Um
grupo de peregrinos da Diocese de Bagé organizou uma visita às reduções
missioneiras do Brasil e Argentina, uma viagem de história, fé, cultura,
memória, geografia, convivência.
Queremos nos dar conta que a área de
nossa Diocese fazia parte dos Sete Povos, pois era aqui que se localizavam as
estâncias para a criação de gado, especialmente a estância de São Miguel
Arcanjo, mas também de São Nicolau.
Nossa região era o espaço onde
circulavam muitos miguelistas e nicolaístas, como também os missionários
jesuítas. Temos até hoje resquícios desta época.
Dos trinta povos das Missões, oito
ficavam onde hoje é o Paraguai, quinze povos onde está o território da
Argentina e sete povos no Tape, como era chamado o Rio Grande do Sul.
Nosso caminho iniciou em Santo
Ângelo, o último dos Sete Povos, onde temos a praça central e a Catedral
Angelopolitana, construída exatamente sobre a igreja que ali existia no tempo
das reduções. Vale a pena também visitar o Museu Municipal, onde existe uma
maquete de como era o povo de Santo Ângelo Custódio.
A visita a São Miguel Arcanjo, que em 1983 foi declarado Patrimônio Histórico e Cultural
da Humanidade pela UNESCO, Organização das Nações Unidas para Educação,
Ciências e Cultura, é indispensável, sendo o povo que tem a maior estrutura
conservada e em pé. Nesta visita podemos ter uma ideia de como eram organizadas
as reduções: a igreja, a praça grande, o Cotiguaçu (local onde eram acolhidos
os órfãos, as viúvas, as mulheres sozinhas), o cemitério, a casa dos padres,
com as oficinas, escola, armazéns, o tambo, a quinta... E em torno da praça
ficavam as casas (viviendas), em
três, quatro ou mais quarteirões, com suas varandas. Na entrada da praça ficava
o Cabildo, órgão encarregado pela Administração, com seu alferes e demais
membros, encarregados do trabalho e de toda estrutura da Redução.
São Miguel conserva também um acervo
de imagens sacras, desta época, construída pelo arquiteto Lúcio Costa. E a
visita inclui, à noite, o espetáculo Som e Luz, com duração de 48 minutos, uma
verdadeira volta aos tempos, com um conhecimento de história, cultura e fé. É
aqui em São Miguel, que o menino Sepé Tiaraju, nascido em São Luiz Gonzaga,
órfão ficando foi acolhido pelos missionários. Aqui é educado e foi eleito
alferes (prefeito), provavelmente no dia 31 de dezembro de 1749, como era
costume.
Incluímos na
visita uma grande celebração eucarística no Santuário dos Mártires, em Caaró,
um verdadeiro santuário ecológico, local de muitas peregrinações e de muitas
inspirações, banhada pelo sangue dos mártires jesuítas e de vários indígenas.
Para chegar
à Argentina, vários caminhos existem. Optamos por São Borja (os outros passos são feitos por balsa, atravessando o Rio Uruguai). No país vizinho, fomos visitar
San Ignacio Mini, a mais conservada das quinze reduções que ficavam em solo
hermano.
San Ignacio
nos reserva belas surpresas, com a sua estrutura, o que nos possibilita ter uma
ideia mais clara de como eram as reduções. À noite, como em São Miguel, um belo
espetáculo de luz e música, onde a pessoa é desafiada a caminhar junto no sítio
arqueológico e entender melhor o que representou toda esta experiência, acabada
pela cobiça humana.
Praça Pinheiro Machado em Santo Angelo com a Catedral Angelopolitana ao fundo |