sábado, 17 de fevereiro de 2018

Quaresma


           A liturgia cristã acompanha o ciclo e a dinâmica da vida. Assim como o ano tem suas estações, a liturgia tem seus ciclos, onde a Páscoa é o centro. Tudo gira em torno deste Mistério Pascal. E o tempo que a antecede é a Quaresma, que, no Brasil, é acompanhada da Campanha da Fraternidade.

         “Convertei-vos e crede no Evangelho!” é o grande convite logo no seu início, na Quarta-feira de Cinzas. A Quaresma é um tempo forte de “penitência e de mudança de vida, que nos insere sempre mais no mistério de Cristo. Conversão possibilita o retorno da dispersão para a nascente inesgotável da vida: Jesus Cristo Crucificado-ressuscitado.” (Texto Base CF-2018, n. 9)
          A Quaresma nos encaminha para a Páscoa! É o tempo em que somos tocados pela Palavra, cultivamos a oração, o amor a Deus e a solidariedade fraterna. Somos despertados para os sentimentos de Jesus Cristo.
          Segundo o Texto Base da Campanha da Fraternidade 2018, “o insistente apelo à penitência e conversão não se apresenta na dinâmica da tristeza, mas de uma sóbria alegria, alimentada pela esperança. Vós concedeis, Senhor, aos cristãos esperar com alegria, cada ano, a festa da Páscoa. O tempo de conversão desperta em nós a alegria. Alegria do reencontro: a salvação! Se, por um lado, as recordação do sofrimento de Jesus com sua morte na cruz produz em nós uma dor, a Ressurreição nos deixa participar da vitória sobre a morte e o pecado. Assim, a Quaresma passa a ser um tempo de alegria, pois nos aproxima de Deus e de nossos irmãos” (TB n 11).
           Os quarenta dias desse tempo precioso são de graça e de bênção. Iluminados pela Palavra de Deus buscamos uma nova relação com as criaturas, com os irmãos e as irmãs, e com Deus. Um caminho sustentado pela oração, pelo jejum e pela esmola. “Oração como disponibilidade, entrega e docilidade à vontade do Pai: esmola como partilha de bens e de gestos solidários, de atenção misericordiosa com os pobres e necessitados: jejum como esvaziamento na imitação de Cristo na Cruz” (TB n. 12).
       Na Quaresma a liturgia despe-se dos seus aleluias e de suas glórias, convidando-nos à sobriedade e ao despojamento do supérfluo. “É um tempo de germinação silenciosa e profunda iluminada pela esperança e expectativa. Neste tempo somos convidados a reencontrar o nosso verdadeiro rosto em um esforço de autenticidade e lucidez, na oração e na caridade, para que, modelados à imagem de Cristo, sejamos capazes de uma comunhão mais profunda em seu mistério de morte e ressurreição. Mistério que não está fora de nós. Ele é o que somos e o somos convidados a ser. A nossa cruz não é outra senão a de Cristo, é o seu amor em nós que a carrega. A nossa verdadeira vida é a vida do Ressuscitado em nós. Se a liturgia nos conduz pelos passos de Cristo é para nos ensinar o caminho que também é nosso” (TB n. 13).
       Procuremos estar em sintonia com o espírito da liturgia deste tempo e acolher a seiva de vida que ela nos oferece.           

         


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