terça-feira, 25 de junho de 2019

Embrião da Diocese de Bagé


      A presença de Igreja, através dos primeiros cristãos que marcam presença em território do que é hoje a Diocese de Bagé, tem início com a criação das Reduções pelos missionários Jesuítas, ainda no século dezessete, nos idos dos anos de mil e seiscentos.

         A Primeira Missa em nosso Estado foi no dia três de maio de 1626, na redução de São Nicolau, pelo padre Roque Gonzalez. Em 1634, outro jesuíta, padre Cristóvão Orelhano Pereira de Mendonza, introduziu o primeiro gado, cavalos e ovelhas no estado. Naquela primeira fase foram 18 reduções no território chamado de Tape, nas bacias do rio Uruguai, Ibicuí e Jacuí. A este padre o Rio Grande do Sul e o Brasil devem muito agradecer. É importante lembrar que foi a pecuária que se multiplicou imensamente nos campos sulinos e permitiu a partir da sua introdução, o crescimento das reduções e depois todo o modo de ser do povo gaúcho. 

       Em 1640, os Jesuítas saem do Rio Grande do Sul, fugindo dos bandeirantes. E em 11 de março de 1641, no rio Uruguai, derrotam os bandeirantes na Batalha de M’Bororé. Deixam o gado, que se reproduz a vontade, formando as vacarias (Vacaria del Mar). Em 1682 os jesuítas retornam ao RS e fundam sete reduções.

        Aqui começa nossa história. O primeiro contato da região com o homem europeu aconteceu na segunda metade do século XVII, quando os padres jesuítas, após fundarem São Miguel, desceram da região dos Setes Povos das Missões e instalaram-se aqui, fundando a Redução de Santo André dos Guenoas, em 1683, nos limites entre Bagé e Dom Pedrito. Porém, os índios daqui (que os padres pretendiam catequizar) eram rebeldes em relação aos índios missionários e aos homens brancos e destruíram a redução.

        O Tape foi distribuído em estâncias, e a região que equivale hoje à nossa Diocese pertencia à Redução de São Miguel, indo desde Santa Maria até o Rio Negro, onde hoje é Hulha Negra. Os índios traziam consigo seus santos padroeiros e nos postos criados para cuidar do gado – daí vem o nome de posteiros – tinham também suas orações e eram visitados periodicamente pelos padres Jesuítas. Percebe-se que também parte das estâncias de São Nicolau, Santa Maria Maior e Conceição (estas últimas ficavam na Argentina, mas tinham estâncias aqui, como Japejú, que está no território da hoje diocese de Uruguaiana), faziam parte do hoje território diocesano.

          No século dezenove, com o fim das reduções e a chegada dos imigrantes – açorianos, alemães e italianos – surgem os povoamentos, especialmente na região fronteiriça, como Bagé, Livramento, Dom Pedrito e arredores, São Gabriel, Rosário do Sul, Lavras, Pinheiro Machado, Cacequi, São Vicente... Nesta época, surgem as primeiras Paróquias: São Gabriel (1837), Bagé (1846), Lavras do Sul (1847), Santana do Livramento (1848), Pinheiro Machado (1857), Rosário do Sul (1859), Dom Pedrito (1859).
           


quarta-feira, 19 de junho de 2019

Corpus Christi A fé na Eucaristia


             Os católicos celebram, no dia 20 de junho, sessenta dias depois da Páscoa, a festa de Corpus Christi (ou Corpo de Deus). Nela é celebrado o mistério do Corpo e do Sangue de Cristo no sacramento da Eucaristia.
           Tornou-se tradicional celebrar essa festa com grande e solene missa, seguida de procissão pública, levando a hóstia consagrada para ser adorada fora dos recintos das igrejas, num testemunho público de fé.
            Em muitos lugares, como em Dom Pedrito, o povo católico enfeita as ruas e janelas de suas casas por onde deve passar a procissão, num gesto de profunda acolhida e reverência ao Cristo Eucarístico.
           A celebração de Corpus Christi é uma festa móvel no calendário litúrgico. Ocorre todos os anos na primeira quinta-feira depois da festa da Santíssima Trindade, ou sessenta dias depois da Páscoa. Recorda a instituição da Eucaristia, na Quinta-feira Santa, quando Jesus entregou aos apóstolos o pão e o vinho, dizendo-lhes que era seu corpo e seu sangue sacrificados por eles e para os cristãos de todos os tempos, acrescentando que fizessem isso em sua memória. Desde então, esse sacramento tornou-se o centro da vida da Igreja e o ponto de união da Comunidade cristã.

