terça-feira, 19 de abril de 2016

O julgamento da ovelha

Um Olhar de Fé:
(Fábula de Monteiro Lobato)
............“Um cachorro de maus bofes acusou uma pobre ovelhinha de lhe haver furtado um osso.
............- Para que furtaria eu esse osso — alegou ela — se sou herbívora e um osso para mim vale tanto quanto um pedaço de pau?
............Não quero saber de nada. Você furtou o osso e vou já levá-la aos tribunais.
............E assim fez.
............Queixou-se ao gavião penacho e pediu-lhe justiça. O gavião reuniu o tribunal para julgar a causa, sorteando para isso doze urubus de papo vazio.
............Comparece a ovelha. Fala. Defende-se de forma cabal.

............Mas o júri, composto de carnívoros gulosos, não quis saber de nada e deu a sentença:
............- Ou entrega o osso já e já, ou condenamos você à morte!
............A ré tremeu: não havia escapatória!… Osso não tinha e não podia, portanto, restituir; mas tinha a vida e ia entregá-la em pagamento do que não furtara.
............Assim aconteceu. O cachorro sangrou-a, cortou-a em pedaços, reservou para si um quarto e dividiu o restante com os juízes famintos, a titulo de custas…”

quarta-feira, 13 de abril de 2016

A beleza da Família

Um Olhar de Fé:

............“O amor é lindo”, exclamam as pessoas apaixonadas.
 ............“A vida é bela”, dizem as pessoas de bem com a vida.
............“A alegria do amor” (Amoris Laetitia), “na beleza da família”, escreve o Papa Francisco na sua  Exortação apostólica pós-sinodal do Papa Francisco que marca a conclusão do não fácil caminho de reflexão realizado nas duas assembleias dos bispos do mundo.
............Nove capítulos, mais de 300 parágrafos, 260 páginas, cerca de dois anos para elaborá-la: no texto altamente esperado, publicado hoje, mas que tem a data não aleatória de 19 de Março, Solenidade de São José, ecoa os resultados dos relatórios finais dos Sínodos 2014 e 2015, bem como os documentos e os ensinamentos de seus antecessores: João Paulo II, em particular, com a sua Familiaris Consortio, Papa Paulo VI com a histórica Humanae Vitae, o Papa Bento XVI com a Deus caritas est.
............Há também algumas passagens fortes das catequeses sobre a família do próprio Papa Francisco durante as Audiências das Quartas-Feiras, preparatórias para acolher este documento que já promete ser como uma das obras-primas do seu magistério. Não faltam as contribuições dos fieis e das várias Conferências Episcopais do mundo, do Quênia, como da Austrália ou da Coreia e as citações de personalidades significativas como Martin Luther King, Erich Fromm, Jorge Luis Borges, Octavio Paz, ou até mesmo do filme A Festa de Babette com o qual o Papa explica o conceito de “gratuidade”.
............Tudo para demonstrar que para falar de família “não existem simples receitas”, mas é necessário ampliar o olhar e adotar um discernimento que, na medida do possível, reflita cada caso. Porque, escreve o Papa, “nem todas as discussões doutrinais, morais ou pastorais devem ser resolvidas com intervenções do magistério”, mas principalmente com o amor. A alegria do amor.


terça-feira, 5 de abril de 2016

Conclamação ao Povo Brasileiro

Um Olhar de Fé:

............Reunidos, por iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB,- Ministério da Justiça, Ministério Público Federal,Instituto dos Advogados Brasileiros
............Considerando as graves dificuldades institucionais, econômicas e sociais da atual conjuntura nacional, que geram inquietação e incertezas quanto ao futuro;
............Considerando que nenhuma crise, por mais séria que seja, pode ter adequada solução fora dos cânones constitucionais e legais em decorrência do primado do Direito;
............Considerando que as divergências naturais, numa sociedade plural, não devem ser resolvidas, senão preservando-se o respeito mútuo, em virtude da dignidade da pessoa humana;
............Considerando que, em disputas políticas, necessariamente haverá aqueles que obtêm sucesso e aqueles que não alcançam seus objetivos;
............Considerando que, nestes casos, o êxito não pode significar o aniquilamento do opositor, nem o insucesso pode autorizar a desqualificação do procedimento;
............Considerando que, sejam quais forem os grupos políticos, suas convicções e valores não devem ser colocados acima dos interesses gerais do bem comum do Estado, que tem o dever de priorizar os grupos mais vulneráveis da população;
............Considerando, por fim, que às entidades subscritas cabe desenvolver o seu mais ingente esforço para assegurar a prevalência das garantias constitucionais, norteadas por nossa Carta Cidadã de 1988 no artigo 3º:
............Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I. construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II. garantir o desenvolvimento nacional;
III. erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV. promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Conclamam todos os cidadãos e cidadãs, comunidades, partidos políticos e entidades da sociedade civil organizada, a fazer sua parte e cooperar para este mesmo fim, adotando, em suas manifestações, a busca permanente de soluções pacíficas e o repúdio a qualquer forma de violência, convictos de que a força das ideias, na história da humanidade, sempre foi mais bem sucedida do que as ideias de força.
Se assim o fizermos, a História celebrará a maturidade, o equilíbrio e a racionalidade de nossa geração que terá sabido evitar a conflagração, que somente divide e não constrói, fazendo emergir dos presentes desafios, ainda mais fortalecidas, as Instituições, a República e a Democracia.
Brasília, 31 de março de 2016. Dom Leonardo Ulrich Steiner (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Dr. Eugênio Aragão (Ministério da Justiça), Dr. Aurélio Veiga dos Rios (Ministério Público Federal), Dr. Técio Lins e Silva (Instituto dos Advogados Brasileiros).