A Quaresma é um tempo favorável para os cristãos saírem da
própria alienação existencial, como fala o Papa Francisco. A força do Evangelho
desperta para a grandeza e para profundidade da vida em Cristo. Graças à escuta
da Palavra de Deus, somos levados a intuir a preciosidade da existência cristã
e vivermos na liberdade e na verdade de sermos filhas e filhos de Deus. O tempo
favorável é a possibilidade de nos deixarmos tomar pelo amor do Crucificado e
pela transformação do Ressuscitado.
A
Quarta-Feira de Cinzas inicia na Igreja um período de quarenta dias de
preparação à principal Festa dos Cristãos, que é Páscoa do Senhor! Daí o nome:
QUARESMA! É um tempo muito rico e que nos propõe alguns exercícios
penitenciais, que visam melhorar nossa qualidade de vida, como cristãos, filhos
de Deus e irmãos uns dos outros. Os quarenta dias iniciam na Quarta-Feira de
Cinzas e vão até o Domingo de Ramos, quando começa a Semana Santa. A Igreja
prescreve tanto para a Quarta-Feira de Cinzas como para a Sexta-Feira Santa um Dia
de Jejum e Abstinência, o que não significa que ao longo deste tempo não se
façam tais ou outros exercícios que nos levem a uma maior solidariedade e
fraternidade para com os mais pobres.
Os
exercícios quaresmais de penitência são: a oração, o jejum e a esmola! Os
cristãos são chamados a aprimorar a qualidade de sua relação com Deus através
de maior tempo de recolhimento e oração, na meditação da Palavra e na escuta da
vontade de Deus para com a humanidade; a aprimorar a qualidade de sua relação
consigo mesmos através do jejum e a aprimorar a qualidade de sua relação com os
irmãos menos favorecidos, através da esmola, que melhor soaria como partilha!
Nossa
oração, como diálogo, só é capaz de chegar ao coração de Deus, quando brota do
nosso próprio coração. Do contrário, seria a mesma coisa como falar num
telefone desconectado. Nosso jejum não pode reduzir-se a uma simples dieta que
nos ajude a emagrecer, porque deixamos de consumir certas guloseimas que
geralmente engordam. Mais esbanjamos do que consumimos do necessário. Nossa
esmola não pode reduzir-se a um simples desencargo de consciência ou ato de dó.
Deve transcender ao esforço de que todos, principalmente os que têm menos do
que nós, possam viver com igual dignidade humana.
A Campanha
da Fraternidade sugere a Coleta da Solidariedade que acontece em todas as
Comunidades do Brasil no Domingo de Ramos. O resultado dessa Coleta é investido
em projetos de promoção humana, favorecendo os que tantas vezes nossa sociedade
de consumo exclui, mas que sempre foram os preferidos de Deus. Gosto de sugerir
que esta Coleta seja o resultado dos exercícios quaresmais de penitência: a
oração, o jejum e a abstinência que remetemos aos mais pobres do que nós.
Sejamos,
nesta Quaresma, melhores do que em todas as anteriores. Assim seremos mais
autênticos diante de Deus, de nós mesmos e dos outros.