quinta-feira, 29 de agosto de 2019

A Bíblia e o chimarrão


         Setembro é lembrado por muitas comemorações e celebrações. Quero destacar duas: mês da Bíblia (para os católicos) e a Semana Farroupilha.
          O que ambos têm em comum? A tradição. A hospitalidade. A busca e o cultivo da fraternidade. O criar laços e construir pontes.

      Tomar chimarrão é um hábito e uma tradição, herdada dos índios e cultivada por todos os gaúchos, sejam brasileiros ou não. Conhecemos toda a mística do tomar o mate.
        É bom tomar mate sozinho. Principalmente quando queremos estar sós, meditando, estudando, rezando... Nas madrugadas da vida ou nas solidões dos estudos. Mas é muito bom também sorver o chimarrão com a família, com os amigos, no lazer ou no trabalho, nas visitas ou nas reuniões, na escola ou na universidade.

       O mate aproxima, não afasta ninguém. Todo mundo, conhecido ou estranho, recebe a cuia, que irmana, cria amizade e cumplicidade.


      Para quem nunca tomou, faz cara estranha, fala que é “quente, amargo, ruim, horrível...” Mas na medida que vai se habituando, nunca mais deixa de tê-lo como companhia. 
        Tudo o que falei acima, vale igualmente para a Bíblia Sagrada. E ela é a Palavra de Deus.
       Para quem nunca leu ou pouco lê a Bíblia, diz “que é muito difícil, insossa, não consigo entender o que leio, não tem graça...” Mas na medida em que a vamos tornando próxima de nós e vamos criando o hábito da leitura diária, nunca mais a deixamos.

       É bom ler a Bíblia sozinho, no silêncio do quarto ou do escritório, na cozinha ou embaixo de uma árvore ou em outro local. Até acompanhado de um bom mate. Precisamos dela. Mas melhor ainda é lê-la com os outros: na família, no grupo de oração ou de estudo, na comunidade, na Igreja. Para quem não está habituado, vai estranhar nas primeiras vezes. Mas depois que criar o gosto, nunca mais vai largar. E vai sentir falta quando não puder participar.
       Existem muitos jeitos de se fazer o chimarrão. Cada um descobre o seu. Não existe uma receita só. Assim também com a Bíblia. Quero apresentar um jeito. Cada um deve descobrir o seu.

Como ler a Bíblia

         É preciso dedicar um tempo diário para estudar e meditar a Bíblia: pode ser pela manhã, logo após o acordar; ou, depois do almoço ou da janta; ou antes de dormir; ou, ainda, qualquer outro horário que se adapte ao seu tempo livre. A quantidade de tempo também pode ser livremente estabelecida: dez, quinze, trinta minutos ou mais. Quanto mais tempo você tiver, melhor!
         É necessário dividir o tempo: um terço de leitura e dois terços de estudo e oração.   

      Assim se você resolver dedicar quinze minutos diários, use cinco minutos para leitura e dez minutos para o estudo. Após estabelecer o horário que melhor o satisfaça, cumpra-o rigorosamente, não esquecendo nem adiando nenhum dia, mesmo que se sinta cansado. Lembre-se: devemos amar a Deus sobre todas as coisas!

         Com a Bíblia na mão e o caderno de anotações, inicie o seu estudo com uma oração ao Espírito Santo, pedindo que o ilumine. Selecione a leitura. Você poderá seguir a sugestão da Igreja e ler as leituras programadas para o tempo litúrgico ou ler a Bíblia na forma sequencial, particularmente sugiro que se comece pelo Novo Testamento (este ano estamos sugerindo a Primeira Carta de São João). Após a leitura, inicie o estudo, tomando nota das passagens que mais o tocam e as coloque em prática.           
Bom proveito!




quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Educar na fé    
      
          O Papa Francisco, com sua simplicidade e grande percepção, diante de uma multidão de fiéis na Praça São Pedro, falou que “é bom dizer-se cristãos, mas é preciso antes de tudo ser cristãos nas situações concretas, testemunhando o Evangelho, que é, essencialmente, amor por Deus e pelos irmãos.”  Dizer-se cristão não é o mesmo que ser cristão, é preciso coerência.

