Uma
das páginas mais bonitas da Bíblia e da literatura é a Parábola do Semeador,
que Mateus narra esplendidamente no capítulo treze de seu evangelho.
Semear
não é apenas o trabalho do agricultor, mas de todo ser humano. A nossa própria
vida tem começo porque uma “semente” é depositada no corpo da mulher, a mãe,
que dela cuida por nove meses, até que dê à luz um novo ser, que já era um ser
em estado de semente.
Nesta
criança, que no início tem tudo para se desenvolver, mas ainda não é um ser
completo, maduro, é preciso depositar outras sementes: a linguagem, a
aprendizagem dos gestos vitais, como alimentar-se, cuidar do próprio corpo, a
sabedoria que regula o relacionamento consigo mesmo, com os outros e com
Deus... É todo o trabalho da educação. É preciso sonhar que este trabalho dará
fruto, no futuro, para perseverar nele com a dedicação e o carinho que uma
pessoa humana merece. Pais e educadores
sabem que o dever deles é semear. Os frutos dependerão também de outros
fatores: da resposta do filho ou do aluno, das circunstâncias externas, das
oportunidades maiores ou menores que essa nova vida encontrará pela frente...
O
gesto e a atitude de semear faz parte da vida de toda pessoa. Quem semeia pouco,
colhe pouco. Quem semeia muito, colherá muito, ensina o grande apóstolo Paulo
na Segunda Carta aos Coríntios, no capítulo 9, versículo 6.
A
parábola do semeador é uma parábola da esperança. Como o semeador, Jesus não se
assusta com as dificuldades imediatas, porque tem a certeza de uma grande
colheita. Jesus se preocupa em semear.
O
grande educador Rubem Alves, em uma entrevista concedida ao Jornal Mundo Jovem,
em outubro de 2007, nos deixou um belo depoimento. “As
pessoas, nas coisas que elas crêem, têm sempre uma dose de esperança. A
esperança que eu tenho hoje é muito diferente da esperança que eu tinha há 30
anos, por exemplo. As pessoas me perguntam: você tem esperança de que estas
coisas que você acredita venham a se realizar? E eu respondo a elas: há muito
tempo que não faço esta pergunta. Não estou me interessando pela colheita. Só
estou me interessando pela semeadura. Se eu tenho um desafio e quero
ver se a minha resposta vai dar certo, simplesmente faço o que é correto. Eu
faço a minha semeadura, fico feliz com minha semeadura e vamos dizer que a
colheita a Deus pertence, não está nas minhas mãos. O que importa é a gente ser
honesto com a gente mesmo, viver a vida com integridade e é isso o máximo que a
gente vai fazer. E se a coisa vai acontecer ou se não vai acontecer, continua
semeando.”
Semear é preciso. Somos semeadores
de esperança. Semeamos sementes de esperança. “Põe a semente na terra, não será
em vão. Não te preocupes a colheita, plantas para o irmão” é a nossa
canção.
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