terça-feira, 2 de setembro de 2014

Xingu

            Vivemos num país de dimensões continentais. Muitas partes são desconhecidas da maioria dos brasileiros. Também em matéria de organização da Igreja. Na região oeste do Pará temos a Prelazia do Xingu, com sede em Altamira, com superfície de 368.086 quilômetros quadrados, do tamanho dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina juntos. A maior diocese do Brasil fica no Xingu e soma aproximadamente 800 comunidades, mas tem apenas 27 padres. Fora essa desproporção, a região conta com muitos desafios à defesa dos direitos dos indígenas e, também, ao trabalho da Igreja na Amazônia. Seu Bispo é Dom Erwin Kräutler, que está sob proteção policial desde 29 de junho de 2006, dia e noite.
Dom Erwin Kräutler

            Esta região é banhada pelo rio Xingu, um dos afluentes da margem direita do Rio Amazonas, atravessada pela Transamazônica, que tem seu marco zero em Altamira, sede da Prelazia, que completa 80 anos. Transamazônica que nesta região de Altamira já recebeu asfalto embora as pontes ainda não tenham sido construídas. Asfalto que é muito mais em vista da hidrelétrica do Belo Monte que para atendimento dos moradores.

            Belo Monte é um projeto desenvolvimentista, que conta hoje com 25 mil trabalhadores na sua construção, que tem previsão de término para 2019, quando suas 24 turbinas serão acionadas. Trouxe para a região muitos problemas, como o aumento da violência, drogas, estupros, assaltos, assassinatos, prostituição, desorganização social. Sem falar na destruição da floresta, no deslocamento dos povos indígenas e no desrespeito à natureza e seu curso. É a mostra, mais uma vez, do progresso a qualquer custo, sem levar em conta a pessoa e a natureza. É preciso atender o deus mercado e seu lucro, custe o que custar. 

            Mas é também uma Igreja Profética e banhada com o sangue de muitos, como a Ir. Dorothy Stang, de Anapu, grande defensora da floresta amazônica e dos povos amazônicos. Denunciava a destruição de ambos, foi pedra de tropeço no caminho dos poderosos, e acabou sendo assassinada. Seu corpo foi enterrado em Anapu, no Centro de Formação São Rafael, embaixo de um pé de mangueira. Continua adubando os sonhos, os projetos e as lutas do povo da floresta.
           

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