terça-feira, 18 de julho de 2017

Imigração alemã e italiana


            Neste dia vinte e cinco de julho celebramos, especialmente no Rio Grande do Sul, o dia da imigração alemã, lembrando esta data o ano de 1825 quando chegaram ao nosso Estado, mais especificamente em São Leopoldo, às margens do Rio dos Sinos as primeiras famílias de colonos alemães. Os primeiros imigrantes chegaram a Porto Alegre, capital da província de São Pedro do Rio Grande, em 18/7/1824. Logo, foram enviados para a Feitoria do Linho Cânhamo, um estabelecimento agrícola do governo imperial, que estava localizada à margem esquerda do Rio dos Sinos.
Em 25/7/1824, esses 39 imigrantes, sendo 33 evangélicos e seis católicos, chegaram ao seu destino. Esta é a data de fundação de São Leopoldo, de onde vem o título de "Berço da Imigração". Eles foram instalados na Feitoria até que recebessem seus lotes coloniais. O Governo do Estado batizou o núcleo de imigrantes de Colônia Alemã de São Leopoldo, que se estendia por mais de mil quilômetros quadrados, abrangendo na direção sul-norte, de Esteio até Campo dos Bugres (hoje, Caxias do Sul), e em direção leste-oeste, de Taquara (hoje) até o Porto de Guimarães, no rio do Caí (hoje, São Sebastião do Caí).
Já a colonização italiana aconteceu em nosso estado cinquenta anos mais tarde, em 1875, com quatro grandes polos. A primeira Colônia foi a de Caxias do Sul, (com a denominação antiga de Campo dos Bugres), que teve a chegado dos primeiros imigrantes italianos na região de Nova Milano, no dia 20 de maio (região de Farroupilha). Depois chegaram os colonos para a Colônia de Conde d'Eu (hoje Garibaldi), no dia 15 de novembro. E no dia 24 de dezembro a terceira colônia foi fundada com o nome de Dona Isabel (hoje Bento Gonçalves).
A Quarta Colônia ficava distante dos demais núcleos de imigração italiana, mas favorecido pelas boas condições da região, que permitia o uso nos cultivos de uva e fumo. Foi criada em 1877 e recebeu o nome de Colônia Silveira Martins, homenagem ao senador do Império do Brasil e Presidente da Província do Rio Grande do SulGaspar da Silveira Martins, que defendia o processo de imigração italiana para a Província. Foi composto inicialmente por 70 famílias que subiram o Rio Jacuí até Rio Pardo, percorrendo o restante do caminho em carros de boi. O nome da região foi definido por ser a quarta área de assentamento para os imigrantes italianos que vieram para o Rio Grande do Sul no século XIX.
Os motivos para a imigração? Crise na Europa, pobreza, concentração de terras, sistema político, famílias numerosas. De outro lado, necessidade de substituição da mão de obra escrava, produção de alimentos, “embranquecimento” da população brasileira, fixação das fronteiras, entre outros.
Celebrar a memória destes antepassados é recordar seu trabalho, suas dificuldades e suas vitórias. E é lembrar também que hoje o mundo, pelas mesmas ou outras razões, continua produzindo migrantes e imigrantes. Que precisam ser acolhidos.



terça-feira, 11 de julho de 2017

Semente é esperança


            Uma das páginas mais bonitas da Bíblia e da literatura é a Parábola do Semeador, que Mateus narra esplendidamente no capítulo treze de seu evangelho.
            Semear não é apenas o trabalho do agricultor, mas de todo ser humano. A nossa própria vida tem começo porque uma “semente” é depositada no corpo da mulher, a mãe, que dela cuida por nove meses, até que dê à luz um novo ser, que já era um ser em estado de semente.
            Nesta criança, que no início tem tudo para se desenvolver, mas ainda não é um ser completo, maduro, é preciso depositar outras sementes: a linguagem, a aprendizagem dos gestos vitais, como alimentar-se, cuidar do próprio corpo, a sabedoria que regula o relacionamento consigo mesmo, com os outros e com Deus... É todo o trabalho da educação. É preciso sonhar que este trabalho dará fruto, no futuro, para perseverar nele com a dedicação e o carinho que uma pessoa humana merece.  Pais e educadores sabem que o dever deles é semear. Os frutos dependerão também de outros fatores: da resposta do filho ou do aluno, das circunstâncias externas, das oportunidades maiores ou menores que essa nova vida encontrará pela frente...
            O gesto e a atitude de semear faz parte da vida de toda pessoa. Quem semeia pouco, colhe pouco. Quem semeia muito, colherá muito, ensina o grande apóstolo Paulo na Segunda Carta aos Coríntios, no capítulo 9, versículo 6.
            A parábola do semeador é uma parábola da esperança. Como o semeador, Jesus não se assusta com as dificuldades imediatas, porque tem a certeza de uma grande colheita. Jesus se preocupa em semear.
            O grande educador Rubem Alves, em uma entrevista concedida ao Jornal Mundo Jovem, em outubro de 2007, nos deixou um belo depoimento. “As pessoas, nas coisas que elas crêem, têm sempre uma dose de esperança. A esperança que eu tenho hoje é muito diferente da esperança que eu tinha há 30 anos, por exemplo. As pessoas me perguntam: você tem esperança de que estas coisas que você acredita venham a se realizar? E eu respondo a elas: há muito tempo que não faço esta pergunta. Não estou me interessando pela colheita. Só estou me interessando pela semeadura. Se eu tenho um desafio e quero ver se a minha resposta vai dar certo, simplesmente faço o que é correto. Eu faço a minha semeadura, fico feliz com minha semeadura e vamos dizer que a colheita a Deus pertence, não está nas minhas mãos. O que importa é a gente ser honesto com a gente mesmo, viver a vida com integridade e é isso o máximo que a gente vai fazer. E se a coisa vai acontecer ou se não vai acontecer, continua semeando.”

