A
liturgia cristã acompanha o ciclo e a dinâmica da vida. Assim como o ano tem
suas estações, a liturgia tem seus ciclos, onde a Páscoa é o centro. Tudo gira
em torno deste Mistério Pascal. E
o tempo que a antecede é a Quaresma, que, no Brasil, é acompanhada da Campanha
da Fraternidade.
“Convertei-vos
e crede no Evangelho!” é o grande convite logo no seu início, na Quarta-feira
de Cinzas. A Quaresma é um tempo forte de “penitência e de mudança de vida, que
nos insere sempre mais no mistério de Cristo. Conversão possibilita o retorno
da dispersão para a nascente inesgotável da vida: Jesus Cristo
Crucificado-ressuscitado.” (Texto Base CF-2018, n. 9)
A
Quaresma nos encaminha para a Páscoa! É o tempo em que somos tocados pela
Palavra, cultivamos a oração, o amor a Deus e a solidariedade fraterna. Somos
despertados para os sentimentos de Jesus Cristo.
Segundo
o Texto Base da Campanha da Fraternidade 2018, “o insistente apelo à penitência
e conversão não se apresenta na dinâmica da tristeza,
mas de uma sóbria alegria, alimentada
pela esperança. Vós concedeis, Senhor,
aos cristãos esperar com alegria, cada ano, a festa da Páscoa. O tempo de
conversão desperta em nós a alegria. Alegria do reencontro: a salvação! Se, por
um lado, as recordação do sofrimento de Jesus com sua morte na cruz produz em
nós uma dor, a Ressurreição nos deixa participar da vitória sobre a morte e o
pecado. Assim, a Quaresma passa a ser um tempo de alegria, pois nos aproxima de
Deus e de nossos irmãos” (TB n 11).
Os
quarenta dias desse tempo precioso são de graça e de bênção. Iluminados pela
Palavra de Deus buscamos uma nova relação com as criaturas, com os irmãos e as
irmãs, e com Deus. Um caminho sustentado pela oração, pelo jejum e pela esmola.
“Oração como disponibilidade,
entrega e docilidade à vontade do Pai: esmola
como partilha de bens e de gestos solidários, de atenção misericordiosa com
os pobres e necessitados: jejum como
esvaziamento na imitação de Cristo na Cruz” (TB n. 12).
Na
Quaresma a liturgia despe-se dos seus aleluias
e de suas glórias, convidando-nos
à sobriedade e ao despojamento do supérfluo. “É um tempo de germinação
silenciosa e profunda iluminada pela esperança e expectativa. Neste tempo somos
convidados a reencontrar o nosso verdadeiro rosto em um esforço de
autenticidade e lucidez, na oração e na caridade, para que, modelados à imagem
de Cristo, sejamos capazes de uma comunhão mais profunda em seu mistério de
morte e ressurreição. Mistério que não está fora de nós. Ele é o que somos e o
somos convidados a ser. A nossa cruz não é outra senão a de Cristo, é o seu
amor em nós que a carrega. A nossa verdadeira vida é a vida do Ressuscitado em
nós. Se a liturgia nos conduz pelos passos de Cristo é para nos ensinar o caminho
que também é nosso” (TB n. 13).
Procuremos
estar em sintonia com o espírito da liturgia deste tempo e acolher a seiva de
vida que ela nos oferece.
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