia nova.”
  “Como irmão e como pai, quero dizer: Colômbia, abre o teu coração de povo de Deus e deixa-te reconciliar. Não tenhas medo da verdade nem da justiça. Queridos colombianos, não tenhais medo de pedir e oferecer o perdão. Não oponhais resistência à reconciliação que vos faz aproximar uns dos outros, reencontrar-vos como irmãos e superar as inimizades. É hora de sanar feridas, lançar pontes, limar diferenças. É hora de apagar os ódios, renunciar às vinganças e abrir-se à convivência baseada na justiça, na verdade e na criação duma autêntica cultura do encontro fraterno. Oxalá possamos habitar em harmonia e fraternidade, como o Senhor quer. Peçamos para ser construtores de paz; que, onde houver ódio e ressentimento, possamos colocar amor e misericórdia (cf. Oração atribuída a São Francisco de Assis)!”
  A paz e a reconciliação só acontecem ali onde existe o amor e o perdão, deixa ele claro. Não há outro caminho. Realizar a justiça, promover a cultura do encontro, cuidar da Casa Comum, diminuir as desigualdades, buscar a verdadeira fraternidade. No respeito e na tolerância, sem ódio, ressentimentos ou vinganças.

 Mais um belo gesto deste peregrino da esperança e do amor, que nos faz acreditar que é possível um mundo melhor, um Bem Viver melhor.



terça-feira, 5 de setembro de 2017

Gratidão e compromisso

Um Olhar de Fé:

"A beleza de um jardim não depende do tamanho das flores mas da variedade do seu colorido. Assim, a felicidade não depende de grandes alegrias, mas da variedade de muitos pequenos momentos felizes que colhemos ao longo da vida”.

............Com este pensamento do Padre Fábio de Mello recebi a notícia de que seria homenageado municipal no desfile cívico da Semana da Pátria 2017 em Dom Pedrito. As faixas e a criatividade no desfile do último domingo mostram a generosidade e a grandeza de nossos educadores e estudantes, de nossas entidades e comunidade, além de sua criatividade e poesia.tidão e o compromisso.

............GRATIDÃO porque nada somos sem Deus e nada podemos sem Ele. Olhar com gratidão a nossa vida e o nosso trabalho. Não individualmente, mas dentro de um projeto maior, que é o Reino de Deus, onde a Vida deve estar em primeiro lugar. Na origem de nossas vidas está presente a ação de Deus que, no seu Espírito, chama algumas pessoas para seguirem de perto a Cristo, traduzirem o Evangelho numa forma particular de vida, lerem com os olhos da fé os sinais dos tempos, responderem criativamente às necessidades da Igreja. É como a semente que se torna árvore alargando os seus ramos.


............Gratidão que gera COMPROMISSO. Sem ele nada tem sentido Olhar para frente, com olhar de esperança. “É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo...” Palavras sábias do grande educador Paulo Freire, que se tornam compromisso para todos que querem um Brasil mais democrático e participativo.


............“Por direitos e democracia, a luta é todo dia” é o lema do 23º. Grito dos Excluídos realizado em todo País durante o Sete de Setembro, lembrando que o Grito do Ipiranga ainda não ouviu o clamor dos que estão à margem dos direitos e conquistas.


............Agradecer é também viver com paixão o presente. A lembrança e a gratidão impele-nos, numa escuta atenta daquilo que o Espírito diz hoje à Igreja, a implementar de maneira cada vez profunda os aspectos constitutivos da nossa vida e da nossa missão.


............E abraçar com esperança o futuro, apesar das incertezas da nossa realidade brasileira e mundial, os problemas econômicos na globalização, as insídias do relativismo, a marginalização e a irrelevância social.


............Gratidão e compromisso são duas palavras e duas atitudes de nossa vida, buscando ver a realidade com um olhar diferente, com um olhar de esperança, com um olhar de fé.


............Acreditando sempre que é possível um outro mundo, mais pautado nos valores humanos e evangélicos. Acredito nisso. Por isso, nunca deixemos a esperança morrer em nós.