quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Bíblia é Luz

  "O livro mais importante não é a bíblia, mas a vida” (Santo Agostinho).

"Cada pessoa é uma palavra ambulante de Deus para os outros. A bíblia não foi feita para substituir a vida, mas para ajudar a entender a vida", segundo o biblista frei Carlos Mesters.
            O maior salmo da bíblia, o 119, traz no versículo 105, que “a Palavra de Deus é lâmpada para os nossos pés e luz para os nossos caminhos”. A bíblia é meio, e não fim. Serve para indicar o caminho, não para substituir o caminho.
            São Paulo, na segunda carta a Timóteo, escreve que “toda Escritura é inspirada por Deus e é útil para ensinar, para argumentar, para corrigir, para educar conforme a justiça. Assim, a pessoa que é de Deus estará capacitada e bem preparada para toda boa obra” (3,16-17).
          Tenho dito nos cursos populares sobre o estudo da bíblia, que precisamos algumas coisas para nos aprofundarmos e conhecermos melhor esta palavra.
          Primeiramente precisamos de uma boa tradução da bíblia. E conhecer o livro que temos nas mãos. De nada adianta termos um bom aparelho eletrônico, como um celular, e não sabermos usá-lo e não sabermos os recursos que ele tem.
          Assim, precisamos ter uma boa edição e boa tradução. Antes de ler um texto ou estudar um livro, devemos ler as introduções dos livros, introdução ao Antigo e ao Novo Testamento, procurarmos ver os recursos que a edição que temos na mão nos dá. Olhar os mapas, a linha do tempo, os índices. Cada tradução tem uma proposta. E depois que começou a ler um texto, não deixe de conferir as explicações que estão no rodapé. Elas nos ajudam e muito. Foram escritas por especialistas para nos orientar.
          Mas então algumas bíblias são melhores que as outras? A resposta é: depende. Todas elas trazem a Palavra de Deus. O que muda é tradução – algumas são com palavras muito difíceis, outras estão muito desatualizadas, e ainda outras não trazem os recursos necessários. Pessoalmente, para o nosso dia a dia, na catequese, na liturgia, nos grupos de oração, na leitura orante e diária, prefiro textos acessíveis e práticos, como são as traduções da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e as duas edições da Paulus: Bíblia Pastoral e a Nova Bíblia Pastoral.
         Para quem quiser um texto de estudo, é indicada a Bíblia de Jerusalém e a Bíblia do Peregrino. São edições mais caras, pois contêm muitos textos para estudo. Mas são um ótimo instrumento para todos.
        Outro passo é criarmos o hábito da leitura, Frequentarmos, assiduamente, a bíblia. E lembrar que ela é uma Palavra escrita para a comunidade, e não algo individual. Não fazermos uma leitura intimista ou fundamentalista. Somos o povo de Deus e a bíblia é a palavra, a história e a caminhada deste povo.


         E não forçar a bíblia, querendo que ela diga o que nós queremos que ela diga. Deixar que Deus fale, que Ele nos conduza e oriente. Como diz Jesus: “Quem tem ouvidos, que ouça!”      
   


terça-feira, 19 de setembro de 2017

Inversão de valores


         “Aprendemos como é que os pássaros voam, como é que os peixes nadam, mas esquecemos a simples arte de como vivem os irmãos” (Martin Luther King).

