quarta-feira, 29 de agosto de 2018

A vida é uma bela missão


“É missão de todos nós, Deus chama
Eu quero ouvir a tua voz.”

               “A vida é bela” é o título de um filme que mostra uma história na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial, o judeu Guido é capturado e mandado para um campo de concentração em Berlim, juntamente com seu filho, o pequeno Giosué. Usando sua inteligência, espirituosidade e bom humor, ele faz com que o filho acredite que ambos estão participando de um jogo do qual devem sair campeões. No meio das dificuldades da vida, o pai mostra ao filho que a vida é bela.
               “A Vida é Bela” nos mostra que muitas vezes a felicidade está em nossa maneira de ver a vida, de aceitar e enfrentar as adversidades. Diante de tantas situações e desânimos da vida, é bom ter presente uma frase, muita famosa, de Nietzsche, que resume bem nossas motivações: “Quem tem um motivo para viver pode enfrentar todas as coisas”. O filme é um exemplo de superação, nos faz ver a beleza no horror e na liberdade, mesmo quando não existe, nos faz rir e chorar. Guido teve um motivo, uma vontade, e conseguiu criar esse sentimento em seu filho.
               Sempre é bom lembrar que a nossa vida é um presente de Deus, que devemos viver com alegria e muita disposição. E no tempo que Deus nos dá, saibamos tirar o máximo de proveito, fazendo, quando necessário, do limão uma limonada.
               As Santas Missões ajudam a valorizar a vida de fé e a vida de comunidade. São momentos fortes de festa, de animação e de comprometimento. Embalam no ritmo da alegria e da esperança.
               “Nós não vivemos sem missão” foi um refrão que animou, durante todo o mês de agosto, as Missões Franciscanas em quinze comunidades da Paróquia Nossa Senhora do Patrocínio, em Dom Pedrito: doze na cidade e três no interior do município.
               Durante quatro semanas, a equipe de missionários, composta por oito membros – cinco padres, duas leigas e uma religiosa – estiveram presentes nas comunidades, nas escolas, nas famílias, visitando doentes, animando as crianças e os jovens, fortalecendo e reavivando a fé.
               Unidos em Cristo é o grande lema que fica nas quinze cruzes plantadas durante as Santas Missões Franciscanas, como um marco e um compromisso de nunca esquecer que sem Cristo nada podemos, unidos em Cristo nos alimentamos e somos fortes e firmes na fé, na esperança e no amor.
               Nunca podemos desistir da vida, mesmo quando surge o inverno ou os temporais. A vida é aquilo que nós fazemos dela. Ela será bela quando formos capazes fazer dela a nossa missão.
               Acreditar sempre, vencer talvez, desistir nunca! Sejamos semeadores e lutadores da vida e da esperança. Sejamos missionários da paz e do bem! Sejamos portadores do projeto e da missão de Jesus Cristo!

              

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Vem aí as eleições


       Este ano teremos eleições no Brasil, em nível nacional e estadual, nos poderes legislativo e executivo. Embora o desencanto, a descrença e a falta de confiança na Política no Brasil, precisamos acompanhar o processo eleitoral pelo qual o país atravessa com as campanhas já nas ruas em plena busca de votos.    
       O reitor  da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, o bispo auxiliar de Belo Horizonte, Dom Joaquim Mol, afirma que a política não é um mau em si. “O mau são os políticos eleitos para trabalharem pelo bem comum e que passam a trabalhar pelos seus próprios interesses e interesses de grupos econômicos e elitistas da sociedade brasileira”, afirmou.
       Neste processo eleitoral que o Brasil está vivendo, o religioso convoca os cristãos a ficarem atentos às falsas informações, conhecidas como “Fake News”. “Antes de acreditar, desconfie. Nunca passe adiante uma informação que você não tem certeza sobre ela”, Há uma outra questão crucial, de vida ou morte, em sua avaliação: “A que segmento da sociedade e segmento político o candidato está vinculado?”.  “Isso é indispensável porque, embora todos dizem que é necessário ‘mudar’ o Brasil, muitos querem mesmo é ‘continuar tirando proveito’ do Brasil”.
Outra postura importante é confrontar as informações que estão sendo disseminadas com a trajetória e com a vida do candidato, sempre com algumas perguntas em mente: Como ele vive? Quem são seus amigos? Com quem ele anda? O que ele faz com os pobres? Já exerceu cargos políticos? É um defensor das causas populares? Está envolvido com corrupção? Usa a religião para se promover? É democrático? Respeita as diversidades? Estimula a participação das pessoas? Pensa e trabalha por um Brasil mais justo e fraterno? É uma pessoa de paz e diálogo?
“Só mesmo confrontando o que ‘falam’ com o que ‘fazem’ ou fizeram até agora poderemos ter mais possibilidade de acerto na escolha”, reforça. O religioso também chama a atenção para a importância de prestar atenção às ideias dos candidatos alertando que muitas delas são pregadas em tempo de campanha eleitoral apenas para satisfazer o eleitor e fazê-lo acreditar que, o que ele deseja, está expresso naquelas ideias, mas apenas como recurso para angariar votos.

