terça-feira, 10 de julho de 2018

O profeta não é bem recebido em sua casa


           O Evangelho nos faz refletir sobre o mistério da salvação que vem para todos. O povo de Israel foi o povo da antiga aliança, que começou com Abraão e seus descendentes. Deus se revelou de uma forma extraordinária para este povo humilde, nômade e pouco numeroso. Todas as grandes nações da época acreditavam em vários deuses. Eram povos de cultura, mas de uma religiosidade que não alcançava a altura do povo hebreu. Daí se pode deduzir a certeza de uma “revelação particular” de Deus a este povo. Dentro do mistério da salvação da humanidade, o povo de Israel teve uma função essencial. Aos poucos esta revelação particular vai dando lugar a uma revelação universal que será finalizada na graça de Pentecostes com a vinda do Espírito Santo que irá esclarecer o sentido da vinda de Cristo. As pessoas que aceitam o plano de Deus anunciado por Jesus Cristo, ao serem batizadas, começam a participar automaticamente do mistério cristão. Já não temos uma religião ligada a uma cultura específica, mas a uma prática que é orientada pela ação direta do Espírito Santo.

            Jesus reclama a falta de aceitação de sua pessoa entre os seus conterrâneos. Talvez não fosse fácil para o povo admitir que uma pessoa simples como ele pudesse ter tanta sabedoria. Mais ainda, que um homem tivesse a natureza divina. Em vez de crerem na intervenção direta de Deus, questionam a origem de seu saber. Como a revelação de Deus é misteriosa por sua própria natureza, Jesus dá exemplos de outras pessoas que não faziam parte do povo e que foram salvas. Esta lição serve para nós também que já recebemos o batismo e somos o povo da nova aliança. Devemos nos questionar sobre a forma de aceitação da pessoa de Jesus dentro de nossa vida. Os cristãos são chamados a uma prática com base na experiência de amor provocada em suas vidas pela amizade com Jesus. Aceitá-lo como nosso salvador e amigo, que caminha conosco em todos os momentos de nossa vida é essencial para nossa salvação.

            O Espírito Santo em Pentecostes irá universalizar definitivamente a mensagem de Jesus que não será só do povo de Israel, mas de todos aqueles que descobrem a realidade de que somos profundamente amados por Deus. Cabe a nós aceitarmos e anunciarmos a Cristo com todas nossas forças. Ele deve ser bem recebido na sua casa que é o nosso coração e dentro da realidade em que estamos vivendo.

            O profeta é enviado por Deus. A sua missão não é escolhida ou determinada segundo suas conveniências, mas pelo próprio Deus, conforme as necessidades. Muitas vezes ele vai falar coisas que os outros não vão gostar de ouvir. Aí começa a perseguição ao profeta. Mas quem tem consciência de quem recebeu esta missão de Deus não desiste de profetizar.

            A profecia bíblica é assim: de um lado, denuncia o que está errado e mostra as consequências disso na vida do povo de Deus. Por isso convoca para a conversão. De outro lado, anuncia a mudança, a libertação que certamente acontecerá. Por isso infunde esperança.



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