quarta-feira, 19 de abril de 2017

Perseverar é preciso

Um Olhar de Fé:

            Com o passar do tempo algumas palavras parecem perder a força e o sentido. Assim como alguns referenciais e valores.  O que era importante ontem parece que hoje não vale mais. Uma destas palavras é PERSEVERANÇA.
            Existem três textos, chamados de sumário, no livro dos Atos dos Apóstolos, que estão em Atos 2,42-47; Atos 4, 32-37; Atos 5, 12-16. Estes são verdadeiros retratos (não fotografias) das primeiras comunidades cristãs. E retrato é o que o artista pinta como ideal, inspirado naquilo que ele vê, mas que nem sempre é igual.
            A comunidade cristã primitiva entendeu isso. Assumiu o que era essencial e firmou-se nos quatro pilares do autêntico seguimento de Jesus: a perseverança no ensinamento dos apóstolos, na comunhão, na fração do pão e na oração.
            Perseverança é não recuar, não abrir mão de práticas a partir de princípios e valores em vista de objetivos bem precisos, de ideais pelos quais vale a pena empenhar a vida. Cristo garantiu: quem perseverar até o fim será salvo. A comunidade que se assentar sobre esses quatro pilares será vigorosa, não esmorecerá.
             A vida em comum dos primeiros cristãos constituiu-se em modelo (protótipo) dos cristãos de todas as épocas. Ao longo da história, esse modelo serviu para fomentar novas experiências comunitárias monásticas lá pelo século IV, bem como no começo da era cristã Inspirou os movimentos evangélicos do século XIII e as propostas de reforma da Igreja do século XVI. No século XX, inspirou um amplo movimento comunitário, que procurou renovar interiormente a Igreja e aproximá-la mais da Igreja das origens, do evangelho.
            Toda vez que a Igreja quer se renovar volta às fontes, ao seu começo porque é lá que está a grande novidade transformadora. E claro que essa novidade responde a necessidades diferentes ao longo do tempo e em diferentes lugares. Mas sempre seremos revolucionários, transformadores, causaremos impacto se nos atrevermos a viver o espírito do projeto original de Jesus, que tão bem inspirou as primeiras comunidades.
            Queremos ver a Deus e temos na experiência dos primeiros cristãos uma pista segura e comprovada de que isso é possível. Foi na perseverança do seguimento de Jesus que a comunidade pode tocar, apalpar o ressuscitado, senti-lo bem perto como companheiro de caminhada. E presença do ressuscitado é garantia de paz plena a todos os que o seguiam.
            Perseverar na prática do amor, da justiça e do perdão, alicerçados no ensinamento dos apóstolos, na Eucaristia e na oração nos leva à verdadeira koinonia, onde todos podem dizer com alegria: entre nós não há necessitados. Por isso: perseverar é preciso!

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