O
ser humano não nasce pronto. Estamos sempre nos aprontando. Vamos nos
construindo no logo da vida e do tempo. Os instrumentos dessa construção são as
escolhas que fazemos diante dos encontros com outras pessoas e realidades.
Uma
canção de Gonzaguinha diz: “toda pessoa sempre é as marcas das lições
diárias de outras tantas pessoas...” Mas não lições totalmente
obrigatórias, inevitáveis. Dentro de certos limites, escolhemos que tipo de
influência acolher. Quem não exerce esse poder de escolha vira boneco de
teatro, manipulado, sem vontade própria, o que o povo chama de “maria-vai-com-as-outras”.
Não
crescemos sem os outros. Precisamos uns dos outros, que podem ser exemplo para
nós. Mas não somos cópia do que recebemos. Selecionamos e transformamos o que
outros nos oferecem para sermos essa maravilhosa obra única, essa pessoa sem
igual que é cada um de nós.
No
evangelho de João temos uma passagem em o Batista tem a capacidade de dizer que
Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. E Jesus responde aos
primeiros discípulos que o procuram e lhe perguntam onde morava: “Vinde ver!”
Hoje deveríamos estar capacitados para dar resposta semelhante a quem procurar
conhecer o Deus com o qual fizemos aliança. As pessoas precisam “vir” à
comunidade onde se alimenta a nossa fé.
Mas
não basta “vir”, é preciso “ver” algo motivador, digno de admiração. Aí
teríamos três campos interligados para trabalhar, construindo algo que as
pessoas se sintam felizes de ver. Um é o próprio atendimento pessoal,
individual: a pessoa precisa ver que a comunidade a considera importante, a
conhece pelo nome, interessa-se por seus sentimentos, ideias, capacidades e
problemas. Um segundo campo é a relação com Deus, o clima de oração, alegre firmeza
na fé. O terceiro campo seria a ação da comunidade para fora, na transformação
da realidade, vivenciando no mundo a fraternidade e a justiça.
Na
experiência de Deus, no caminho para a fé, podemos colocar três passos para
chegarmos ao objetivo.
1. Buscar: sempre estamos em
busca. E quem procura vai encontrar. Temos sempre que estar a caminho, parar
jamais. Buscamos um sentido para a vida, um projeto para nosso existir. E quem
procura faz perguntas, vai atrás, fica inquieto. Por que a vida é assim? Existe
um caminho para construir algo melhor? Como vencemos nossos medos e angústias?
O que fazer diante de uma injustiça? Para que afinal existimos? Uma pergunta
pode ser meio desesperada, mas é um sinal de busca.
2. Seguir: quando encontramos o que buscamos, o segundo
passo é seguir o caminho encontrado. Isso implica em conhecer melhor o que
procurávamos e agora encontramos. No caso do evangelho, o próprio Jesus.
Segui-Lo implica em conhece-Lo melhor, agir de acordo com os critérios do
evangelho, viver de outra maneira e ter atitudes coerentes com o sentido do
projeto de vida que Jesus oferece.
3. Permanecer: o seguimento e o achado tem
que ser permanente. Não pode ser “fogo de palha”. É preciso manter-se firme
quando as inevitáveis dificuldades aparecerem. Esse permanecer não significa seguir uma rotina, ficar estacionado num
único tipo de entendimento e comportamento. A permanência inclui evolução,
crescimento, transformação pessoal, impulsionada pela graça e pela criatividade
que nos vem do Espírito Santo. É como dizia D. Hélder Câmara: “É preciso mudar muito para ser sempre o
mesmo”.
Que bela reflexão.
ResponderExcluirSeguir e achar constantemente.
Obrigada Padre Alex.