5 pontos que merecem atenção dos cristãos no Período Eleitoral do Brasil:

1. É preciso identificar candidatos/as que defendam a vida em toda em qualquer circunstância, da gestação ao seu término natural. Mas, como nos lembrou o Papa Francisco, é preciso defender a vida tanto contra o aborto quanto contra as desigualdades sociais e suas mazelas e misérias. Pois ambos matam com a mesma intensidade. O papa e a Igreja são movidos pela mesma convicção, numa postura de coerência, principalmente agora que ele declarou a pena de morte inaceitável em qualquer situação.

2. É preciso identificar candidatos/as que priorizem três áreas de atuação de forma clara e inequívoca e apresentem propostas concretas para a educação, a saúde e o emprego. Uma das graves causas da situação difícil de nosso País são os baixos níveis de qualidade na educação, no cuidado da saúde e na geração de empregos. Um povo educado com qualidade e consciência crítica, com boa saúde universalizada e pleno emprego consegue dar passos largos na construção dos seus destinos.

3. É preciso identificar candidatos/as que tenham compromisso sério com o meio ambiente, numa expressão do cuidado com a Casa Comum e neste contexto seja inserido o compromisso de respeito e forte defesa dos povos tradicionais, comunidades indígenas, ribeirinhas, negras e outras.

4. É preciso identificar candidatos/as que promovam a paz e a dignidade humana; trabalhem contra toda violência; restaurem a confiança e a democracia, aperfeiçoando-a com a participação popular; comprometam-se com as reformas necessárias de forma justa, sem supressão de direitos do povo trabalhador e dos segmentos excluídos da sociedade; colaborem com a necessária reforma do Judiciário e do Ministério Público do País, que a cada dia se mostram como “castas” superiores e corporativistas.

5. Ainda, é preciso identificar candidatos/as que respeitem a laicidade do Estado e cuidem da pacífica convivência entre as várias culturas e religiões, as regionalidades e as tradições, com espírito fraterno de tolerância e justiça.


quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Proteja e valorize a família


          Certa vez, numa viagem à Capital do Estado, ao embarcar no ônibus, ia à minha frente um casal, com uma criança de uns cinco anos. Ao dar a partida, vi o menino fazer o sinal da cruz e rezar. Não consegui ouvir suas palavras, mas ouvi claramente o “Amém”. Perguntei-lhe: “onde você aprendeu a rezar?” O pequeno, irradiando saúde e confiança: “Em casa”.

A família é o santuário da vida. Os pais são os primeiros catequistas. É bom lembrar isto nesta segunda semana de agosto, quando celebramos a Semana da Família. Esse ano o tema é: Família, uma luz para a vida em sociedade” e está em sintonia com o impulso da Igreja no Brasil para que seja percebida a importância das ações dos cristãos leigos e leigas na sociedade.

Bem disse Bento XVI em Aparecida: “A família é insubstituível para a serenidade pessoal e para a educação dos filhos”. E no discurso de inauguração da Conferência de Aparecida, o Papa alemão proclamou solenemente: “A família, patrimônio da humanidade, constitui um dos tesouros mais importantes dos povos latino-americanos”.

Por que a família se chama “Igreja Doméstica”? Em Aparecida (maio de 2007), os bispos do continente explicam: Agradecemos a Cristo que nos revela que “Deus é amor” e vive em si mesmo um mistério pessoal de amor e, optando por viver em família em meio a nós, a eleva à dignidade de “Igreja Doméstica”.

