quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

É Natal do Senhor

É Natal mais uma vez. Como os tempos passam com tanta rapidez! Celebrar o Natal é dar destaque para uma Festa de um aniversário sempre novo, porque o aniversariante não fica velho, e nem aquele que consegue encontrá-Lo nesse momento privilegiado do ano. É a presença de Deus na história do passado e do presente, realizando um plano de salvação, transformando o egoísmo e a violência em amor e paz.
Deus, ao enviar seu Filho ao mundo, fez uma trajetória humana, contando com a intermediação da jovem Maria de Nazaré, uma mulher autônoma, amorosa, livre e determinada para realizar o projeto pontuado pelos profetas no Antigo Testamento. Ação determinada pela decisão de uma mulher, superando todos os conceitos que privilegiavam o sexo masculino nas decisões.
No contexto do Natal, toda cena, que marcou a história do povo de Deus, envolvendo o recenseamento, a manjedoura e o nascimento de Jesus, foi preconizada por uma esperança messiânica de vida nova. Isso já estava contido no anúncio do Anjo a Maria, dizendo que ela daria a vida a um ser humano, mas também divino, pela ação do Espírito Santo.
Dizer hoje “Feliz Natal” para alguém é desejar que haja comprometimento com a Pessoa de Jesus Cristo. É como abrir espaço no coração, fazendo aí morada digna de Deus. Então, Natal é mais do que uma festa de um nascimento histórico. É uma vida divina que vem ao encontro de uma vida humana, para resgatá-la das amarras da servidão e da escravidão, que sufoca a dignidade das pessoas.
O Evangelho é muito claro quando fala de Jesus Cristo. Mostra a caminhada de José e Maria saindo da Galileia para a Judeia, para cumprir a ordem estabelecida pelo governador, de que todos deveriam ser recenseados. Maria estava nos últimos tempos de gravidez, tendo que enfrentar o desafio da carência de hospedagem na cidade de Belém, onde nasceu Jesus.
Natal é mistério, mesmo que a cultura hodierna não consiga atingir sua total dimensão e sua riqueza como resposta da fidelidade de Deus para com as necessidades do mundo. No meio de tantos desafios como violência, injustiça, desmandos, agressão à vida, Deus conduz a história num projeto totalmente de amor. Ele é o Emanuel, o Deus conosco, que quer de nós um “sim” de responsabilidade.

  

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

Natal, tempo de construir a paz

Natal se aproxima, é tempo de amor,
Renasce a esperança de um mundo melhor.
Palavras e gestos promovem a paz,
Que vem do Deus vivo e na terra se faz.

            A época do Natal sempre nos faz mais sensíveis e humanos. Isso porque recordamos a realização das promessas de Deus, que jamais se esquece da humanidade e envia seu próprio Filho, que se faz gente como a gente, menos na fragilidade pecadora.
            Natal é tempo de relembrar a bondade de Deus para conosco. Um Deus misericordioso e bondoso, compassivo e clemente. Um Deus que caminha com seu povo ao longo de sua história, respeitando sua liberdade, mas não o abandonando. Um Deus presente e cuidador, sempre nos dando mais uma oportunidade para a mudança e a conversão.
            Natal é tempo de acolher a proposta divina. E aqui não pode haver indecisão: ou somos a favor, ou somos contra. Não existe meio termo ou o mais ou menos. Nossa opção deve ser pra valer, de corpo e alma, totalmente.
             Natal é tempo de acolher o Príncipe da Paz, como anuncia o Profeta do Advento, Isaías: “Seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai para Sempre, Príncipe da Paz” (Is 9, 5).
            Natal é tempo de renovação. É preciso deixar de lado as diferenças e atritos com aqueles que convivem conosco e recomeçar sempre de novo. Não deixar passar este tempo com ódio e rancor no coração, com inimizades e corações e mentes carregados de sentimentos vingativos. A fé nos ensina – e a psicologia nos confirma – que não devemos cultivar inimizades, que só fazem mal para nós mesmos. É preciso perdoar, recomeçar, renovar-se.
           Natal é tempo de ser solidário. Não por um dia ou por uma semana. A vida toda. Todos os dias, todos os anos. E ser solidário é ser humano, é ser justo, é lutar pela igualdade e fraternidade, partilha e direitos iguais, onde a justiça e a paz se abraçarão.
            Natal é tempo de dizer não à corrupção e à violência.  “Precisamos terminar com as castas que se enquistam no poder público distribuindo benesses e privilégios para os seus comparsas. Quem rouba milhões, mata milhões: não se defendem direitos humanos e sociais deixando impune a corrupção, sem tocar nos tentáculos das máfias do poder. Que o Evangelho do poder-serviço nos leve a construir um Brasil republicano, centrado na justiça, na integridade e no bem comum”, como nos diz o bispo de Campos (RJ), dom Roberto Francisco Ferreira Paz.

