A
Doutrina Social da Igreja evidencia a necessidade de uma participação ativa e
consciente dos cristãos leigos e leigas na vida da sociedade, sendo esse um de
seus princípios permanentes. Para Fernando
Altemeyer Junior, chefe do Departamento de Ciência da Religião da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). A preocupação social da
Igreja nasce do exemplo de Jesus Cristo. “Olhar para os pequenos é a maneira de
ser da Igreja”, afirma.
– Precisamos ir ao coração de Jesus para entender que a preocupação com os
irmãos é o coração do Evangelho. Está na oração do Pai Nosso. Tudo nasceu da
encarnação de Jesus, ao voltar-se para os mais pobres. Ele mesmo era pobre, mas
não miserável. Ele era um carpinteiro, um operário qualificado, mas vivia
cercado dos mais simples e mais pobres, zelando pela vida dos camponeses,
desempregados, de pessoas doentes. Essa preocupação com o simples, o pobre, o
último já nasceu da própria experiência de Jesus. A Igreja, no seu início, tem
o exemplo de Paulo e os demais apóstolos, como Pedro e Tiago, que ficaram em
Jerusalém. Eles andavam pelo mundo e tinham essa preocupação. É só ver as
cartas de Paulo aos Gálatas, a preocupação de Tiago numa das cartas apostólicas
que fala mais forte na defesa dos pobres. Essa preocupação social nasceu com a
Igreja, é uma espécie de pedra de toque da Igreja. Uma boa Igreja tem que ter
grande amor aos pobres. Não é somente uma questão moderna, vem lá dos Profetas,
da Igreja primitiva. Olhar para os pequenos é a maneira de ser da Igreja. Essa
é a nossa maneira de viver a religião!
– No passado, a Igreja sempre falou em favor dos pobres. Todo mundo se
lembra de São Francisco de Assis. Mas voltando no tempo, lembramos de Gregório
de Nissa, São Vicente de Paulo. Sempre veremos alguém pregando um ensino social
em nome da Igreja, das Dioceses e Congregações. Em 15 de novembro de 1891, o
Papa Leão XIII escreveu a Encíclica “Rerum Novarum: sobre a condição dos
operários”, que se tornou o primeiro documento da Doutrina Social da Igreja
(DSI). Os outros Papas seguiram aprofundando os temas, como Pio XI, São João
XXIII e agora o Papa Francisco. Isso construiu uma espécie de corpo do ensino
da Igreja, como se fosse uma pequena biblioteca, que trata do pensamento
social, o que a Igreja pensa sobre política, economia, agricultura, meio
ambiente. Ou seja, grandes temas da sociedade. A Doutrina Social é viva, ela
começou lá atrás, em 1891, e vai se aprofundando. Alguns preferem até chamar de
Ensino Social da Igreja, mas ficou famosa como Doutrina Social da Igreja. Hoje
é uma disciplina em todas as faculdades de Teologia. Todos que estudam Teologia
aprendem sobre isso.
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