“Este é o dia que o Senhor fez
para nós. Alegremo-nos e nele exultemos!”
A
Páscoa é uma festa religiosa que tem suas origens bíblicas e sempre quer ser
uma memória de fatos vitoriosos. Não podemos desligar a Páscoa da libertação da
escravidão, da passagem para a liberdade, da busca da terra prometida.
O
Cristianismo é a celebração memorial atualizada. Recorda o passado, celebra
(=atualiza) no presente para projetar o futuro. Um povo que não tem memória
repete os erros da história, dizem os pensadores.
A
Páscoa só aconteceu para os hebreus porque eles conseguiram se organizar, com a
liderança de Moisés, e fazer a passagem para uma nova proposta de vida e de
organização, que culminou, quarenta anos depois, com a entrada num novo jeito
de viver e se se organizar. Os hebreus tiveram que se libertar não só da
escravidão, mas também da ideologia e da idolatria dos faraós. Quarenta anos
foi o tempo necessário para saírem não só com os pés, mas também com a cabeça e
o coração do Egito.
A
Páscoa de Jesus recorda e atualiza esta Páscoa, para tornar a humanidade nova,
recriada, libertada de todas as escravidões e de todas as dominações.
Para
acontecer a Páscoa de Jesus, Ele teve que ser rejeitado, caluniado, torturado e
morrer numa cruz, injustamente. Mas Ele quis assumir sua missão, sem rejeitá-la
nem recusá-la. Ser obediente até a morte. Não fugir de seu projeto nem trair a
causa do Pai. A cruz foi consequência de sua opção e a Páscoa foi a confirmação
de que estava sim no caminho certo. Por isso, sua Ressurreição é vitória. E na
sua vitória, vitória de todos os que seguem o seu projeto de vida para todos.
É
Páscoa sempre que assumimos o projeto de Jesus Cristo, com todas as suas
consequências, com seus ônus e com seus bônus.
É
Páscoa quando não temos medo de assumir a cruz, que nos leve à luz, de assumir
a dor, que nos leva ao Amor, de assumir a nossa fé até às últimas
consequências.
É
Páscoa quando não traímos o projeto de um mundo melhor, com melhores políticas
públicas para todos, a começar pelos mais pobres e rejeitados.
É
Páscoa quando se é capaz de construir uma nova sociedade baseada não na
violência, na exclusão, no preconceito e na discriminação, na morte e no ódio.
É
Páscoa quando somos capazes de investir na vida, na fraternidade, na
solidariedade e dizemos sim ao perdão, à reconciliação e à misericórdia.
É
Páscoa sempre que não deixamos matar em nós a profecia a teimosia, que
levantamos depois de cada e de tantas quedas, que não desacreditamos que um
outro mundo é possível.
É
Páscoa quando, apesar das cruzes e dificuldades, apesar das sextas-feiras
santas, nós apostamos na utopia da vida vencendo a morte, do dia vencendo a
noite, do ódio vencendo o amor.
Feliz
Páscoa.
Pode até fazer escuro, mas vai amanhecer.
Acreditar nisso é Páscoa!
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