         Existe um princípio chamado da solidariedade que exprime a dimensão social da pessoa, que é um direito natural: ninguém pode viver apenas para si. Somos sempre dependentes dos outros, não apenas para um ajuda prática, mas também para ter um interlocutor e poder crescer e desenvolver plenamente a sua personalidade através do debate de ideias, de argumentos, de necessidades e de desejos.
          Vivemos numa sociedade que deve se nortear por valores ligados à dignidade da pessoa, como valor original. Ha três valores que são fundamentais: verdade, liberdade e justiça. Todavia, para que a vida humana em sociedade seja realmente bem sucedida, é preciso acrescentar a caridade e a misericórdia. “Justiça sem misericórdia é crueldade; misericórdia sem justiça é a mãe da dissolução”, dizia Santo Tomás de Aquino.
           O ensino social da Igreja nos ensina que sem um tratamento honesto das pessoas entre si, decai toda a sociedade. “Onde o discurso e a ação já não podem concordar e onde a honestidade não pode ser pressuposta, o que determina a comum convivência humana são a desconfiança, o frio e a dissimulação.” (DoCat n. 107).
        É na família o espaço onde é assegurada a sobrevivência da sociedade e onde os valores são incutidos em seus membros. É na família que são transmitidos virtudes, valores e tradições culturais, éticas, sociais, espirituais e religiosas que são fundamentais para cada pessoa consciente de que é livre e responsável.  Munidos com esta armadura da educação familiar, as pessoas podem assumir toda a espécie de tarefas nas sociedade.
          Hoje temos um conceito que entrou nas relações das humanas que se chama de Fair Play. Fair Play é uma expressão do inglês que significa modo leal de agir: jogo limpo, jogo justo. O conceito de fair play está vinculado à ética no meio esportivo, onde os praticantes devem procurar jogar de maneira que não prejudiquem o adversário de forma proposital. Vários atletas já foram punidos por falta de fair play.
          Este conceito muitas vezes é invertido. E os que o transgridem, sempre querem justifica-lo, em causa própria, com o famoso jeitinho, como aconteceu no campeonato brasileiro, em relação a um jogador, que marcou visivelmente o gol com a mão mas negou tê-lo feito, para que o seu time fosse vencedor. O time venceu, mas perdeu o esporte, foi derrotado o atleta e os valores se inverteram.
         Isso vale também para o uso de violência para impor “suas razões”, como aconteceu aqui em nossa cidade na semana passada, quando dois profissionais foram agredidos fisicamente por “clientes” que não gostaram do serviço realizado pelos mesmos.
       São os valores que devem dar rumo às relações entre os povos e pessoas. Quando eles se invertem, parte-se para uma convivência perigosa. Quando um indivíduo ou um grupo de pessoas faz os seus valores, conforme seus interesses, a coisa descamba para a desorganização e violência.

           Que o fair play seja praticado em nossas relações, com respeito aos valores e à ética.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Peregrino de esperança e de paz


  “Venho como peregrino de esperança e de paz”: assim o Papa Francisco saúda os colombianos na sua 20ª viagem apostólica internacional que aconteceu de 6 a 10 de setembro. “Venho como peregrino de esperança e de paz para celebrar com vocês a fé no nosso Senhor e também para aprender com sua caridade e perseverança na busca da paz e da harmonia.”
              A Colômbia passou e ainda passa por um grande conflito interno. A reconciliação nacional está prestes a acontecer. “A paz é o que a Colômbia busca e para qual trabalha há muito tempo. Uma paz estável, duradoura, para que possamos nos ver e nos tratar como irmãos, não como inimigos. A paz nos recorda que somos todos filhos do mesmo Pai que nos ama e nos conforta.”
   A Colômbia é terra rica de história, cultura, fé, homens e mulheres que trabalharam com determinação e perseverança para torná-la um local em que reine a harmonia e a fraternidade, em que o Evangelho é conhecido e amado. Muitos passo estão sendo dados pela paz. No encontro que o Papa Francisco teve no encontro de oração pela reconstrução nacional, ele falou: a violência gera mais violência, o ódio mais ódio, e a morte mais morte. Temos de quebrar esta corrente que aparece como inelutável, e isto é possível apenas com o perdão e a reconciliação. Sim, com a ajuda de Cristo vivo no meio da comunidade, é possível vencer o ódio, é possível vencer a morte, é possível começar de novo e dar vida a uma Colômbia nova.”
  “Como irmão e como pai, quero dizer: Colômbia, abre o teu coração de povo de Deus e deixa-te reconciliar. Não tenhas medo da verdade nem da justiça. Queridos colombianos, não tenhais medo de pedir e oferecer o perdão. Não oponhais resistência à reconciliação que vos faz aproximar uns dos outros, reencontrar-vos como irmãos e superar as inimizades. É hora de sanar feridas, lançar pontes, limar diferenças. É hora de apagar os ódios, renunciar às vinganças e abrir-se à convivência baseada na justiça, na verdade e na criação duma autêntica cultura do encontro fraterno. Oxalá possamos habitar em harmonia e fraternidade, como o Senhor quer. Peçamos para ser construtores de paz; que, onde houver ódio e ressentimento, possamos colocar amor e misericórdia (cf. Oração atribuída a São Francisco de Assis)!”
  A paz e a reconciliação só acontecem ali onde existe o amor e o perdão, deixa ele claro. Não há outro caminho. Realizar a justiça, promover a cultura do encontro, cuidar da Casa Comum, diminuir as desigualdades, buscar a verdadeira fraternidade. No respeito e na tolerância, sem ódio, ressentimentos ou vinganças.