           Natal é tempo de construir a paz, nos convidam os encontros em preparação ao Natal em nosso Rio Grande do Sul. É tempo de superar violências e propor saídas para um mundo melhor. É tempo de anúncio: é possível um mundo melhor. Deus acreditou em nós e nos enviou o que tinha de mais precioso: o seu próprio Filho. É preciso que também nós acreditemos em nós.


quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Advento: tempo de esperançar

Um Olhar de Fé:

............A vida é dinâmica e começa sempre de novo. São Gregório de Nissa afirma que “na vida cristã vamos de começo em começo, através de começos sem fim”. Re-começar contínuo, no qual nos colocamos sempre de novo em sintonia com Aquele que plenifica nossa existência, dando sentido e inspiração ao nosso modo de ser e viver.

............Estamos re-começando mais um tempo litúrgico, sempre original e instigante: trata-se do Advento. É tempo de preparação, de recomeço e de continuidade.

............É tempo de olhar para a frente, para o futuro. É tempo de conjugar o verbo esperançar. Para isso, é tempo de vigilância, de estar acordados e sempre alertas.

............Esta vigilância evangélica é diferente de medo. Não temos medo do futuro nem da nova vinda do Senhor Jesus, mas sabemos da responsabilidade que temos, ou seja, viver como filhos e filhas de Deus, no amor, na fé e na esperança.

............Por que essa insistência em viver despertos, atentos e lúcidos, como nos pede o tempo do Advento? Porque, como dizia Antony de Mello, a grande tragédia da vida não é tanto aquilo que sofremos, mas aquilo que perdemos. Perdemos muitas oportunidades porque a dispersão e a distração nos acompanham sempre. E isso é justamente o que pretende a espiritualidade do Advento: despertar.

............De vez em quando, deveríamos ter a coragem de deixar ressoar em nós esta pergunta: “Você vive ou simplesmente sobrevive?”; pois o perigo de viver adormecidos ou de maneira superficial nos espreita continuamente. Aqui podemos recordar um texto de Henry Thoreau que se fez famoso graças ao filme “A sociedade dos poetas mortos”: “Fui aos bosques porque queria viver em plena consciência, queria viver a fundo e extrair toda a essência da vida; eliminar tudo o que não fosse a vida, para que, quando a minha morte chegasse, eu não descobrisse que não tinha vivido”. 

............Advento é tempo de darmo-nos conta de que somos finitos e transitórios. Não temos morada definida nesta terra e nem somos donos de nossa vida. O evangelho – o evangelista da vez – nos conta parábola de um homem que foi viajar e deixar os empregados responsáveis para cuidar de sua casa, dizendo que não saberia quando iria voltar. Assim acontece conosco. Somos apenas “caseiros”, não donos de nossa vida. Sempre devemos cuidar para que tudo esteja em dia.

............Advento não é, em primeiro lugar, preparar o natal de vinte e cinco de dezembro, mas o nosso natal, a nossa vida e o nosso encontro definitivo com o Messias.

............E qual é a melhor maneira de se preparar? Viver bem, com alegria e responsabilidade, com humildade e esperança.

............Que este tempo de advento e natal nos ajude a conjugar o verbo esperançar, para que o nosso viver seja cada vez mais um grande hino à vida, à fé e ao amor.