         Origem – Ao longo da história da Igreja surgiram dúvidas quanto à presença do Cristo na Eucaristia, acentuadas principalmente no século XI pelo teólogo francês Beranger de Tours e por movimentos heréticos como os dos cátaros, valdenses e albingenses, que negavam essa presença real de Cristo na hóstia sagrada.
          A reação popular não se fez esperar. Em Liége, na Bélgica, por insistência de uma religiosa agostiniana, Santa Juliana de Mont Cornillon (1192-1258), foi realizada a primeira procissão eucarística em 1230, no interior da igreja de Saint Martin. Em 1247, a festa ganhou caráter diocesano, com procissão pelas ruas de Liége.
         Em 1261, Jáques Pataleón de Troyes, antigo auxiliar do bispo de Liége, foi eleito papa, adotando o nome de Urbano IV. Conhecedor dessa manifestação religiosa, em 1264 estendeu a toda Igreja a festa do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo.
          Santo Tomás de Aquino compôs os principais hinos da festa, como o Tantum ergo (Tão sublime sacramento), utilizado nas bênçãos com o Santíssimo até os dias de hoje. Em 1317, o Papa João XXII deu caráter obrigatório à procissão pelas vias públicas e a solenidade passou a ser realizada no mundo inteiro.



        

quinta-feira, 13 de junho de 2019

Comunidades em encontro

          Em comunidade, juntos na missão, criamos raízes! Este o tema do décimo oitavo encontro diocesano das comunidades eclesiais de base da Diocese de Bagé, que acontece em Santa Margarida do Sul, no dia dezesseis de junho, festa da Santíssima Trindade, a melhor comunidade.      

      Estamos lembrando e celebrando os quarenta anos do primeiro encontro estadual de comunidades, que aconteceu em São Gabriel, nos dias sete a nove de setembro de 1979, no então Ginásio São Gabriel, dos Irmãos Maristas. São Gabriel tinha sido o berço das primeiras romarias em homenagem aos mártires, em 1978, e a Sepé Tiaraju, nos anos de 1979 e 1980. Que deram origem às romarias da terra no Brasil. O tema deste primeiro encontro foi: A árvore do sistema: causas e consequências dos problemas”. Não éramos muitos, em torno de cento e setenta pessoas.

          Durante o encontro, era como se os representantes das comunidades cuidassem de uma grande árvore. Na árvore tem partes que se enxergam logo que se olha: são os galhos e o tronco. Tem galhos que são podres. Outros são cheios de carunchos. E ainda se enxergam galhos estragados, onde estão brotando pequenos galhinhos novos e verdes. Os galhos estragados só atrapalham a vida do jardineiro. Só dão incomodação e dor de cabeça.


           Mas a árvore tem uma parte que não aparece! É preciso cavocar para ver melhor. É a raiz.
         Tem várias raízes, umas menores, outras maiores. Mas tem uma raiz que é a principal, a que está no meio e que via bem fundo. Ela que faz com que os galhos ou o tronco sejam do jeito que são. Por isso, se o jardineiro tiver boa ideia, ele deve olhar bem a raiz principal.

          Esta árvore é o nosso mundo, com seus sistemas, que produzem tantos frutos podres. Mas podemos também compará-la com nossas comunidades. “É preciso focar na comunidade”, escrevem os bispos na última Assembleia Geral da CNBB, nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019-2023. “Pequenas ou grandes, no campo ou na cidade, a partir de paróquias ou de grupos reconhecidos pela autoridade eclesial”.