        A educação na fé vem pelo anúncio e pelo testemunho. Estas duas dimensões não podem, jamais, estar separadas. Anunciar o que se crê, viver o que se anuncia.

        Nesta semana, em que celebramos o Dia Nacional do Catequista, queremos lembrar a 4ª Semana Brasileira de Catequese, que será realizada de 14 a 18 de novembro, em Itaici-SP, que tem como objetivo geral “compreender a catequese de inspiração catecumenal à serviço da iniciação à vida Cristã, buscando novos caminhos para a transmissão da fé, no contexto atual.”

          Neste encontro nacional, vai se refletir sobre a condição humana, a busca de sentido e a crise de fé na contemporaneidade; apresentar a iniciação à vida cristã como eixo articulador da ação evangelizadora a serviço da qual está a catequese (Doc. 107,76); compreender o querigma e a mistagogia como caminho de renovação da comunidade e da formação do discípulo missionário de Jesus Cristo; partilhar experiências significativas da catequese a serviço da iniciação à vida cristã dos regionais.

        Existe hoje uma grande preocupação em como anunciar Jesus Cristo num mundo plural, com novos interlocutores. Com o seguimento de Jesus e o sentido da vida. Com o querigma e a transmissão da fé no contexto atual. Com o celebrar e iniciar ao mistério: a liturgia. Com o “do encontro com Jesus ao encontro com o irmão: viver em comunidade.” Outra grande inquietação é a catequese na era digital, com suas novas linguagens.

       Penso que a catequese, para criar resultados duradouros e consistentes, deva ser levada, anunciada, vivida e testemunha em três espaços essenciais: a família, a comunidade e o encontro catequético propriamente dito. Os encontros catequéticos são a última etapa desta caminhada, e não o início.

        Tudo começa na família. Os pais (ou avós, ou padrinhos, ou algum irmão ou irmã mais velha), devem ser os primeiros catequistas de seus filhos. A fé vem pelo exemplo, pela atração. Se a família reza, a criança vai criar o gosto e o hábito pela oração. Se a família vai junto à Igreja, o exemplo vai marcar e arrastar.

       Tudo continua na comunidade, que é o espaço onde se faz a experiência de sermos irmãos e irmãs, onde se faz a experiência da partilha da fé, do ser Igreja, do pertencer à uma comunidade de fé. É na comunidade que explicitamos, pública e comunitariamente, nossa adesão ao Jesus Caminho, Verdade e Vida.

         E tudo continua nos encontros de catequese, onde a Igreja acolhe as crianças, jovens e adultos para aprofundarem esta experiência salvífica. Fazer o processo inverso, sempre é mais difícil e os resultados são menores.
           Que nossos catequistas, verdadeiras mães e pais da fé, tenham nosso apoio, incentivo, preces e reconhecimento.
  
  

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Vidas Consagradas


      Esta semana queremos lembrar as pessoas de especial consagração. São pessoas que se consagram exclusivamente a Deus tornando-se membros de Institutos, Ordens e Congregações de Vida Consagrada (como religiosos e religiosas), Sociedades de Vida Apostólica e Institutos Seculares.

       Ingressam numa determinada Família Religiosa conforme um carisma específico e aí assumem uma missão específica. Comprometem-se a serem testemunhas de Jesus Cristo, sinal visível do Cristo libertador, numa total disponibilidade, de maneira radical, vivendo sua consagração total nos votos de pobreza, castidade e obediência, numa comunidade fraterna, segundo o carisma do(a) fundador(a).


      Em comunidade vivem a total disponibilidade para Deus e necessidades da Igreja; o amor sem exclusividades; a consagração conforme um carisma específico: educação, saúde, missões, pobres, solidariedade...

       A vocação religiosa é um dom para a Igreja e um sinal para o mundo.

     Religiosos e Religiosas são pessoas que se consagram a Deus para servi-lo e para servir. Característica importante na vida religiosa é o carisma, que é um dom, uma graça, um presente relacionado diretamente com o ser da pessoa. Esse dom, dado pelo Espírito Santo, torna a pessoa capaz para determinada missão. Como testemunhas de desprendimento, procuram viver a total partilha dos bens.

