segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Uma campanha para servir

Um Olhar de Fé:
............Durante do tempo Quaresma, a Igreja Católica no Brasil propõe a vivência de uma campanha para aumentar a fraternidade, dentro do espírito da vivência quaresmal, na caminhada para a Páscoa.
............Em 2015, o tema escolhido foi “Fraternidade: Igreja e Sociedade”, com o lema “Eu vim para servir”, inspirado em Marcos 10,45.
............O objetivo geral é “aprofundar, à luz do Evangelho, o diálogo e a colaboração entre a Igreja e a sociedade, propostos pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, como serviço ao povo brasileiro, para a edificação do Reino de Deus.”
............Os objetivos específicos propostos são estes:
............1. Fazer memória do caminho percorrido pela Igreja com a sociedade, identificar e compreender os principais desafios da situação atual.
............2. Apresentar os valores espirituais do Reino de Deus e da doutrina Social da Igreja,
............3. Identificar as questões desafiadoras na evangelização da sociedade e estabelecer parâmetros e indicadores para a ação pastoral.
............4. Aprofundar a compreensão da dignidade da pessoa, da integridade da criação, da cultura da paz, do espírito e do diálogo inter-religioso e intercultural, para superar as relações desumanas e violentas.
............5. Buscar novos métodos, atitudes e linguagens na missão da Igreja de Cristo de levar a Boa Nova a cada pessoa, família e sociedade.
............6. Atuar profeticamente, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, para o desenvolvimento integral da pessoa e na construção de uma sociedade justa e solidária.
............Só a fraternidade é capaz de construir a paz. E os cristãos precisam levar a cultura da paz para dentro da sociedade. Impregnar toda a sociedade com o perfume de Deus, dos valores do Evangelho, do Mandamento Novo, o “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.       
............E o grande ensinamento-exemplo que o Mestre nos dá é que só seremos grandes quando servimos os nossos semelhantes. Este é o caminho para a paz e para um outro mundo possível.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

O tempo

Um Olhar de Fé:
............Vivemos numa época em que mudou a época. Quando alguém começa a querer comparar o hoje com o ontem, dizendo que “no meu tempo era assim”, “no meu tempo que era bom”, aí significa que estamos ficando velhos e não adaptados às mudanças.
............Precisamos sempre nos adaptar ao hoje, à realidade e às mudanças. Isso não significa passar por cima do passado ou esquecer os seus valores. Pelo contrário, precisamos olhar para o passado, como no retrovisor de um carro, mas olhar em frente, construindo um mundo de acordo com as lições e erros passados.
............O mundo não começou conosco. Sabe-se que ao menos há doze mil anos existe a presença de vida humana em nossa América do Sul. Não somos os descobridores da América, portanto. E o mundo também não acabará conosco.
............Na Missa da Terra sem Males, três palavras fortes são lembradas e repetidas: MEMÓRIA – REMORSO – COMPROMISSO. 
............A MEMÓRIA é a história de nossas lutas, conquistas e sofrimentos. O REMORSO é a recordação dos erros, dos abusos, da prepotência, do preconceito, da escravidão, da opressão, do colonialismo, das matanças; e disso sentir remorso e pedir perdão. O COMPROMISSO é o assumir a transformação desta realidade passada, para que NUNCA MAIS aconteça. Compromisso com uma vida de fraternidade e liberdade, onde a humildade seja nossa grande virtude.
............Lembro-me de ter acompanhado uma entrevista de Dom Hélder Câmara Perguntaram-lhe qual época e qual tempo gostaria de ter vivido. E ele responder que era exatamente neste tempo e nesta época, pois se Deus nos colocou no mundo, aqui e agora, é porque aqui e agora temos que viver nossa missão.
............O melhor tempo é o que vivemos. A melhor época é a que fazemos. O melhor lugar é onde vivemos e onde estamos.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Missa da Terra Sem Males

............Os povos Tupi, em geral, e os Guarani, em específico, têm como elemento forte de sua teologia a superação do sofrimento pela conquista da “terra sem males”. É a busca dos povos indígenas e de todos os pobres do mundo por uma terra livre da dor, do sofrimento e da morte. Este sonho foi experienciado e vivido nas Missões de nosso Estado, Argentina e Paraguai e destruído pela ganância e pelo colonialismo português e espanhol. Em 1978, no Brasil, celebrou-se o “Ano dos Mártires”, lembrando os trezentos e cinquenta anos dos três Mártires Riograndenses – Roque Gonzales, Afonso Rodriguez e João Castilho. O CIMI – Conselho Indigenista Missionário – achou que era de justiça que não se celebrasse apenas a morte dos três missionários jesuítas, mas também a morte de milhares de índios.
............No dia 7 de fevereiro de 1978 celebrou-se uma romaria até a Coxilha de Caiboaté (São Gabriel), onde no dia 10 de fevereiro de 1756 foram mortos 1.500 índios. Ali se fez uma Via Sacra Missioneira, presidida por D. Tomás Balduíno, então presidente do CIMI. Foi o início das Romarias da Terra, que se espalharam pelo Brasil. Ali nascia a ideia de uma Missa da Terra sem Males, que foi composta por D. Pedro Casaldaliga e Pedro Tierra (Hamilton Pereira da Silva) e musicada por Martin Coplas, argentino, descendente de quechua e aymara.
............Segundo Casaldaliga, “a missa da Terra Sem Males é ortodoxa. A missa respeita o esquema litúrgico. Não é um oratório apenas, menos ainda um show. É um texto musical e recitado, que ambienta e traduz indigenisticamente a Celebração Eucarística real”. Foi celebrada pela primeira vez na Catedral da Sé, em São Paulo, no dia 22 de abril de 1979, com a presença de quase quarenta bispos e sete mil fiéis, que lotaram a Catedral.
............Em 2016 iremos celebrar 260 anos da morte de Sepé e seus companheiros. Isso se deu em São Gabriel, já dentro da atual cidade, próximo da Rodoviária, na Sanga da Bica. Ali será celebrada, neste sábado, 7 de fevereiro, a Missa da Terra sem Males, com a presença de duzentos índios, apoiadores dos movimentos sociais e a participação de Martin Coplas.