      Vivemos numa sociedade volátil, Sygmund Bauman falava em sociedade líquida: “É o conjunto de relações e instituições, além de sua lógica de operações, que se impõe e que dá base para a contemporaneidade. É uma época de liquidez, de fluidez, de volatilidade, de incerteza e insegurança. É nesta época em que toda a fixidez e todos os referenciais morais da época anterior, denominada pelo autor como modernidade sólida, são retirados de palco para dar espaço à lógica do agora, do consumo, do gozo e da artificialidade.”
            E isso tem reflexo na religiosidade, que acaba também sendo líquida, com muita flexibilidade e portabilidade.
         Os antigos diziam que “pedra que muito rola não cria raiz”. Precisamos resgatar o sentido de pertença à comunidade onde estamos inseridos e onde nos abastecemos. Precisamos criar raízes, fortalecer a nossa fé, abraçar a causa de Jesus Cristo.

quarta-feira, 5 de junho de 2019

Meio Ambiente e Laudato Si’

         No próximo dia 18 de junho, a encíclica Laudato Si’ – sobre o cuidado da Casa Comum, redigida pelo Papa Francisco - completará quatro anos. O documento é considerado um marco na abordagem da temática socioambiental pela Igreja e tem como proposta principal a conversão ecológica, numa perspectiva de uma ecologia integral, na qual relações, pessoas, a natureza e as crises, “tudo está interligado”.

          O urgente desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois sabemos que as coisas podem mudar. O Criador não nos abandona, nunca recua no seu projeto de amor, nem Se arrepende de nos ter criado. A humanidade possui ainda a capacidade de colaborar na construção da nossa casa comum - Papa Francisco – Carta encíclica Laudato Si’ (13)

       O bispo de Brejo (MA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom José Valdeci Santos Mendes, afirma que celebrar o aniversário da Laudato Si é “exatamente assumir esse compromisso com a questão ambiental, com uma ecologia integral onde se leva em conta as comunidades tradicionais, o equilíbrio ambiental. Isso exige de nós sempre mais esse zelo pela casa comum, pela criação de Deus”.

            O bispo que preside a Comissão que atua junto às Pastorais Sociais da Igreja destaca ainda que esta é ocasião para “reassumir este compromisso com o Papa Francisco”, e ressalta a preparação para o Sínodo para a Amazônia – marcado para outubro – “que, de fato, a gente possa zelar cada vez mais a criação de Deus e sermos estes testemunhas da criação, sermos este testemunho de fidelidade do seguimento de Nosso Senhor Jesus Cristo nos comprometendo com a vida, diria a vida humana, mas também a vida de toda a criação”.

          Bioma presente no Brasil que ganhou especial atenção do Papa no documento, a Amazônia, também celebra os quatro anos da Laudato Si’. Neste ano em que será realizado o Sínodo, o documento é um forte aliado e sempre uma grande diretriz para os trabalhos.

            Em âmbito mundial, o Movimento Católico Global pelo Clima tem se comprometido a levar a proposta de conversão ecológica ao mundo inteiro, com o propósito de formar a “Geração Laudato Si’”, cujo principal público são os jovens, como a sueca Greta Thunberg, de 16 anos, que desencadeou paralisações pelo clima em todo o mundo a partir de uma mobilização em frente ao parlamento do seu país.

            Após repercussão da iniciativa pela Europa e o encontro de Greta com o Papa Francisco, no mês de abril, os eventos se estenderam por todo o mundo, com registros na Casa Branca, em Roma, na Nigéria e no Equador, por exemplo.

           Com o apoio de autoridades do Vaticano, o grupo tem se portado como os agentes que desafiam “comunidades de fé e a sociedade civil a uma conversão ecológica radical”.

            A Semana do Meio Ambiente deve nos ajudar a criar, cada vez mais, consciência e atitudes ecologicamente corretas.