O tema escolhido para a Campanha da Fraternidade
deste ano é “Fraternidade e
Políticas Públicas”. Para Dom
Leonardo Ulrich Steiner, secretário-geral da CNBB, a escolha do tema, feita há
dois anos, foi providencial, pois acontece num momento histórico em que o país
debate uma série de mudanças e reformas, como a reforma da Previdência e a
reforma trabalhista, que fragilizam direitos, sobretudo dos mais pobres. Ele destaca
que a democracia exige a participação de todos, através do exercício da
cidadania e da busca do bem comum, com atenção especial aos mais necessitados.
O ponto de partida é sempre o exemplo de Jesus Cristo, segundo o bispo.“O
que levou os bispos a escolherem esta realidade
foi a necessidade de sermos uma
presença de Igreja mais ativa nas questões sociais. Qual é a nossa presença ao
discutirmos as questões da saúde, por exemplo? Ou quando queremos discutir
educação, participação nos diversos conselhos, nos municípios, nas comunidades,
onde os católicos e cristãos vivem? Olhando para esta realidade e a necessidade
de uma participação maior dos cristãos e dos bispos, escolhemos as Políticas
Públicas como o tema a ser refletido”, afirma D. Leonardo.
O tema nos remete a refletirmos sobre o que é ser
política. Segundo os gregos, política é
essencialmente o cuidado pela cidade. Continuamos nessa tradição ao perceber
que política é o cuidado de um país, de um município. Não estamos falando de
partidos políticos, mas da participação das pessoas na vida da comunidade. Essa
participação é fundamental e necessária para que a comunidade seja sinal do
Reino de Deus. É por isso que existe uma ligação entre a fé e a política. O
discípulo-missionário de Jesus não desvincula sua fé das ações concretas onde
vive. Quem vive a sua fé percebe que a realidade deve ser sempre transformada,
para construir uma sociedade em que todas as pessoas tenham oportunidade de
participação, dignidade, saúde, educação. Nesse sentido, política não está
desvinculada da fé. Como lembrou o Papa Francisco, retomando um texto de São
Paulo VI, a política é a ação mais nobre da caridade. A fé tem relação com a
política e vice-versa. Nós, cristãos, participamos da vida da sociedade. Como diz
a oração da CF, ajudamos a construir uma sociedade humana e solidária. A CF
deste ano mostra justamente que existe uma relação muito íntima entre a fé e
política. Os exercícios quaresmais – jejum, oração e esmola – estão
relacionados com a pessoa do outro, com a comunidade. O Tempo da Quaresma não é
um tempo intimista, mas um tempo de transformação. A fé exige transformação na
sociedade em que vivemos.
O profeta Isaías inspira o
lema “Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is 1, 27). O
Objetivo Geral da Campanha deste ano de 2019 é: “Estimular a participação em Políticas Públicas, à luz da Palavra de
Deus e da Doutrina Social da Igreja para fortalecer a cidadania e o bem comum,
sinais de fraternidade”.
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