Um Olhar de Fê:
............Agosto é o mês que nos coloca, dentro da Igreja, no clima vocacional. É um tempo para refletir sobre o sentido da vida e das escolhas. Tempo de refletir sobre nossas opções e o que fazemos delas.
............Estamos todos em busca da felicidade. Cada um a procura de um jeito. Houve épocas e situações em que a felicidade era buscada coletivamente. A comunidade sabia que só unida e solidária alcançaria bem-estar e paz para todos.
............Hoje a felicidade parece ter-se tornado ainda mais indispensável. Quanta gente declara, em alto tom, que tem direito a ser feliz! E o escreve na porta de casa ou no vidro do carro. Mas quase todos procuram sozinhos, às vezes de forma até bastante egoísta, a própria felicidade individual, a realização dos próprios sonhos. E a procuram com uma certa pressa. Foi dito que a nossa sociedade é a sociedade “da satisfação imediata”, isto é, que busca a satisfação na hora, no momento, mesmo que muitas vezes não consegue encontrá-la.
............Escolhas certas levam a caminhos certos. Caminhos certos levam a uma vida feliz. Acerta a felicidade quem acerta a vocação.
............Um tema que volta na pauta de discussões e propostas é o do Bem Viver. “Trata-se de uma filosofia, com reflexos muito concretos, que sustenta e dá sentido às diferentes formas de organização social de centenas de povos e culturas da América Latina. Sob os princípios da reciprocidade entre as pessoas, da amizade fraterna, da convivência com outros seres da natureza e do profundo respeito pela terra, os povos indígenas têm construído experiências realmente sustentáveis que podem orientar nossas escolhas futuras e assegurar a existência humana. Estes povos têm nos ensinado que para construir o Bem Viver as pessoas devem pensá-lo para todos. Isso significa dizer que é preciso combater as injustiças, os privilégios e todos os mecanismos que geram a desigualdade. Assim, a “causa” indígena se vincula com a “causa” dos pobres e marginalizados e, desse modo, não deve ser pensada como uma questão à parte, desvinculada dos grandes desafios do mundo contemporâneo.
............Um dos grandes ensinamentos que os povos indígenas têm nos transmitido, desde tempos imemoriais, é o de saber conviver com a Mãe Terra, dedicando-lhe respeito, amor e profundo zelo. Na visão desses povos, a terra é mais do que simplesmente o lugar onde se vive. Ela é sagrada, é capaz de fazer germinar e de acolher plantas, animais e uma infinidade de seres vivos, além dos humanos, compondo assim ambientes onde a vida frutifica em todo o seu esplendor. Assim sendo, a terra está na base do Bem Viver. No entanto, nem todas as comunidades indígenas brasileiras podem usufruir do direito de viver em seus territórios tradicionais, ou seja, estão sem possibilidade de vivenciar a condição primordial do Bem Viver” (Jornal Porantim dezembro 2015).
............Olhar o presente e fazer sua escolha vocacional implica, necessariamente, numa visão que temos de sociedade, de felicidade, de Bem Viver. O futuro será melhor se o presente for bem orientado, com o aprendizado que vem do passado.
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