quarta-feira, 4 de julho de 2018

Irmãos de sangue


          A grande Boa Nova que o Evangelho de Jesus Cristo veio anunciar, que é a essência do Cristianismo, é muito simples: Deus é Pai, nós somos seus filhos e filhas e, portanto, irmãos e irmãs entre nós. O Evangelho está todo aqui. O que devemos fazer é viver esta verdade e colocá-la em prática.
              Parece simples, porém na prática a gramática é outra, diz o ditado. Nem sempre é fácil viver em fraternidade, como família, como irmãos e irmãs de sangue, filhos e filhas do mesmo Pai.
            Aliás, a expressão “de sangue” nos remete a uma anedota de Dom Hélder Câmara, contada por ele mesmo numa entrevista que encontramos no filme de Érica Bauer, "Dom Helder - O Santo Rebelde". Certa vez, o arcebispo de Recife teve que interceder junto a um lojista pedindo emprego para um “seu irmão”, um pobre pai de família. O lojista, depois de atender com muita solicitude ao pedido do bispo, percebeu logo de ter sido “enganado”. “O senhor me enrolou”, disse o empresário para Dom Hélder, “o homem não é seu irmão coisa nenhuma”. “Mas como ...”, respondeu o prelado: “filhos do mesmo Pai, não são irmãos?”. O homem retrucou: “Sim, eu sei o que o senhor quer dizer com isso: mas eu tinha entendido que eram irmãos de sangue”. “Pois é”, insistiu Dom Hélder, “o sangue que Cristo derramou para mim, derramou para ele também: então, somos irmãos de sangue”.
             Esta é a grande lição e o grande ensinamento do Cristianismo. Aqui também reside a grande solução para os problemas do universo. No dia em que realmente nos dermos conta de todos somos “irmãos de sangue”, filhos de um mesmo Pai, então as relações humanas seriam diferentes e não haveria mais violências, explorações, intolerâncias, discriminações, preconceitos, ditaduras...
           Vivemos no mundo para sermos felizes. E a felicidade não a construímos sozinhos, mas juntos. O segredo da felicidade não está “em sermos felizes” mas sim em “fazermos os outros felizes”.
            Ninguém é feliz sozinho. Quanto mais soubermos nos relacionar com os outros, construindo relações equilibradas, tanto mais a humanidade será justa, fraterna e solidária. Faltou dizer que a filiação divina e a relação fraternal entre nós, faz-nos “donos” do mundo, e não “escravos”. Isto implica dizer que o Pai criou o mundo, com tudo o que nele existe, para TODOS e TODAS, e não só para alguns.
               



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