terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Escolhas acertadas


            O ser humano não nasce pronto. Estamos sempre nos aprontando. Vamos nos construindo no logo da vida e do tempo. Os instrumentos dessa construção são as escolhas que fazemos diante dos encontros com outras pessoas e realidades.
            Uma canção de Gonzaguinha diz: “toda pessoa sempre é as marcas das lições diárias de outras tantas pessoas...” Mas não lições totalmente obrigatórias, inevitáveis. Dentro de certos limites, escolhemos que tipo de influência acolher. Quem não exerce esse poder de escolha vira boneco de teatro, manipulado, sem vontade própria, o que o povo chama de “maria-vai-com-as-outras”.
            Não crescemos sem os outros. Precisamos uns dos outros, que podem ser exemplo para nós. Mas não somos cópia do que recebemos. Selecionamos e transformamos o que outros nos oferecem para sermos essa maravilhosa obra única, essa pessoa sem igual que é cada um de nós.
            No evangelho de João temos uma passagem em o Batista tem a capacidade de dizer que Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. E Jesus responde aos primeiros discípulos que o procuram e lhe perguntam onde morava: “Vinde ver!” Hoje deveríamos estar capacitados para dar resposta semelhante a quem procurar conhecer o Deus com o qual fizemos aliança. As pessoas precisam “vir” à comunidade onde se alimenta a nossa fé.
            Mas não basta “vir”, é preciso “ver” algo motivador, digno de admiração. Aí teríamos três campos interligados para trabalhar, construindo algo que as pessoas se sintam felizes de ver. Um é o próprio atendimento pessoal, individual: a pessoa precisa ver que a comunidade a considera importante, a conhece pelo nome, interessa-se por seus sentimentos, ideias, capacidades e problemas. Um segundo campo é a relação com Deus, o clima de oração, alegre firmeza na fé. O terceiro campo seria a ação da comunidade para fora, na transformação da realidade, vivenciando no mundo a fraternidade e a justiça.
            Na experiência de Deus, no caminho para a fé, podemos colocar três passos para chegarmos ao objetivo.
1. Buscar: sempre estamos em busca. E quem procura vai encontrar. Temos sempre que estar a caminho, parar jamais. Buscamos um sentido para a vida, um projeto para nosso existir. E quem procura faz perguntas, vai atrás, fica inquieto. Por que a vida é assim? Existe um caminho para construir algo melhor? Como vencemos nossos medos e angústias? O que fazer diante de uma injustiça? Para que afinal existimos? Uma pergunta pode ser meio desesperada, mas é um sinal de busca.
2. Seguir:  quando encontramos o que buscamos, o segundo passo é seguir o caminho encontrado. Isso implica em conhecer melhor o que procurávamos e agora encontramos. No caso do evangelho, o próprio Jesus. Segui-Lo implica em conhece-Lo melhor, agir de acordo com os critérios do evangelho, viver de outra maneira e ter atitudes coerentes com o sentido do projeto de vida que Jesus oferece.
3. Permanecer: o seguimento e o achado tem que ser permanente. Não pode ser “fogo de palha”. É preciso manter-se firme quando as inevitáveis dificuldades aparecerem. Esse permanecer não significa seguir uma rotina, ficar estacionado num único tipo de entendimento e comportamento. A permanência inclui evolução, crescimento, transformação pessoal, impulsionada pela graça e pela criatividade que nos vem do Espírito Santo. É como dizia D. Hélder Câmara: “É preciso mudar muito para ser sempre o mesmo”.


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