       Agradeçamos a Deus pelo dom e vocação da Vida Religiosa Consagrada, especialmente em Dom Pedrito, pela presença das Irmãs Filhas de Maria Santíssima do Horto, desde 1908 no Colégio Nossa Senhora do Horto, e das Irmãs Filhas do Amor Divino, desde 1934 na Santa Casa de Caridade. Rezemos por elas e por todos os que abraçaram esta vocação. Rezemos pelos jovens que se sentem chamados a assumir a vocação religiosa nas comunidades apostólicas, contemplativas e na vida missionária.


        Recordemos com carinho a presença dos padres e irmãos Oblatos de São Francisco de Sales, que chegaram em Dom Pedrito em 1906 e permaneceram conosco durante o século vinte, vindos da França, da Alemanha, da Holanda, da Itália e dos Estados Unidos.   Lembremos igualmente com gratidão a atuação dos Freis Capuchinhos durante vinte e três anos em nossa Paróquia, com sua missão e disposição, vivendo e testemunhando os conselhos evangélicos.




quarta-feira, 7 de agosto de 2019

A família, como vai?


        “Cuidemos das famílias, porque são verdadeiras escolas do amanhã, são escolas de liberdade, são centros de humanidade e laboratórios de humanização”. Assim desta forma o papa Francisco se refere às famílias, quando nos apresenta as suas intenções de oração para este mês de agosto.

          O papa nos pede que orientemos nossas intenções de oração para tudo que favoreça as famílias, para que elas se tornem verdadeiros lugares de crescimento humano. “Que mundo queremos deixar para o futuro?”, pergunta-nos o Papa. “Deixemos um mundo com famílias. Cuidemos das famílias, porque são verdadeiras escolas do amanhã”. Para o Santo Padre, as famílias são “o melhor legado possível” que podemos deixar para o mundo e o futuro.

       "Rezemos para que as famílias, graças a uma vida de oração e amor, sejam cada vez mais ‘laboratórios de humanização’.
            Para o papa, as famílias são o primeiro lugar a se praticar o amor, a misericórdia e, é claro, a fé. Ele convida pais e filhos a se unirem em oração, a diminuírem o tempo distraídos com outras coisas para buscar uma aproximação real e vivenciar o amor de Cristo pelos laços familiares.

        A Semana Nacional da Família que ocorre de 11 a 17 de agosto de 2019, tem como tema: ‘A Família, como vai?’. Talvez, ao final da Semana Nacional da Família 2019 não chegaremos a uma resposta adequada dentro do que o próprio Deus pensou sobre essa instituição divina chamada família, mas teremos tentado ao menos nos aproximar do pensamento de Deus. Todos são convidados a participar! “A família é chamada a compartilhar a oração diária, a leitura da Palavra de Deus e a comunhão eucarística, para fazer crescer o amor e tornar-se cada vez mais um templo onde habita o Espírito” (Papa Francisco). E diz mais: “Ninguém pode pensar que o enfraquecimento da família como sociedade natural fundada no matrimônio seja algo que beneficia a sociedade. Antes pelo contrário, prejudica o amadurecimento das pessoas, o cultivo dos valores comunitários e o desenvolvimento ético das cidades e das aldeias”.

           Os esposos cristãos são cooperadores da graça e testemunhas da fé um para com o outro, para com os filhos e demais familiares. Deus convida-os a gerar e a cuidar. Por isso mesmo, a família foi desde sempre o hospital mais próximo Prestemo-nos cuidados, apoiemo-nos e estimulemo-nos mutuamente, e vivamos tudo isto como parte da nossa espiritualidade familiar” (Exortação Apostólica AMORIS LÆTITIA, do Papa Francisco sobre o amor na família, n. 321).

             Reze individualmente e convide sua família para um momento de oração comunitária em sua casa. Crie o cantinho de Deus em sua casa. Não deve faltar: A cruz de Cristo, a Bíblia Sagrada, água benta. E se pode acrescentar vela, foto da família, quadro de Nossa Senhora ou Sagrada Família, santo ou santa de sua devoção e flores. Ao sair de casa e antes de descansar, faça e incentive sua família a ler um texto da Bíblia, tocar a cruz de Cristo, e com a água benta traçar o sinal da cruz sobre si.