domingo, 29 de dezembro de 2019

A paz como caminho de esperança



        “A paz como caminho de esperança: diálogo, reconciliação e conversão ecológica” é o título da mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz de 2020, celebrado em 1º de janeiro. “A esperança é a virtude que nos coloca a caminho, dá asas para continuar, mesmo quando os obstáculos parecem intransponíveis”, escreve o Pontífice.


        Entre esses obstáculos, o Papa cita as guerras e os conflitos que continuam ocorrendo, que marcam a humanidade na alma. Toda guerra, reforça, é um fratricídio.

“Há nações inteiras que não
conseguem libertar-se das
cadeias de exploração e corrupção
que alimentam ódios e violências.”

           Francisco citou um trecho do seu discurso pronunciado em Nagasaki sobre as armas nucleares, recordando que “a paz e a estabilidade internacional são incompatíveis com qualquer tentativa de as construir sobre o medo de mútua destruição ou sobre uma ameaça de aniquilação total”. (...) “Neste sentido, a própria dissuasão nuclear só pode criar uma segurança ilusória.”

           Como então romper esta lógica do medo? Para Francisco, não há outro caminho senão na busca de uma fraternidade real, baseada na origem comum de Deus e vivida no diálogo e na confiança mútua.

         O Papa mencionou os sobreviventes dos bombardeios atômicos em Hiroshima e Nagasaki, que “mantêm viva a chama da consciência coletiva, testemunhando às sucessivas gerações o horror daquilo que aconteceu em agosto de 1945 e os sofrimentos indescritíveis que se seguiram até aos dias de hoje”. A memória, portanto, é um dos aspectos ressaltados pelo Papa como elemento fundamental da construção da paz, definindo-a “horizonte da esperança”.

“O mundo não precisa de palavras vazias,
mas de testemunhas convictas,
artesãos da paz abertos ao diálogo
sem exclusões nem manipulações.”

     Neste diálogo, é preciso buscar a paz para além das ideologias. “O processo de paz é um empenho que se prolonga no tempo. É um trabalho paciente de busca da verdade e da justiça, que honra a memória das vítimas e abre, passo a passo, para uma esperança comum, mais forte que a vingança.” Em outras palavras, se trata de abandonar o desejo de dominar os outros e aprender a olhar-se como pessoas, como filhos de Deus, como irmãos. Trata-se de superar as desigualdades sociais, construindo um sistema econômico mais justo.

        Para Francisco, a paz implica também a conversão ecológica, pois hoje vemos as consequências da hostilidade contra os outros, da falta de respeito pela casa comum e da exploração abusiva dos recursos naturais.

         A conversão ecológica, portanto, traz a uma nova perspectiva sobre a vida, levando em consideração a generosidade do Criador e a necessidade de partilha. Esta conversão, explica o Papa, deve ser entendida de maneira integral, como uma transformação das relações que mantemos com os irmãos.

        Para os cristãos, a paz requer um esforço ainda maior, porque engloba a dimensão do perdão seguindo o exemplo do Mestre. “Aprender a viver no perdão aumenta a nossa capacidade de nos tornarmos mulheres e homens de paz.”

        O Santo Padre então conclui: “Dia após dia, o Espírito Santo sugere-nos atitudes e palavras para nos tornarmos artesãos de justiça e de paz. Que o Deus da paz nos abençoe e venha em nossa ajuda.”



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