Estamos iniciando um novo tempo litúrgico. É o Tempo Comum, depois do Natal e antes da Quaresma, quando lemos o início da missão de Jesus com o chamado dos discípulos, a proposta do Reino. “No ano C, é Lucas quem nos conduz; ele insiste no seguimento radical de Jesus, ensina-nos a orar, a amar, a perdoar, a nos deixar guiar pelo Espírito, a levar em conta as mulheres, a colocar no centro de nossa vida o acolhimento e a preocupação com os pobres...” (Ione Buyst).
Neste domingo, celebramos a manifestação de Deus em Jesus, em Caná da Galileia, no contexto de um casamento e aí Jesus realiza o seu primeiro sinal.
O casamento em Caná é o primeiro dos sete sinais, escolhidos pelo evangelista para revelar Jesus como o Messias e Filho de Deus. É o início da manifestação da glória de Cristo que se plenificará, através de sua entrega na cruz. A água, transformada em vinho, é sinal da vida nova, do vinho novo da salvação, que o Senhor oferece de forma abundante como esposo da humanidade.
Os discípulos expressam sua adesão a Jesus, através do acolhimento aos sinais de amor e de salvação. O Senhor permanece fiel à aliança e nos cumula de dons para que possamos colocá-los a serviço da edificação da comunidade, criando relações fraternas. Por meio da fé em Jesus Cristo, formamos um só corpo, no mesmo Espírito.
Maria é modelo de fidelidade à aliança, ao plano de amor de Deus, revelado em Cristo. Com solicitude maternal, ela percebe que “eles não têm mais vinho”. Sua atitude nos ensina a sermos pessoas sensíveis e comprometidas com as necessidades dos irmãos e das irmãs. Maria não cessa de interceder junto ao Filho para que a humanidade alcance a vida em plenitude.
O encontro com Cristo proporciona experimentar o melhor vinho que salva e dá sentido à nossa festa. Como verdadeiro esposo, Jesus está sempre presente para oferecer o vinho novo, sinal de seu amor e de sua ação libertadora. Somos chamados a distribuir o vinho que o Senhor nos oferece, entre os convidados, para a grande festa da vida. O nosso anúncio deve irradiar a alegria da festa, do banquete do Reino.
As Bodas continuam e somos também convidados... Quando a relação com Deus se resume num jogo complicado de ritos externos, de regras e de obrigações que é preciso cumprir, a religião torna-se um pesadelo insuportável que tiraniza e oprime.
Jesus veio nos revelar Deus como um Pai bondoso e terno, que fica feliz quando pode amar os seus filhos. É esse o "vinho" que Jesus veio trazer para alegrar a "aliança": o "vinho" do amor de Deus, que produz alegria e que nos leva à festa do encontro com o Pai e com os irmãos.
A nossa "religião" deve ser um encontro com o Jesus, que nos dá o vinho do amor. Deve nos levar a fazer tudo o que Jesus nos ensinou, a vontade do Pai.
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