quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

Natal é acolher, dialogar, cuidar e encontrar

Natal é vida que nasce,
Natal é Cristo que vem,
Nós somos o seu presépio,
A nossa a casa é Belém

            O natal é a celebração do Deus que, em Jesus, assume a carne humana. A condição humana – frágil, limita e mortal – se torna lugar de manifestação de Deus. Ele fez sua morada entre nós, na carne de um ser humano.
            O natal manifesta a determinação de Deus em querer encontrar o ser humano na sua fragilidade, propondo uma forma de acolher e cuidar de cada pessoa em sua singularidade e dignidade.
            Natal é acolher! Deus não desiste dos homens e por isso sempre encontra meios de bater a nossa porta. “Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa” (Ap 3,21). Em tempos de insegurança temos medo de abrir as portas e isto pode impedir de acolher o Senhor que quer habitar em nossa casa, fazer refeição conosco e oferecer a salvação. São tantas as batidas em nossas portas: telefone, whatsApp, vendedores… Abrir a porta requer atitudes de discernimento, acolhida e hospitalidade.
            Natal é dialogar! Deus, para realizar o seu projeto de amor, recebeu a acolhida de Maria. Inicia um diálogo com ela que termina com as palavras de Maria “Eis a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38). O diálogo requer escuta, argumentação, proposição e respeito entre os dialogantes. O diálogo possibilita conhecer as pessoas e criar laços de solidariedade e amizade. O contrário do diálogo são os fundamentalismos. Que aprendamos a dialogar com Deus e as pessoas.
            Natal é cuidar! Todas as criaturas necessitam de cuidado. O ser humano com a sua criatividade e inteligência tem uma imensa capacidade de desenvolver meios de cuidado e de destruição. Ao mesmo tempo em que assistimos imensos avanços na medicina para cuidar da vida, assistimos o desenvolvimento de tecnologias que geram a morte. “Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor tinha mandado e acolheu sua esposa” (Mt 1,24). Deus restabelece a confiança de José em Maria e ele passa a cuidar de Maria e de Jesus. Cuidar uns dos outros é sinal de escuta da vontade de Deus.
            Natal é encontrar“Encontrarão um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura” (Lc 2,12). Os pastores, em sua simplicidade, acolheram a mensagem do anjo e foram ao encontro do Deus menino, deitado na manjedoura. Só o encontraram por que abriram a porta da sua vida e assim estabeleceram um diálogo.

            “Vem Senhor Jesus, o mundo precisa de ti!”
            Feliz e abençoado natal a todas e todos. Com Cristo Jesus!


terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Bispo, servo de Deus


          A Diocese de Bagé acolhe, no dia dezesseis de dezembro, seu quinto bispo, nomeado no dia vinte e seis de setembro pelo Papa Francisco. Ele escolheu como lema do seu ministério episcopal Eu vim para servir. D. Cleonir Paulo Dalbosco inspirou-se no evangelho de Marcos, capítulo dez, versículo quarenta e cinco, para escolher seu lema e propósito de sua missão.
          O lema sempre traz embutido uma proposta de vida e de missão. Recordemos os lemas dos outros quatro bispos de Bagé. D. José Gomes, natural de Erexim, que ficou como bispo de 1961 a 1968, tinha como lema Amar um ao outro. D. Ângelo Feliz Mugnol, natural de Farroupilha (Caravagio), bispo de 1969 a 1982, escolheu para seu ministério Fiz-me servo. D. Laurindo Guizzardi, religioso carlista, de Nova Bassano, terceiro bispo diocesano, Tudo pelos eleitos. D. Gilio Felicio, nosso quarto bispo, nascido em Sério, escolheu Evangelizar a todos.
           O Papa Francisco fala em três características essenciais que devem fazer parte da vocação de um bispo: ser homem de oração, de anúncio e de comunhão.

            A seguir, três características essenciais de um bispo descritas pelo Papa:
1. Homem de oração
            O Santo Padre explicou que um bispo é sucessor dos Apóstolos e, como os Apóstolos, é chamado por Jesus a estar com Ele, por isso, “diante do tabernáculo aprende a entregar-se e a confiar no Senhor”, porque é onde “encontra a sua força e a sua confiança”.
            “Assim amadurece n’ele a consciência de que também de noite, quando dorme, em meio ao cansaço e suor no campo que cultiva, a semente amadurece.  A oração para o bispo não é uma devoção, mas uma necessidade; não é mais uma tarefa entre outras, mas um ministério de intercessão indispensável".