 Mais um belo gesto deste peregrino da esperança e do amor, que nos faz acreditar que é possível um mundo melhor, um Bem Viver melhor.



terça-feira, 5 de setembro de 2017

Gratidão e compromisso

Um Olhar de Fé:

"A beleza de um jardim não depende do tamanho das flores mas da variedade do seu colorido. Assim, a felicidade não depende de grandes alegrias, mas da variedade de muitos pequenos momentos felizes que colhemos ao longo da vida”.

............Com este pensamento do Padre Fábio de Mello recebi a notícia de que seria homenageado municipal no desfile cívico da Semana da Pátria 2017 em Dom Pedrito. As faixas e a criatividade no desfile do último domingo mostram a generosidade e a grandeza de nossos educadores e estudantes, de nossas entidades e comunidade, além de sua criatividade e poesia.tidão e o compromisso.

............GRATIDÃO porque nada somos sem Deus e nada podemos sem Ele. Olhar com gratidão a nossa vida e o nosso trabalho. Não individualmente, mas dentro de um projeto maior, que é o Reino de Deus, onde a Vida deve estar em primeiro lugar. Na origem de nossas vidas está presente a ação de Deus que, no seu Espírito, chama algumas pessoas para seguirem de perto a Cristo, traduzirem o Evangelho numa forma particular de vida, lerem com os olhos da fé os sinais dos tempos, responderem criativamente às necessidades da Igreja. É como a semente que se torna árvore alargando os seus ramos.


............Gratidão que gera COMPROMISSO. Sem ele nada tem sentido Olhar para frente, com olhar de esperança. “É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo...” Palavras sábias do grande educador Paulo Freire, que se tornam compromisso para todos que querem um Brasil mais democrático e participativo.


............“Por direitos e democracia, a luta é todo dia” é o lema do 23º. Grito dos Excluídos realizado em todo País durante o Sete de Setembro, lembrando que o Grito do Ipiranga ainda não ouviu o clamor dos que estão à margem dos direitos e conquistas.


............Agradecer é também viver com paixão o presente. A lembrança e a gratidão impele-nos, numa escuta atenta daquilo que o Espírito diz hoje à Igreja, a implementar de maneira cada vez profunda os aspectos constitutivos da nossa vida e da nossa missão.


............E abraçar com esperança o futuro, apesar das incertezas da nossa realidade brasileira e mundial, os problemas econômicos na globalização, as insídias do relativismo, a marginalização e a irrelevância social.


............Gratidão e compromisso são duas palavras e duas atitudes de nossa vida, buscando ver a realidade com um olhar diferente, com um olhar de esperança, com um olhar de fé.


............Acreditando sempre que é possível um outro mundo, mais pautado nos valores humanos e evangélicos. Acredito nisso. Por isso, nunca deixemos a esperança morrer em nós.