Foi neste contexto que João Paulo II sugeriu que nos mistérios luminosos do terço, o segundo mistério contemplasse como Jesus se revelou a si mesmo no casamento de Caná da Galileia. Fez ali, a pedido da Mãe, seu primeiro milagre. O apóstolo João observa: “Em Caná da Galileia Jesus fez este primeiro sinal, manifestou sua glória e os discípulos creram nele” (Jo 2, 11-14).

É ainda Bento XVI que descreve a família no mundo atual, enquanto ora por ela: “Ficai em nossas famílias, iluminai-as em suas dúvidas, sustentai-as em suas dificuldades, consolai-as em seus sofrimentos e na fadiga de cada dia, quando ao redor delas se acumulam sombras que ameaçam sua unidade e sua natureza”.

Ao viver a Semana Nacional da Família, após a comemoração do Dia dos Pais, somos chamados a trabalhar juntos nessa pastoral e em especial nesta semana, todos os movimentos, associações, pastorais ligadas a família para propor ao mundo a verdadeira face cristã da família. Que nesta semana especial possa ser ainda mais aprofundado “O Evangelho da família” que é alegria para o mundo e isso porque é sacramento; porque é vida nova doada por Cristo segundo o projeto de Deus, porque tem posição privilegiada na missão da Igreja uma vez que testemunha o amor de Cristo e da Igreja no meio da sociedade e, por fim, é uma instituição da qual todos os católicos são responsáveis em acompanhar e sustentar. Desejo a todos, por intercessão da Sagrada Família de Nazaré, uma excelente Semana da Família!

Deus ama nossas famílias, apesar de tantas feridas e divisões. Deus proteja e abençoe nossas famílias. Saibamos também nós protegê-las e valorizá-las.


Pela Vida, contra o aborto

“Não matarás, mediante o aborto, o fruto do seu seio” (Didaquê, século I)


      A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reitera sua posição em defesa da vida humana com toda a sua INTEGRALIDADE (dado científico), DIGNIDADE (Art. 1º da Const.) e INVIOLABILIDADE (Art. 5º da Const.), desde a sua concepção até a morte natura (Nota CNBB, 11/04/2017).

            Não podemos tratar o assunto negando, deletando, ignorando a existência do bebê. Parece que estamos falando de uma vesícula biliar, de um rim, ou um adendo que precisamos extirpar, que está causando a morte das mulheres. O foco está errado! Se é um problema de saúde pública, deve ser tratado e solucionado como tal. (...)

O problema é que ninguém quer nominar esse inocente. Ele foi apagado, deletado dos nossos discursos para justificar esse intento em nome da autonomia e liberdade da mulher. Mas, a criança em desenvolvimento na 12º semana é uma pessoa, uma existência, um indivíduo real, único e irrepetível.

Se a questão é de saúde (Salus – salvar), a lei teria que proteger a mãe e o filho proporcionalmente. Como este STF vai explicar a permissão da pena capital a um ser humano inocente e indefeso para justificar nossa incapacidade de políticas públicas de proteção à sua saúde reprodutiva da mulher? É assim que o Supremo Tribunal Federal vai garantir a inviolabilidade do direito à vida? Dando uma arma chamada “autonomia” para que homens e mulheres ao seu bel prazer interrompam a vida das crianças até a 12º semana sem precisar dar nenhuma satisfação de seu ato predatório? Esperamos que não, pois “o direito à vida é o mais fundamental dos direitos e, por isso, mais do que qualquer outro, deve ser protegido. Ele é um direito intrínseco à condição humana e não uma concessão do Estado. Os Poderes da República têm obrigação de garanti-lo e defendê-lo. Não compete a nenhuma autoridade pública reconhecer seletivamente o direito à vida, assegurando-o a alguns e negando-o a outros. Essa discriminação é iníqua e excludente. (Nota CNBB, 11/04/2017).

Então poderíamos nos perguntar: o que fazer? Urge combater as causas do aborto, através da implementação e do aprimoramento de políticas públicas que atendam eficazmente as mulheres, nos campos da saúde, segurança, educação sexual, entre outros, especialmente nas localidades mais pobres do Brasil” (Nota da CNBB 17/04/2017.