2. Homem de anúncio
            O bispo, sucessor dos Apóstolos, “recebe como próprio o mandato que Jesus deu a eles: ‘Ide e anunciai o Evangelho’”.
            “‘Ide’: o Evangelho não se anuncia estando sentado, mas pondo-se em caminho. O bispo não vive em escritório, como um administrador empresarial, mas no meio do povo, pelas estradas do mundo, como Jesus. Leva o seu Senhor onde não é conhecido, onde é desfigurado e perseguido”.

3. Homem de comunhão
              O bispo é homem de comunhão. “Ele não pode ter todos os dons, o conjunto dos carismas, mas é chamado a ter o carisma do conjunto, ou seja, a manter unidos, a cimentar a comunhão”. “A Igreja precisa de união, não de solistas fora do coro ou de condutores de batalhas pessoais. O Pastor reúne: bispo para seus fiéis, é cristão com seus fiéis. Não faz notícia nos jornais, não busca o consenso do mundo, não tem interesse em tutelar o seu bom nome, mas ama tecer a comunhão”.
            “Não sofre de falta de protagonismo, mas vive radicado no território, rejeitando a tentação de ausentar-se frequentemente da Diocese e foge da busca de glórias para si”, acrescentou o Papa.
           "Portanto, sejam homens pobres em bens, ricos em relações, nunca sejam duros e resmungões, mas afáveis, pacientes, simples e abertos".




 

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Advento


       Advento é uma palavra que na cultura antiga tinha o significado de visita solene de um personagem importante. Para os cristãos lembra a vinda gloriosa do Cristo no fim dos tempos.
           De acordo com as Normas do Ano Litúrgico, “o tempo do Advento possui dupla característica: sendo um tempo de preparação para as solenidades de Natal, em que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos. Por este duplo motivo, o Tempo do Advento se apresenta como um tempo de piedosa e alegre expectativa” (NALC 39).
             Segundo a tradição da liturgia, esta piedosa e alegre expectativa se desenvolve durante quatro semanas. Seu suporte, como em todos os tempos litúrgicos, são os domingos.

       Entre a celebração da primeira vinda e a expectativa da segunda acontece uma vinda intermediária. Cristo vem até nós de forma misteriosa, principalmente, através de sua Palavra, dos Sacramentos e dos irmãos e das irmãs, especialmente daqueles mais empobrecidos e excluídos. Este dado da fé tem sua explicitação bem clara no II Prefácio do Advento: “Agora e em todos os tempos, ele vem ao nosso encontro, presente em cada pessoa humana, para que o acolhamos na fé e o testemunhemos na caridade, enquanto esperamos a feliz realização do seu Reino”. Mais que a vinda de Cristo, nós esperamos a chegada de seu Reino. João Batista, tentando preparar o povo judeu para a vinda do Messias, pregava a proximidade do Reino: “Arrependam-se, porque o Reino dos Céus está próximo” (Mt 3,2).
          As leituras feitas nas celebrações durante o Advento apresentam Cristo como aquele que prometeu voltar, orientando-nos para que vigiemos e esperemos a sua volta. A vida cristã, por isso, se caracteriza pela esperança e pela vigilância, já que não sabemos nem o dia nem a hora em que o Senhor vai chegar.
              A cor litúrgica é o roxo porque o Advento é o tempo em que se misturam alegria e renúncia. Enquanto nos alegramos com a vinda do Senhor, somos chamados à conversão, que exige penitência.
         O Advento se divide em duas grandes partes. A primeira compreende as duas primeiras semanas que acentuam a expectativa escatológica. Pedimos para que “caminhando entre as coisas que passam, abracemos as que não passam”; para que “coloquemos nossas esperanças nos bens eternos” e para que “ nenhuma atividade terrena nos impeça de correr ao encontro do Senhor que vem”. A segunda parte, que compreende as duas últimas semanas, se volta mais para o nascimento do Senhor. Começa com um canto de alegria: “Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto”.
            Aproveitemos bem este tempo que a Igreja, através de sua liturgia, nos coloca à disposição, pois como nos lembra o grande liturgista Romano Guardini: “O Senhor veio uma vez para todos, mas ele deve vir sempre de novo para cada um de nós”.