            Semear é preciso. Somos semeadores de esperança. Semeamos sementes de esperança. “Põe a semente na terra, não será em vão. Não te preocupes a colheita, plantas para o irmão” é a nossa canção.


terça-feira, 4 de julho de 2017

Dízimo, mais que contribuição

Um Olhar de Fé:

.......O Dízimo é um jeito que o Povo de Deus descobriu, de maneira prática e comunitária, para a sua organização e manutenção. Além disso, a prática da partilha e da solidariedade.
           
.......A Igreja Católica no Brasil, através de seus bispos, publicou um documento chamado “O dízimo na comunidade de fé: orientações e propostas”, onde define “o dízimo é uma contribuição sistemática dos fiéis, por meio da qual cada comunidade assume corresponsavelmente sua sustentação e a da Igreja.” (Documento 106 da CNBB, n.6).
            
.......Para entendermos bem o dízimo é preciso que a pessoa esteja evangelizada e comprometida com a evangelização. Sem isso, a compreensão passa apenas pelo econômico ou até por uma compreensão errônea.

O documento 106 da CNBB coloca algumas características do dízimo:

1.    É relacionado com a experiência de Deus e com o amor fraterno;
2.    É um compromisso moral dos fiéis com a Igreja;
3.    É fixado de acordo com a consciência retamente formada;
4.    É sistemática e periódica.

............A contribuição do dízimo deve nascer da fé, da pertença à Igreja e da consciência eclesial. É um compromisso de amor fraterno, pois manifesta a amizade que circula entre os membros da comunidade. Ele traz à vida cristã os elementos “de uma caridade ativa na prática dessa experiência. Alguém se torna dizimista porque tem fé em Deus e confia nas suas promessas” (n. 8).
............É um compromisso moral. Como tal, “a contribuição com o dízimo nasce de uma decisão pessoal que exprime a pertença efetiva à Igreja vivida em uma comunidade concreta. A contribuição que se faz por meio dele é uma manifestação autêntica e espontânea da fé em Deus e da comunhão e participação na vida da Igreja e em sua missão. Por isso, ele se diferencia do simples cumprimento de uma lei e se situa no plano da decisão de consciência iluminada pela fé.” (n. 9)

............Assim também a decisão da escolha da quantia destinada para o dízimo é decisão de consciência, Iluminada pela Palavra de Deus, sensível às necessidades da Igreja e do próximo. “Cada um dê conforme tiver decidido em seu coração, sem pesar nem constrangimento”, diz o apóstolo Paulo (2 Cor 9,7).

............A contribuição com o dízimo deve ser sistemática. Isso significa que ela é estável, assumida de modo permanente. Do ponto de vista da forma como ela se realiza, é também periódica, podendo ser mensal ou estar ligada às colheitas ou à venda de produtos, sendo realizada na ocasião em que se recebe o salário ou outros tipos de ganho (n. 11).

............A correta compreensão do dízimo evita “que ele seja proposto e assumido unicamente como forma de captação dos recursos para as outras pastorais, para a sustentação das pessoas e para a manutenção das estruturas eclesiais. Essa compreensão não expressa toda a riqueza de seus significado, não podendo, portanto, ser apresentada como uma única motivação, nem como motivação principal, pois haveria grave risco de reducionismo” (n.12).