Tem algo que Deus nos deu e ninguém pode nos roubar que é a esperança. Nossas comunidades, lá nas periferias do nosso país conhecem muito bem quem são as mulheres pobres, negras, sofridas… O que fazemos é mostrar outras saídas, outras alternativas para as mães desesperadas. São milhares de voluntários que, nas diversas pastorais, (gostaria de lembrar de quantas crianças nesse país Pastoral da Criança já salvou) acolhem, atendem, amam o que fazem e, isso não é fundamentalismo religioso, mas o fundamento da VIDA que é o AMOR, e quem ama cuida até o fim.

Um dia o grito silencioso desses inocentes calará fundo, pois a nossa nação, Pátria amada, mãe gentil, sentirá falta da alegria e do sorriso desses filhos que ela não deixou nascer. Permita-nos continuar cantando: “Dos filhos deste solo, és mãe gentil, Pátria amada Brasil”
 (Discurso de Dom Ricardo Hoepers, Bispo do Rio Grande, RS, na Audiência Pública sobre a descriminalização do aborto)

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

O pão compartilhado é mais saboroso


Uma das cenas mais impressionantes e educadoras nos evangelhos é o da chamada “multiplicação dos pães”, que os quatro evangelistas descrevem e Mateus chega a contar duas vezes. Na verdade, é um grande ensinamento para todos nós.
Jesus ensina que a dinâmica do Reino é a arte de compartilhar. Talvez todo o dinheiro do mundo não seja suficiente para comprar o alimento necessário para todos os que passam fome... O problema não se soluciona comprando, o problema se soluciona compartilhando.
O pão nas mãos de Jesus era pão para ser partido, repartido e compartilhado.
O pão armazenado, como o maná no deserto, se corrompe, apodrece.
Também hoje Ele precisa de nossas mãos para multiplicar os grãos; precisa de nossas mãos para triturar esses grãos, amassar a farinha e fazer o pão. E precisa de nosso coração para que o pão seja repartido.
O pão sem coração é pão “monopolizado”. Pão indigesto, que engorda o egoísmo.
O pão sem coração gera divisões e conflitos. Quantas guerras fraticidas provoca o pão sem coração!
Deus precisa de nosso coração para que o pão leve o sinal da fraternidade, seja vitamina de solidariedade, alimento de comunhão, para que possamos comungar.
No pão compartilhado, encontramos a luz da vida. Se partes teu pão com o faminto... brilhará tua luz como a aurora” (Is. 58,7-8).

Uma refeição fraterna foi servida por Jesus a todos, graças ao gesto generoso de um menino, com seus cinco pães de cevada (pão dos pobres) e dois peixes.
Para Jesus, isso é suficiente. Esse menino, sem nome e desconhecido, vai tornar possível o que parece ser impossível. Sua disponibilidade para partilhar tudo o que tem é o caminho para alimentar aquela multidão. Jesus fará o resto. Toma em suas mãos os pães, dá graças a Deus e começa a “re-parti-los” entre todos.
Esta refeição compartilhada era, para os primeiros cristãos, um símbolo atrativo da comunidade nascida do movimento de Jesus para construir uma humanidade nova e fraterna. Esta cena, evocava-lhes, ao mesmo tempo, a eucaristia, celebrada no dia do Senhor, para que todos pudessem se alimentar do espírito e da força de Jesus, o Pão vivo vindo de Deus.
Mas, os seguidores de Jesus nunca esqueceram o gesto despojado daquele menino. Se há fome no mundo, não é por escassez de alimentos, mas por falta de solidariedade. Há pão para todos, falta espírito generoso para partilhar. Temos deixado a marcha do mundo nas mãos do poder financeiro, nos dá medo partilhar o que temos, e as pessoas morrem de fome devido ao nosso egoísmo irracional.

A dinâmica do mundo neo-liberal é precisamente o dinheiro. Cremos que sem dinheiro nada se pode fazer e procuramos converter tudo em dinheiro, não só os recursos naturais, mas também os recursos humanos e os valores: o amor, a amizade, o serviço, a justiça, a fraternidade, a fé, etc. Neste mundo capitalista nada é dado gratuitamente, tudo tem seu preço, tudo é taxado e comercializado. Esquecemos que a vida acontece por pura gratuidade, por puro dom de Deus. (texto elaborado a partir de uma reflexão do Pe Adroaldo Palaoro, SJ)