terça-feira, 19 de setembro de 2017

Inversão de valores


         “Aprendemos como é que os pássaros voam, como é que os peixes nadam, mas esquecemos a simples arte de como vivem os irmãos” (Martin Luther King).

         Existe um princípio chamado da solidariedade que exprime a dimensão social da pessoa, que é um direito natural: ninguém pode viver apenas para si. Somos sempre dependentes dos outros, não apenas para um ajuda prática, mas também para ter um interlocutor e poder crescer e desenvolver plenamente a sua personalidade através do debate de ideias, de argumentos, de necessidades e de desejos.
          Vivemos numa sociedade que deve se nortear por valores ligados à dignidade da pessoa, como valor original. Ha três valores que são fundamentais: verdade, liberdade e justiça. Todavia, para que a vida humana em sociedade seja realmente bem sucedida, é preciso acrescentar a caridade e a misericórdia. “Justiça sem misericórdia é crueldade; misericórdia sem justiça é a mãe da dissolução”, dizia Santo Tomás de Aquino.
           O ensino social da Igreja nos ensina que sem um tratamento honesto das pessoas entre si, decai toda a sociedade. “Onde o discurso e a ação já não podem concordar e onde a honestidade não pode ser pressuposta, o que determina a comum convivência humana são a desconfiança, o frio e a dissimulação.” (DoCat n. 107).
        É na família o espaço onde é assegurada a sobrevivência da sociedade e onde os valores são incutidos em seus membros. É na família que são transmitidos virtudes, valores e tradições culturais, éticas, sociais, espirituais e religiosas que são fundamentais para cada pessoa consciente de que é livre e responsável.  Munidos com esta armadura da educação familiar, as pessoas podem assumir toda a espécie de tarefas nas sociedade.
          Hoje temos um conceito que entrou nas relações das humanas que se chama de Fair Play. Fair Play é uma expressão do inglês que significa modo leal de agir: jogo limpo, jogo justo. O conceito de fair play está vinculado à ética no meio esportivo, onde os praticantes devem procurar jogar de maneira que não prejudiquem o adversário de forma proposital. Vários atletas já foram punidos por falta de fair play.
          Este conceito muitas vezes é invertido. E os que o transgridem, sempre querem justifica-lo, em causa própria, com o famoso jeitinho, como aconteceu no campeonato brasileiro, em relação a um jogador, que marcou visivelmente o gol com a mão mas negou tê-lo feito, para que o seu time fosse vencedor. O time venceu, mas perdeu o esporte, foi derrotado o atleta e os valores se inverteram.
         Isso vale também para o uso de violência para impor “suas razões”, como aconteceu aqui em nossa cidade na semana passada, quando dois profissionais foram agredidos fisicamente por “clientes” que não gostaram do serviço realizado pelos mesmos.
       São os valores que devem dar rumo às relações entre os povos e pessoas. Quando eles se invertem, parte-se para uma convivência perigosa. Quando um indivíduo ou um grupo de pessoas faz os seus valores, conforme seus interesses, a coisa descamba para a desorganização e violência.

           Que o fair play seja praticado em nossas relações, com respeito aos valores e à ética.

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